Motorista de Uber interrompe corrida e salva mulher de agressão na rua
Resumo da notícia
- A motorista de aplicativo Edileuza Silva viu, durante uma corrida, uma mulher sendo espancada na rua
- Edileuza parou o carro, interrompeu a agressão e levou a mulher para fazer atendimento médico e registro de ocorrência
- A moça resgatada tem autismo e ainda está sendo amparada por Edileuza
Quando a professora e motorista de aplicativo Edileuza Silva, 51, se encaminhava para uma corrida, por volta de 21h de domingo (10), não imaginava a cena que poderia encontrar pelas ruas de Santana, na região metropolitana de Macapá. Em uma delas, viu uma jovem sendo brutalmente agredida por um homem.
Em um primeiro momento, apenas parou o carro e observou a cena. Mas, quando o homem colocou a mão na cintura e retirou um objeto semelhante a uma faca, não pensou duas vezes e decidiu salvar a mulher.
"Parei no semáforo vermelho, olhei para o lado e vi a cena. Não tinha mais ninguém na rua para pedir ajuda. Quando ela caiu, o homem ficou em cima dela dando socos", conta Edileuza.
"Nesse momento, não tinha como saber se era marido ou assaltante. Vi algo na mão dele, acelerei e joguei o carro para cima."
Pela janela, Edileuza chamou o homem de covarde e disse que procurasse alguém do tamanho dele. O homem fugiu.
"Não tive medo nem pensei em nada naquele momento. Me chamam de doida, mas não poderia deixar uma mulher morrer."
Socorro médico e legal
A ajuda da motorista de Uber, que divide o tempo entre a atividade, as aulas como professora da rede pública e os cuidados com o irmão portador de necessidades especiais, não cessou quando ela interrompeu a agressão. Edileuza levou a vítima ao Hospital Regional de Santana e ficou ao lado dela até que encontrassem algum paradeiro da família da vítima. Nesse período, deu abrigo, levou-a para registrar a ocorrência e comprou remédios.
Segundo Edileuza, funcionários do hospital fotografaram a mulher e espalharam a imagem em redes sociais em busca dos familiares da vítima. A publicação chegou a uma irmã, a empregada doméstica Lindaci Cardoso, de 35 anos.
Em conversa com a familiar da vítima, Edileuza se comoveu com a história ao saber que a jovem, Alziane Cardoso, de 25 anos, é portadora de autismo e que passa por momentos de instabilidade emocional depois que a mãe a deixou para morar com um companheiro.
Alziane contou à motorista que o agressor era seu ex-namorado, com quem vivia há um ano. O término do namoro teria sido o motivo para que ele a agredisse naquele dia.
O caso foi registrado na Delegacia de Crimes Contra Mulher (DCCM) de Santana na segunda-feira (11). A prisão do suspeito, que confirmou as agressões à polícia, ocorreu no mesmo dia.
"Tenho que fazer algo por ela"
Antes de ir morar na casa do namorado, Alziane vivia com a avó e dois irmãos em Santana. A família vive apenas com um benefício da aposentadoria da idosa, de um salário mínimo.
A história comoveu Edileuza, que pretende abrigar a jovem em sua casa. "Eu não vou largar essa mulher porque eu também tenho um irmão especial de quem estou cuidando desde que meus pais faleceram. Não poderia deixar alguém matar uma mulher. No dia seguinte, eu poderia ver essa notícia e teria o peso de ter perdido a chance de ajudá-la. Eu tenho que fazer algo por ela."
Edileuza ainda descobriu que foi professora da irmã da vítima no ensino fundamental.
"Minha irmã tem problema de bipolaridade e autismo. Nossa mãe nunca se interessou em procurar tratamento", diz Lindaci. "Achei linda a atitude de Edileuza de ajudar minha irmã. Ela foi um anjo."
"Nossa vida é complicada"
A irmã diz que a jovem nunca contou do namoro para os parentes. A família desconfiava de um relacionamento, mas Alziane sempre negou.
Não é a primeira vez em que a família enfrenta casos de agressão. Lindaci conta que tem medida protetiva contra o ex-marido, com quem viveu por oito anos.
"Me separei de meu primeiro marido porque ele me batia muito. Saí de casa e consegui uma medida protetiva. Quando vi minha irmã toda machucada, fiquei muito chocada e impotente por não poder fazer nada."
Lindaci diz não considerar um problema que Edileuza cuide da irmã, já que, segundo ela, a família não tem condições de cuidar. "Nossa vida é complicada", diz.
Edileuza já assumiu o compromisso: "Vou ajudar essa jovem o quanto puder".
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