Rabaterapia: fomos a uma aula de dança para exercitar rebolado e autoestima
"Eu faço terapia, de linha esquizoánalise, há pouco mais de um ano. E me formei em balé clássico e moderno depois de mais de 20 anos rodopiando em ensaios exaustivos e algumas apresentações em palcos. Mas rebolar é uma coisa recente. Depois dos 20 e poucos anos, troquei o rigor dos exercícios na barra, os cambrés e os pliés, por mexer o corpo no ritmo de Beyoncé, Pablo Vittar, MC Pocah e Backstreet Boys. Encontrei a 'Rabaterapia'.
Sei o quanto a consciência corporal — adquirida desde meus 5 anos, quando entrei no balé — e a capacidade de fingir que é uma dançarina da Ludmilla faz a gente se sentir bem. Liberdade de ser eu mesma misturada com autoestima na cabeça do Cristo Redentor.
Por isso, depois de algumas aulas na Boate Class, em São Paulo (SP), com a professora Isadora Zendron, não só topei contar minhas impressões nesta matéria para Universa, como chamei minha dupla aqui na Redação, Ana Bardella, para encarar uma aula 'Pra se soltar'.
Eu e Ana comparecemos a uma sessão de 'Rabaterapia', termo criado por Isadora, e que tem tudo a ver com as mulheres que estamos nos tornando: as que perderam o medo de errar, assumem com mais tranquilidade seus próprios corpos e celebram, de verdade, o fato de nos sentirmos abertas para rebolar sem se preocupar com o julgamento dos outros".
'Everybody, rock your body'
"Escolhemos uma aula em que Isadora nos ensinaria a dançar 'Everybody', dos Backstreet Boys. Eu nunca fui fã da boy band. Confesso que acabei de assistir ao videoclipe da música pela primeira vez para escrever este texto e só agora entendi que as mãozinhas de "zumbi" que Isa nos ensinou na coreografia fazem sentido. A coreografia era mais ou menos fácil.
Foquei, então, em encarnar a 'Marra sensual' que lembrava que eles tinham, especialmente na parte 'yeah, yeah', que antecede o refrão.
Também achei muito divertido ver 20 meninas de frente para um espelho como se fossemos um pelotão de dançarinas que ensaiavam para um remake do videoclipe.
A forma como a gente olha para o espelho, aliás, é despretensiosa. É daí que vem a liberdade para errar um passinho ou outro e seguir em frente. Por isso, a 'rabaterapia', que não substitui a psicoterapia ou qualquer outra linha de atendimento, é um exercício de autoestima tão poderoso."
Nathália Geraldo, repórter de Universa
Errou? Faz carão e segue o baile
"Há pelo menos dez anos eu não entrava em uma sala daquelas, cheia de espelhos. Fiz parte de um grupo de dança quando era pré-adolescente e depois disso só dancei no meu próprio quarto ou na balada. Talvez por isso tenha sentido um friozinho na barriga quando vi tanta gente reunida para a aula.
Enquanto observava a professora fazendo a coreografia, pensei que não fosse conseguir acompanhar. No fim, não fiquei tão perdida assim. Apesar de ter dificuldade com alguns movimentos, me diverti bastante.
Lembrei que, quando era mais nova, me preocupava em reproduzir os passos todos certos. Tinha medo de errar e alguém perceber. Naquela aula, segui o conselho da nossa instrutora animada:
Se errar, faz carão e finge que nada aconteceu.
Vale pra dança, vale pra vida. Se a gente não pega o ritmo no começo, tenta se acertar depois. O importante é levar tudo de um jeito leve e aproveitar o momento".
Ana Bardella, repórter de Universa
Fala, professora
"Criei a aula de rabaterapia com exercícios para soltar o quadril. A rebolada é quase sempre colocada para apenas um corpo, magro ou musculoso, e muito sexualizada, e não é só isso".
O Brasil é um país rebolativo, todas as nossas bases de dança são no quadril.
"A aula é para se soltar e se gostar dançando", explica a professora Isadora Zendron, que nos guia pela "terapia da rebolada" em todas as aulas.
"O DNA da Boate Class é abrir portas para a gente se permitir dançar com o que a gente é. Não precisa ter um corpo certo. É para ser feliz, rir da gente dançando, não se levar tão a sério. Eu dou aulas com técnica, claro, mas ela pode ser 'burlada'. Acho que é isso que faz a aula ser tão divertida para as pessoas, porque você vai só ser feliz".
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