Mãe dá à luz quadrigêmeos: "Acabamos de cuidar e é hora de começar de novo"
Um caso considerado raro para a medicina foi registrado em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo. A auxiliar administrativa Priscila Sanches Fenato, 29 anos, deu à luz quadrigêmeos. Especialistas afirmam que esse tipo de gestação gemelar acontece em uma a cada 700 mil gestações, em média.
O parto foi realizado no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto no dia 18 de outubro. A mãe e todos os bebês passam bem e devem receber alta nesta sexta (22).
Benício, Arthur, Heitor e Alice nasceram prematuros, após 31 semanas de gestação. Segundo os pais, a gravidez dos quadrigêmeos ocorreu de forma natural.
"Queríamos apenas um"
"Estávamos planejando uma gravidez fazia dois anos. Em janeiro, a Priscila engravidou, mas teve um aborto espontâneo na sexta semana. Chegamos a pensar em fazer inseminação artificial até que descobrimos a gestação. Inicialmente, queríamos apenas um filho e levamos um susto bem grande quando descobrimos que seriam quatro", diz Alexandre Fenato, pai dos bebês.
A ficha do casal sobre o desafio que viria pela frente foi caindo aos poucos.
"No começo eu chorei muito porque tudo que se pesquisa sobre gestação de múltiplos mostra que há inúmeros riscos tanto para os bebês como para a mãe", diz Priscila. "Durante toda a gestação, tomamos muito cuidado e segui rigorosamente tudo o que a equipe médica passava. Sabíamos que o risco era muito grande, mas esse receio foi dando lugar à alegria que é enorme."
Devido à complexidade do caso, Priscila, que é do Paraná e atualmente mora no interior de São Paulo, passou a ser acompanhada por profissionais do Hospital das Clínicas de Ribeirão.
"Começamos a acompanhar a Priscila na 20ª semana de gravidez. Por serem quatro bebês, foi um grande desafio. Mas, com empenho da equipe médica e da mãe, os bebês nasceram sem complicações", diz Ricardo Cavalli, obstetra que acompanhou a cesariana e a gravidez.
Ainda segundo o profissional, a evolução dos quatro irmãos após o nascimento também surpreendeu. Eles foram levados para cuidados intensivos na UTI neonatal do hospital, mas, em poucos dias, já foram transferidos para o quarto.
"Com dez dias, o primeiro bebê já saiu da UTI e foi para o quarto. Aos poucos, os outros foram melhorando e ganhando peso e foram transferidos para o quarto. O que ficou mais tempo sob cuidados intensivos passou 22 dias na UTI", diz Cavalli.
Os bebês pesam, em média, dois quilos cada um e mamam de três em três horas. "A mãe está produzindo bastante leite e alimenta os filhos no peito. Como são muitos, às vezes, é preciso auxiliar com a mamadeira, mas sempre utilizando o leite do peito", explica o obstetra.
Nos intervalos, uma cochilada
Priscila e o marido, o professor Alexandre Fenato, enfrentam uma verdadeira maratona para cuidar dos quatro bebês. A cada três horas, os pequenos precisam de cuidados básicos como troca de fraldas e amamentação. Para realizar as atividades em todos os irmãos, o casal leva em torno de duas horas.
"Eles são muito tranquilos e quase não choram, mas, mesmo assim, a gente praticamente não descansa. Quando terminamos de trocá-los e dar mamadeira, está quase na hora de começar tudo de novo. Nesse intervalo que sobra, tentamos dar uma cochilada", explica o pai.
Para ajudar nos cuidados, a avó materna dos quadrigêmeos, que é do Paraná, está morando com a família. "Além disso, meus pais, que moram em Minas Gerais, também vêm a cada 15 dias para nos dar um auxílio", acrescenta Alexandre.
A vida do casal virou de cabeça para baixo desde que os quadrigêmeos chegaram. Além dos cuidados com os bebês, a família teve que se preparar financeiramente para receber os quatro irmãos.
Quatro berços em 50m²
Morando em um apartamento com aproximadamente 50 m², as crianças não têm o quarto montado ainda. E o carro da família, um veículo tradicional com cinco lugares, terá que ser trocado por um maior.
"Assim que formos para casa, vamos ver onde é melhor colocar os bercinhos. No quarto, na sala, onde couber. Nos próximos 15 dias, vamos nos mudar e também trocar de carro para que caibam as quatro cadeirinhas."
A família pretende voltar a morar em Apucarana, no Paraná, cidade natal do casal, que concentra familiares que poderão auxiliar nos cuidados com os quadrigêmeos.
"Vamos ficar aqui [Ribeirão Preto] por alguns meses porque os bebês precisam ser acompanhados pelos médicos, mas depois pretendemos voltar para a nossa cidade. Lá, será mais fácil cuidar das crianças", conta.
Durante os primeiros meses de vida, os quatro irmãos continuarão sendo acompanhados por uma equipe multidisciplinar do Hospital das Clínicas para garantir o desenvolvimento normal dos bebês. As visitas ao hospital terão que ser frequentes.
"Vamos começar uma rotina de estimulação neurológica e motora acompanhada por diversos profissionais. Esses cuidados são necessários porque eles nasceram prematuros", explica a mãe.
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