Vendedor negro denuncia racismo ao ser impedido de sair de shopping no Rio
Um vendedor de uma loja do Shopping RioSul, negro, denunciou à polícia racismo ao ser impedido por um segurança de deixar o centro comercial, ontem. Um homem era procurado por deixar um restaurante do shopping sem pagar, quando Emerson Delgado foi abordado "para averiguação".
Em um vídeo mostrado pela TV Globo, é possível ver Emerson reclamando com o segurança, que mantem a mão na arma. "Eu tenho direito de ir e vir. Com a cor que eu tiver. Com a roupa que eu tiver. Com a bolsa que eu tiver", afirma o lojista.
A advogada Laila Domith testemunhou o caso e interveio, em defesa de Emerson. Ela contou ao UOL que a segurança do shopping informou aos vigilantes para eles pararem um homem alto, careca e com duas caixas de papelão na mão. O vendedor salienta que não se falou da cor de pele da pessoa e que ele sequer tinha as citadas caixas.
"O cara não disse cor de quem tinha saído do restaurante sem pagar a conta. Eu ainda estava com duas bolsas pretas. Uma de cada lado. Não tinha nada que remetesse a um papelão ali", disse Emerson, à TV Globo.
Temor por arma
Laila afirmou que passava pelo shopping quando ouviu o caso acontecendo e foi acompanhar o ocorrido.
"Eu ouvi numa distância pequena uma fala muito forte de que nós brancos não tínhamos aprendido nada, e que não era possível o que ele estava passando no dia seguinte ao dia da Consciência Negra. Eu trabalho na ONG Rio Sem Homofobia, então tenho afinidade com a situação", contou a advogada.
"Logo que vi, fiquei assustada, porque o segurança estava ostensivamente com a mão na arma. E considerei cárcere privado, porque o vendedor queria sair e não deixavam. O segurança dizia que tinha de fazer uma averiguação, porque tinha uma ocorrência contra ele (Emerson)", relatou ela. A sensação de Emerson, diz Laila, é de que pararam o primeiro negro que viram saindo do shopping. "Eu intervim como advogada quando vi que queriam levar o segurança embora, sem identificá-lo".
Laila conseguiu ajudar a chamar a polícia, que os levou para prestar depoimento.
De acordo com a Polícia Militar Emerson alegou ter sido constrangido e as partes foram encaminhadas para a 10ª DP, em Botafogo. A denúncia foi tratada como "caso atípico", e o segurança, liberado.
O centro comercial comunicou em redes sociais que "o Shopping RioSul é contra todo e qualquer tipo de preconceito. Estamos apurando todos os fatos para tomar as medidas necessárias."
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