Irmã de adolescente que fez apelo por WhatsApp também aponta suposto abuso
A irmã da adolescente de 13 anos que afirma ter sido estuprada pelo próprio pai em São Vicente, no litoral sul de São Paulo, disse para Universa que também sofreu abuso sexual na infância, pelo mesmo homem.
O abuso teria ocorrido quando Mila, que atualmente está com 21 anos, morava com sua mãe e seu padrasto em São Vicente. Segundo Mila, o homem começou a molestá-la quando ela tinha cinco anos de idade. O nome completo da irmã e a identificação da vítima e do suspeito foram preservados pela reportagem.
"Ele passava a mão quando achava que eu estava dormindo. Eu lembro como se fosse ontem. Lembro da minha mãe falando pra eu ficar quieta e não gritar."
Na época, Mila contou para sua avó o que estava acontecendo, e foi morar com ela. Porém, aos 12 anos, voltou a morar com a mãe e o padrasto. Nesse período, segundo ela, não houve mais abusos. "A nossa convivência nunca foi boa, eu tinha raiva dele, eu tinha nojo dele, a gente vivia brigando, mas o tempo foi passando e eu realmente imaginei que ele não ia fazer mais nada", afirmou. "Mesmo assim, eu falava bem pouco com ele."
Ela chegou a tentar sair de casa algumas vezes. Da última vez, já com 18 anos, alugou uma casa ao lado do padrasto e da mãe, que na época ainda morava com o marido e os três filhos. A mãe foi embora de casa há pouco mais de dois anos e, desde então, não procurou mais a família.
Há cerca de um ano, Mila se mudou com o marido e os seus dois filhos para São José do Rio Preto, no interior de São Paulo.
Acompanhamento psicológico
Atualmente, os três irmãos estão morando com a irmã mais velha, Mila, em São José do Rio Preto. A adolescente de 13 anos está sendo acompanhada por um psicólogo. Segundo Mila, ela tem se esforçado para ter uma rotina normal, embora já tenha tido depressão anteriormente. O suspeito está foragido e a polícia afirmou que ele é investigado por estupro de vulnerável.
"Ela está interagindo bem na escola. Está fazendo amizades e se sente bem mais segura aqui. Ela sabe que pode dormir tranquila que nada vai acontecer com ela no meio da noite", conta a irmã.
Porém, de acordo com a avaliação psicológica, a adolescente vai precisar de acompanhamento por período indeterminado. "Ela é uma criança que sofre em silêncio, é bem fechada, a gente não sabe o que ela pode fazer hoje ou amanhã. É uma coisa assim que não sai - você pode ser acompanhada por psicólogo a vida toda, mas é uma coisa que entristece", diz.
Embora Mila tenha tido um relacionamento difícil com o padrasto, com os irmãos foi diferente, segundo ela. O homem, de 47 anos, não é o pai biológico deles, mas foi a única referência de pai que eles tiveram, segundo ela.
"Ele viu todos nascerem e conviveu com eles. Ela o chamava de pai, é uma coisa mais marcante ainda, mas eu nunca imaginei que ele chegaria a esse ponto com a minha irmã", lamenta.
Procurada, a Delegacia de Defesa da Mulher de São José do Rio Preto não havia retornado o contato até a publicação da reportagem. A Secretaria de Segurança Pública informou, ontem, por meio de nota, que "o homem é investigado por estupro de vulnerável e as investigações seguem para esclarecer o caso".
Relembre o caso
Uma adolescente de 13 anos procurou ajuda da irmã mais velha e contou pelo WhatsApp que estaria sendo estuprada pelo próprio pai, na casa onde morava com ele e mais dois irmãos, em São Vicente.
A denúncia foi feita por Mila, que viajou até São Vicente para buscar a irmã. Ela afirmou que recebeu mensagens pelo WhatsApp da adolescente em 17 de setembro. Nas mensagens, a jovem dizia que estava sofrendo os abusos havia anos.
"Hoje umas 3 e pouco acordei com ele em cima de mim e meu shorts para baixo e minha calcinha também. Ele já fez sexo comigo umas quatro vezes", relatou a adolescente na mensagem.
Na troca de mensagens com a irmã, a vítima aparentava estar desesperada com a situação. "Tu é minha única salvação, por favor me ajuda. Não quero voltar a me cortar e nem ficar com depressão. Se tu quiser pego dinheiro e ajudo pagar o aluguel, mas por favor, me tira daqui", escreveu na ocasião.
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