Pessoas negras têm dificuldade para aceitar termo "preto", diz estudo
A população negra ainda tem dificuldade para se reconhecer como "preto", terminologia usada por institutos como IBGE.
De acordo com uma pesquisa lançada nesta segunda (18) pelo Google, 69% de 1.225 pessoas negras e pardas se declararam como pardas quando perguntadas sobre a qual cor se declararam. Apenas 31% se identificaram como pretos. Quando perguntados se eram negros, pretos ou pardos, o número mudou: 46% se declarou como negro. Já 26% dos que anteriormente se declararam como pardos passaram a se identificar como negros.
Uma das justificativas é a de que o termo preto ainda remete a uma herança na qual as raças foram definidas de 'cima para baixo' e criaram um ruído para o termo ser identificado pela população negra.
Do total dos que se autodeclararam como negros, 74% afirmaram que sempre souberam que eram negros e 17% entendiam-se como pardos e só mais tarde entenderam-se como negros.
"Nem todos os pardos se entendem como negros. A confusão do IBGE deixa as pessoas ainda mais confusas", explica Joyce Prestes, uma das pesquisadoras do Google.
As conclusões são parte de um estudo do Google realizado pelo Datafolha e MINDSET-WGSN para a semana da Consciência Negra, data celebrada no dia 20 de novembro.
Mais pobres são mais ativistas
O ativismo negro é mais praticado e importante aos mais pobres. O dado foi visto com surpresa pelos pesquisadores. "O ativismo negro não é só visto como um assunto acadêmico", diz Joyce.
Mais de 60% das classes D e E se consideraram como ativistas do movimento negro, contra 31% das classes A e B. A pesquisa agrupou classes que tiveram comportamento semelhante entre si, o que excluiu a C. Para 85% da classes D e E o Dia da Consciência Negra é um momento de luta, contra 72% das classes A e B.
Feminismo
O feminismo é uma das pautas mais importantes entre a população negra brasileira, ficando atrás apenas da inclusão no mercado de trabalho e da luta contra o racismo.
Para 46% da população negra, a maior urgência é a inclusão no mercado de trabalho. Já a 44%, é a luta contra o racismo institucional. Para 27%, a pauta mais urgente é o feminismo negro.
Quanto maior a escolaridade, menor é a urgência do debate atribuído ao feminismo: 30% do ensino fundamental consideram o tema urgente, contra 29% do ensino médio e 18% do ensino superior.
Uma das conclusões do estudo é a de que a mulher negra sofre mais com a violência no parto e com a diferença salarial até mesmo entre homens negros. Segundo Ministério do Trabalho, mulheres negras ganham 55% menos do que homens negros.
A pesquisa foi realizada com entrevistados em todas as regiões do país em outubro deste ano.
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