Suspeito de matar Rachel Genofre buscava pornografia infantil na internet
O laudo pericial do notebook apreendido com Carlos Eduardo dos Santos, 54, suspeito de matar a menina Rachel Genofre, em 2008, revelou que ele fazia buscas por pornografia infantil na internet, segundo informações divulgadas hoje pela Polícia Civil do Paraná.
De acordo com o documento, o computador continha o registro de atividades de busca por vídeos e conteúdos como "sexo com aluna", "orgia na escola" e "sexo com filho". Todos os termos remetem à prática sexual com ou entre crianças e adolescentes.
Para chegar a esse resultado, diz o laudo, "foram realizadas buscas por palavras-chave usualmente relacionadas à pornografia infantil (...), tendo sido encontrados fragmentos de páginas da internet dentro do arquivo de paginação de memória virtual 'pagefile.sys' de conteúdo suspeito".
Segundo a Polícia Civil, não havia nenhum documento ou mídia (fotos e vídeos) de conteúdo pornográfico armazenado no aparelho.
A perícia foi solicitada no decorrer das investigações. Algumas ex-companheiras de Santos com quem a polícia conversou relataram que ele mantinha esse notebook sempre em uma mochila, longe do alcance de outras pessoas. O excesso de cuidado com o aparelho levantou suspeitas delas e quando a equipe responsável começou a investigar o caso.
Rachel, então com 9 anos, desapareceu em 3 de novembro de 2008. Seu corpo foi encontrado dois dias depois dentro de uma mala, na rodoferroviária de Curitiba. 11 anos depois, em setembro deste ano, a polícia finalmente identificou o principal suspeito por meio de um banco de DNA mantido pelo Ministério da Justiça.
Depoimentos
Também nesta segunda-feira, a Polícia Civil divulgou o conteúdo dos dois depoimentos prestados por Santos desde que seu material genético foi identificado. Ele estava preso por outros crimes em Sorocaba, interior de São Paulo, condenado a 22 anos de reclusão.
Depois de ouvi-lo pela primeira vez, os investigadores começaram a realizar diligências para comprovar os fatos narrados por ele. Mas algumas divergências entre o que ele relatara e as evidências colhidas fizeram com que ele precisasse ser interrogado novamente.
A delegada Camila Cecconello, que está entre os profissionais que conduzem o caso, destacou, por exemplo, que o local do crime não seria, de fato, a pensão inicialmente indicada por Santos. Ela explicou que, segundo os registros da própria pensão, ele teria se hospedado ali até setembro de 2008. O crime ocorreu em novembro.
Durante os depoimentos, o suspeito deu alguns detalhes a respeito do crime. Ele disse que viu Rachel de uniforme e mochila, pegando o ônibus na Praça Rui Barbosa, no centro de Curitiba, um dia antes de abordá-la. Santos também relatou que disse à menina que trabalhava em um programa de TV e que ela inicialmente resistiu a acompanhá-lo porque dizia que precisava avisar seus pais.
"Ele diz que vai de ônibus até a residência em que ele mora. Ele passou algumas coordenadas pra gente e nossas equipes estão tentando identificar essa residência", afirmou a delegada.
Santos confessou tanto o assassinato quanto a violência sexual contra Rachel. "No primeiro interrogatório ele se mostrou muito tranquilo. Ele até tentava falar de arrependimento, mas se mostrou bastante frio durante todo o primeiro interrogatório", disse Camila.
A delegada relatou que, no segundo depoimento, quando confrontado com algumas informações que a polícia levantou nas diligências, ele demonstrou alguma agressividade, mas "sempre relatando o crime não de uma forma que pudesse passar a sensação de que ele estava se sentindo culpado".
Segundo levantamento da Polícia Civil, o suspeito vinha comentando crimes desde 1985. De lá até 2016, quando ele foi preso, foram diversas passagens pela polícia por delitos como estupro de menores, estelionato, roubo, entre outros. Alguns desses crimes foram desclassificados, de outros ele foi absolvido e, em pelo menos um dos casos, ele chegou a ser condenado.
A reportagem tenta contato com a defesa de Carlos Eduardo dos Santos.
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