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Ao responder a assédio, Ana Cañas expõe "macho escroto" e fala de violência

A cantora Ana Cañas - Reprodução/Instagram
A cantora Ana Cañas Imagem: Reprodução/Instagram

De Universa

27/10/2019 16h17

A cantora Ana Cañas — que recentemente fez uma tatuagem com o símbolo feminista — compartilhou em seu Instagram uma frase de assédio que recebeu nos Stories da rede social com um propósito didático. Aos 214 mil seguidores, a artista escreveu sobre a cultura do estupro e como assediar e abusar de mulheres, física ou emocionalmente, faz parte dessa lógica permanentemente reproduzida em sociedade.

No post, Ana Cañas mostra que um homem respondeu "Enfiava com vontade", seguido de um emoji, a uma foto dela publicada no Instagram. Ela usou o episódio para dizer que com frequência a mulher que é vítima do estupro, do abuso sexual ou do assédio é questionada sobre o tipo de roupa que usava — como se esse fosse um elemento que a culpabiliza.

"Eu estava vestida com uma camiseta e um shorts e nenhuma parte do meu corpo estava à mostra. O agressor sempre justifica o assédio e a violência pela roupa que usamos. O famoso 'ah, você sabe, é o instinto masculino' (quem nunca ouviu essa frase? eu mesma a ouvi ontem). Acontece que nós somos SEMPRE a vítima", pontua. "Eles nunca aprendem a 'desobjetificar' e a respeitar mulheres".

Denúncia do perfil do "macho escroto"

A cantora explicou que uma das formas de mudar a cultura do estupro — que também se desdobra em feminicídio, violência doméstica, entre outras opressões sofridas por mulheres — é expor os agressores. "Denunciei o perfil do macho escroto e o exponho aqui para que esse assunto seja debatido pois somos vítimas de violência diária, em todos os espaços e classes sociais (lembrando sempre da intersecção onde mulheres trans ou negras sofrem violência ainda maiores)".

Leia o texto completo:

cultura do estupro: a idéia de que homens podem violentar, estuprar, assediar ou abusar de mulheres sexualmente - fisica ou psicologicamente. existe um silêncio (tabu) em torno dessa cultura e a idéia de que mulheres "causam" a violência que sofrem, culpabilizando a própria vítima - pela forma como se vestem ou se comportam. a cultura patriarcal fomenta a idéia de pertencimento dos corpos femininos (propriedade) e a objetificação criada, especialmente, pela cultura da pornografia - onde mulheres são destituídas de cognição, subjetividade, pensamento, articulação, humanidade e tratadas como bonecas infláveis, chancelam de forma atroz essas violências. a dominação dos espaços - públicos e privados, para manutenção de privilégios e poderes também cerceia a liberdade e constituição dos direitos da mulher como ser humano. recebi essa mensagem no inbox como resposta de um stories onde havia escrito >>> "amor amor amor amor amor". eu estava vestida com uma camiseta e um shorts e nenhuma parte do meu corpo estava à mostra - o agressor sempre justifica o assédio e a violência pela roupa que usamos. o famoso "ah, você sabe, é o instinto masculino" (quem nunca ouviu essa frase? eu mesma a ouvi ontem). acontece que nós somos SEMPRE a vítima. eles nunca aprendem a desobjetificar e a respeitar mulheres. denunciei o perfil do macho escroto e o exponho aqui para que esse assunto seja debatido pois somos vítimas de violência diária, em todos os espaços e classes sociais (lembrando sempre da intersecção onde mulheres trans ou negras sofrem violência ainda maiores). uma das ferramentas mais eficientes para uma mudança dentro dessa cultura é romper o silêncio e expôr o agressor - eu já o denunciei. enquanto vivermos numa sociedade que estupra mulheres (um artifício político e social para além da questão sexual), onde homens brancos e héteros ocupam quase todas as posições de decisão e poder, em todas as esferas sociais - incluindo legislativo, executivo e judiciário, dificilmente haverá mudança. seguimos fortes e juntas na luta, compartilhando informações, se ajudando e respondendo publicamente à toda violência praticada contra qualquer MULHER.

Uma publicação compartilhada por Ana Cañas (@ana_canas) em

"Cultura do estupro: a ideia de que homens podem violentar, estuprar, assediar ou abusar de mulheres sexualmente - física ou psicologicamente.

Existe um silêncio (tabu) em torno dessa cultura e a ideia de que mulheres "causam" a violência que sofrem, culpabilizando a própria vítima - pela forma como se vestem ou se comportam.

A cultura patriarcal fomenta a ideia de pertencimento dos corpos femininos (propriedade) e a objetificação criada, especialmente, pela cultura da pornografia - onde mulheres são destituídas de cognição, subjetividade, pensamento, articulação, humanidade e tratadas como bonecas infláveis, chancelam de forma atroz essas violências.

A dominação dos espaços - públicos e privados, para manutenção de privilégios e poderes também cerceia a liberdade e constituição dos direitos da mulher como ser humano.

Recebi essa mensagem no inbox como resposta de um stories onde havia escrito >>> 'amor amor amor amor amor'.

Eu estava vestida com uma camiseta e um shorts e nenhuma parte do meu corpo estava à mostra - o agressor sempre justifica o assédio e a violência pela roupa que usamos.

O famoso "ah, você sabe, é o instinto masculino" (quem nunca ouviu essa frase? eu mesma a ouvi ontem). Acontece que nós somos SEMPRE a vítima. Eles nunca aprendem a 'desobjetificar' e a respeitar mulheres.

Denunciei o perfil do macho escroto e o exponho aqui para que esse assunto seja debatido pois somos vítimas de violência diária, em todos os espaços e classes sociais (lembrando sempre da intersecção onde mulheres trans ou negras sofrem violência ainda maiores).
uma das ferramentas mais eficientes para uma mudança dentro dessa cultura é romper o silêncio e expôr o agressor - eu já o denunciei.

Enquanto vivermos numa sociedade que estupra mulheres (um artifício político e social para além da questão sexual), onde homens brancos e héteros ocupam quase todas as posições de decisão e poder, em todas as esferas sociais - incluindo legislativo, executivo e judiciário, dificilmente haverá mudança.

Seguimos fortes e juntas na luta, compartilhando informações, se ajudando e respondendo publicamente à toda violência praticada contra qualquer MULHER".