"Meu ex, que me agredia, matou meu namorado. Ele está solto, e eu com medo"
A pernambucana Silene, 29, apanhou por sete anos do então namorado, com quem vivia em Salto de Pirapora (SP). Separou-se dele, começou um novo relacionamento há seis meses, mas continuou sendo perseguida pelo ex. Há duas semanas, conta, o ex invadiu a sua casa e agrediu o novo companheiro com socos e pauladas. Ele não resistiu aos ferimentos. Hoje, Silene vive na casa de amigos —e com medo. O suspeito já se apresentou à polícia e aguarda decisão da Justiça.
A operadora de máquinas conta que saiu de Arcoverde (PE) há oito anos em busca de melhores oportunidades. Quatro meses depois de conseguir juntar dinheiro, pagou a passagem do então namorado, o açougueiro Gil Orlando Alves da Silva, 26, para os dois morarem juntos no interior de São Paulo.
Silene diz que o namorado era alcoólatra, violento e a traía, mas que acreditava numa mudança de comportamento. E sempre o perdoava após um desentendimento.
"Achava que precisava dele e me sentia culpada pelas coisas que ele fazia comigo. Tinha dia em que uma palavra dele doía mais do que um tapa porque era muita humilhação. Mas não contava para ninguém porque tinha vergonha. Preferi aguentar em nome do sonho de um casamento perfeito, de uma vida melhor."
Tentativa de recomeço
Ao perceber que começou a faltar dinheiro em casa, Silene se deu conta de que estava bancando o casal sozinha e que não precisava do companheiro como achava. Pediu que ele deixasse a casa e levou um tapa. "Naquele dia, fui à delegacia fazer queixa contra ele, mas era um domingo e ela estava fechada."
O homem acabou indo embora e Silene começou a namorar Vinicius Carvalho, 26, um mês depois, em março deste ano. Ela diz que se sentiu segura para contar ao novo companheiro sobre as agressões que sofria e que ele prometeu protegê-la.
O crime
Num sábado, dia 26 de outubro, Silene afirma que saiu para comprar um remédio e deparou com o ex na rua. Ele teria insistido em comprar o medicamento, mas ela não aceitou. Horas depois, o homem invadiu a sua casa e teria, segundo ela, ido direto para cima do casal.
"Eu pedia por socorro, mas não ouviram ou não se importaram. Eu peguei um pedaço de pau que o Vinicius me deu para me proteger e tentei acertar o Gil. Ele tirou a madeira de mim e agrediu meu namorado. Tentei defendê-lo, mas não adiantou", diz Silene.
"Foram muitos socos na cabeça. Também fiquei ferida. Quando ele viu que o Vinicius ficou desacordado, fugiu. Ainda levei meu namorado para o hospital, mas ele acabou partindo. Era uma pessoa maravilhosa."
Vinicius morreu na manhã de terça-feira (29). Neste mesmo dia, de acordo com informações da delegacia de polícia de Salto de Pirapora, Gil prestou depoimento na unidade. Em sua defesa, disse que sempre manteve contato com a ex e que, no dia do crime, ela é quem lhe teria pedido para comprar um remédio. Ao tentar entregar o medicamento na casa da ex, o namorado de Silene não teria gostado da sua presença no local e os dois brigaram. Gil teria dito ainda que, quando viu Vinicius desacordado, foi embora do local, assustado.
O homem não foi preso porque não houve flagrante. Ele foi indiciado por tentativa de homicídio, e o pedido de prisão preventiva está sendo analisado por um juiz.
Só sei que ele está solto e eu, escondida. Nem no velório eu fui, com medo. Mas preciso seguir minha vida. Tenho um filho de 8 anos, de outro relacionamento, e quero tirá-lo de Pernambuco também.
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