O que fazer depois de perder a cabeça com os filhos em casa?
Em qualquer livro, texto ou vídeo sobre maternidade a recomendação é uma só: não se exaltar diante das crianças e evitar elevar o tom de voz ao falar com elas. Mas, na prática, nem sempre os pais conseguem acertar e seguir a orientação à risca. Vira e mexe, depois de um dia estressante ou de uma desobediência constante das crianças, os mais velhos explodem em casa, deixando transparecer a raiva na frente dos filhos.
E como agir depois de sair dos limites? O certo é pedir desculpas ou esperar até que os ânimos se acalmem e fingir que nada aconteceu? A seguir, especialistas dão suas opiniões.
Entenda os sentimentos
"Depois de um momento de ira, o mais comum é que a criança não compreenda os motivos dos pais. Por isso, podem sentir tristeza, medo e raiva", explica Andréa Ladislau, especialista em psicopedagogia e doutora em psicanálise. Dependendo da gravidade do episódio, a criança pode até se esquivar por um tempo dos adultos, por medo de ser reprimida.
"Xingamentos ou palavrões, por exemplo, podem deixar os pequenos com baixa autoestima, acreditando que nada do que fazem é correto e por isso seus pais estão tão bravos", complementa Cecilia Rosa Melo Tavares, psicóloga da Cia. da Consulta. Por isso, na visão das especialistas, não adianta seguir a vida como se nada tivesse acontecido.
Humildade para admitir que errou
Na visão de Cecilia, vale a pena explicar para a criança que o excesso aconteceu porque estava se sentindo cansada e estressada. "Muitos têm medo de perder a autoridade agindo dessa forma, mas no fundo isso só mostra aos filhos o quanto nós também somos humanos", opina.
"Reconhecer que falhou e ultrapassou os limites mostra para os pequenos que as situações críticas da vida podem ser resolvidas de maneira coerente", ressalta Andréa. A indicação é ter uma conversa ou até se afastar da briga por um momento para se acalmar antes de resolver a situação.
Lembre-se de que a maneira como os conflitos são resolvidos no espaço doméstico servem de referência para o futuro e pode influenciar na maneira como seus filhos lidarão com situações parecidas na adolescência e vida adulta. "Por isso carinho, amor, diálogo, olho no olho e sinceridade são a melhor forma de controlar o susto da criança", aponta a psicanalista.
Origem da culpa
Diante da situação, há quem sinta culpa. "Algumas mães sentem que carregam o mundo nas costas. A culpa, nesse caso, vem porque elas sabem que só extrapolaram os limites porque, no fundo, estão com o emocional abalado", ressalta Andréa. Tudo isso está ligado ao acúmulo de funções e cobranças na rotina que envolve a maternidade.
Por isso, para evitar que situações como esta virem rotina dentro de casa, a indicação de Cecilia é buscar o autoconhecimento, entendendo quais situações podem tirá-los do sério e como driblá-las. "Na hora da raiva, é importante desenvolver empatia. Validar o que a criança sente não significa concordar com o que ela fez. Por exemplo, se ela deu um escândalo em uma loja porque queria um brinquedo, podemos abaixar e dizer que entendemos o motivo da sua tristeza, mas enfatizando que hoje não será possível fazer a compra", exemplifica.
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