Pais e amigos não superaram meu término, eu sim: como lidar com saia justa?
Depois de quase três meses do término do namoro entre a engenheira química Fernanda* e seu ex, ele permanecia no grupo do WhatsApp da família dela. A parceria de seis anos terminou, e os dois tiveram que enfrentar a verdade de que superar um relacionamento é sempre difícil. O que fazer, então, quando familiares e amigos tomam o papel de "inimigos do fim" (e, às vezes, sofrem mais do que o ex-casal) e tentam manter a proximidade com o ex-genro, ex-cunhado, como era antes?
Conversamos com a psicóloga especializada em casais e família Marcia Berman Neumann para entender como as expectativas das pessoas que vivem em volta do ex-casal podem comprometer a vontade de seguir em frente dos dois; e como abordar os parentes (e o próprio ex) nessa saia justa, sem se magoar ou magoar os outros.
Eles não superaram o término, eu sim
O relacionamento de Fernanda e seu ex-parceiro, como ela conta, foi muito bem aceito pela família dela desde o início do namoro. "Logo cedo, teve apego e aceitação, as famílias se conheceram, nossos pais tinham idades parecidas e se tornaram amigos", comenta.
A amizade entre sogra e (ex) genro também se fortaleceu, inclusive com ele pedindo dicas para o relacionamento. "Quando brigávamos, ele mandava mensagem para minha mãe e ela recomendava que fossemos viajar. Na verdade, ela ficou muito tempo tentando salvar o nosso relacionamento. Eu ficava muito brava e acaba falando com ele que ela não tinha que se meter".
Depois do término, além de ele se manter no grupo da família do WhatsApp, ele ligava aos finais de semana para os avós da engenheira química, para saber como eles estavam. "Tive que pedir para parar, porque, para eles, a ficha demorou para cair. Ter ficado no grupo também me incomodava, achava que ele deveria ter tido 'simancol'".
Como sair da saia justa?
A psicóloga Marcia Neumann explica que, nesses casos, conversar com os familiares antes de fazer uma cobrança mais direta ao ex é uma opção mais segura emocionalmente, a fim de evitar conflitos entre o ex-casal. "A pessoa não pode esconder da família que terminar foi uma escolha. Apesar do impacto que os parentes podem sofrer e das expectativas que eles tinham, o que conta é a felicidade do par".
Para os familiares e amigos, a orientação é aceitar o estranhamento de não ser mais tão próximo a outra pessoa. Cabe, assim, o respeito a novas formas de relação que podem surgir depois do término.
"Se alguma coisa incomodar, a pessoa deve falar primeiro com o núcleo familiar. É sempre melhor evitar conflitos entre o ex-casal, porque terminar uma relação nunca é fácil. Além disso, as pessoas estão reconstruindo novos limites, estão criando um recomeço", explica.
Para Marcia, quanto mais se falar sobre como se sente com a situação de amizade ou proximidade do núcleo familiar com o ex, melhor. "Se perturba o bem-estar dela, é preciso deixar os outros saberem sobre isso. E falar sem ser agressivo com eles, que, geralmente, são os que estarão dando suporte nesse momento. Assim, o ex-parceiro pode acabar até percebendo um afastamento e que está deixando de participar de algumas coisas".
*Nome trocado a pedido da entrevistada
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