Zélia Duncan critica discurso de ódio contra gays: "Ser diferente incomoda"
A cantora Zélia Duncan criticou a propagação de discursos de ódio contra gays e defendeu que o papel de um governo é "proteger" os cidadãos e não "deixar todo mundo na clandestinidade". Ela citou especificamente a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, e criticou sua abordagem aos homossexuais.
Em entrevista ao jornal "O Estado de S. Paulo", a cantora falou sobre como sua família foi fundamental para o início de sua carreira e na aceitação de sua sexualidade. Ela contou que a questão envolvendo sua sexualidade surgiu no mesmo ano em que começou a cantar, em 1981.
"Demorei muito a me sentir à vontade. Muito. Mesmo depois de eu ter estourado com minhas gravações, não falava tranquilamente sobre isso. Hoje é muito tranquilo e até importante falar que eu sou gay", disse.
Segundo ela, um dos maiores riscos que uma mulher gay enfrenta é a sua invisibilidade. "Por que somos invisíveis? Aprendi, com as meninas mais jovens, que, quando nos tornamos invisíveis para os outros, normalizamos essa questão. E isso não pode".
A cantora comentou sobre o atual cenário vivido pela comunidade gay. De acordo com ela, os primeiros discursos de ódio no atual cenário foram dirigidos aos gays.
"Essa ministra? Damares, inventa coisas. Do nada ela começa a falar dos homossexuais. Eles estão querendo trazer à tona aquela velha máxima, horrorosa, de que o gay é doente. Se você olhar na história dos séculos, sempre foi assim. Por quê? O ódio é sempre direcionado a quem parece diferente. O diferente mostra o quão misterioso é o ser humano, né?".
Quando questionada sobre como um governo deveria agir em favor da tolerância ela aponta a criação de lei como opção. "Eles querem tirar coisas que nós já conquistamos. O que eles querem é deixar todo mundo na clandestinidade, porque aí a gente pode ser atacado. O que o governo deveria fazer com os seus cidadãos? Protegê-los. Somos todos iguais. Você não pode olhar pra uma pessoa diferente de você e achar que ela não merece viver. Com que direito? Como é que alguém luta contra uma lei que combate a homofobia? Por quê?".
Para ela, a educação das crianças também é um caminho contra a intolerância. "Primeiro, temos que educar nossas crianças. Elas são a esperança. Eu tive duas amigas gays que tiveram gêmeos meninos. Eu disse para elas: 'Vamos fazer dois caras legais aí hein?' Dizer para o menino que as meninas têm direitos e dizer para elas terem orgulho de serem quem são. Gente, pelo amor de Deus, esse negócio de homem não chorar, passamos já por isso. A coisa começa na linguagem".
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