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Oxigênio aplicado na pele volta a virar hit de beleza; vale investir?

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Imagem: Shutterstock

Paula Roschel

Colaboração para Universa

24/11/2019 04h00

O oxigênio é um elemento químico fundamental para o metabolismo celular e para a renovação de tecidos. Para continuarmos vivos, precisamos respirar — essa é uma das certezas que temos. Além de ser inspirado e expirado de 12 a 20 vezes por minuto, média para um adulto em repouso, o emprego deste agente oxidante também vem sendo aprimorado de forma controlada e tópica, através do ramo da beleza, em tratamentos batizados como oxigenoterapia. Mas até onde esse tratamento pode ir?

Entre 2012 e 2016, aconteceu, mundialmente, um aumento na oferta de tratamentos com oxigênio, para melhorar a pele do rosto e pescoço. Agora, em 2019, ouvimos novamente algo nesse sentido, a partir de uma exaltação de manobras que priorizam elementos presentes em abundância no nosso planeta.

Em Toronto, Canadá, uma rede de lojas especializada em produtos "mais naturais", chamada The Detox Market, comercializa com destaque um creme chamado "Hidratante de oxigênio", em tradução livre, da marca MV Organic Skincare. Segundo o fabricante, o produto é indicado para pessoas com pele desvitalizada, aqueles que trabalham em ambientes com ar-condicionado ou que abusaram do sol.

No Brasil também começa a pipocar, novamente, tratamentos que chamam a atenção do público por conter oxigênio no título. "Em sua forma estética, o oxigênio é aplicado através de jatos, sprays, máscaras de inalação ou em cremes, diretamente na pele. Esses passos têm a proposta de melhorar a circulação, promover vitalidade, hidratação e atenuar rugas. Também argumenta-se que esses tratamentos, quando associados a máscaras com outros ativos, podem aumentar a absorção de vitaminas, minerais e nutrientes pela pele," diz Fabiana Seidl, dermatologista membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia.

É interessante entender, entretanto, as diferentes aplicações e qual tipo de oxigênio é manuseado nas técnicas.

"O ar que respiramos tem 21% de oxigênio puro, enquanto a pureza do utilizado na oxigenoterapia tem uma concentração de 100%" diz Alberto Cordeiro, dermatologista da H?raios Estética, clínica boutique em São Paulo. "Por ter essa concentração, ele pode melhorar a pele através de suas propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes, conseguindo incrementar o metabolismo local e, consequentemente, apresentar um efeito de combate ao envelhecimento", completa o especialista.

Um problema para muitas pessoas que gostam de resultados expressos é a duração do tratamento com oxigênio puro. Para tratar queda de cabelo, por exemplo, são necessários três encontros por semana, durante quatro meses. Os resultados são visíveis a partir do segundo mês, apenas, segundo os médicos. Para acne, segundo o farmacêutico Lucas Portilho, o recomendado são três sessões por semana, durante três meses.

Entre os benefícios difundidos por entusiastas da oxigenoterapia está a diminuição de manchas na pele. Os especialistas entrevistados, contudo, negam a afirmação, dizendo que não existem estudos científicos que validem a afirmação.

Conheça os tipos de terapias com oxigênio disponíveis no mercado:

Inalação ou oxigenoterapia hiperbárica

"Ela é uma modalidade terapêutica na qual o paciente respira oxigênio puro, enquanto é submetido a uma pressão que tem 2 a 3 vezes a pressão atmosférica ao nível do mar, no interior de uma câmara", explica Lucas Portilho, consultor e pesquisador em cosmetologia, farmacêutico e diretor científico da Consulfarma.

A técnica provoca um aumento na quantidade de oxigênio transportado pelo sangue, na ordem de 20 vezes o volume que circula em indivíduos que estão respirando ar ao nível do mar.

Existem estudos que relatam que essa prática leva à redução dos sinais do envelhecimento da pele, mesmo que sem demonstrar o exato mecanismo de ação. "É uma técnica muito utilizada para o tratamento de úlceras, feridas que não cicatrizam e queimaduras", diz a dermatologista Fabiana Seidl. Recentemente, Justin Bieber divulgou, sem dar muitos detalhes, que está se submetendo ao tratamento.

Jatos de oxigênio

O tratamento consiste em fazer com que o ar puro penetre em camadas mais profundas da pele, através de jatos indolores na superfície. Eles melhoram a circulação e entregam mais combustível para a pele, que reage produzindo colágeno.

Com isso, a superfície começa a ficar mais íntegra e, consequentemente, bonita. Os jatos podem ser aplicados em conjunto com outros tratamentos estéticos, para maximizar resultados. Suas principais indicações são queda de cabelo, acne, rugas e doenças inflamatórias (psoríase e dermatite atópica). Para jatos ou câmara hiperbárica, são recomendadas sessões semanais.

Apenas um profissional da saúde pode indicar o tratamento. "Após a terceira ou quarta sessão, o paciente começa a verificar melhora. Não existe restrição ou efeito colateral para esse tipo de tratamento, mas ressalto que são necessários mais estudos científicos para embasar seu uso", diz Abdo Salomão Jr., médico doutor em dermatologia pela USP, sócio efetivo da Sociedade Brasileira de Dermatologia.

Uso tópico de oxigênio, com máscaras ou cremes

O oxigênio puro também consegue ser embutido em fórmulas de alguns cremes. Para o médico Alberto Cordeiro, dessa forma o elemento perde um pouco a eficácia. Além disso, é difícil para o consumidor final saber se o produto com oxigênio no rótulo tem a substância mesmo -e em qual composição- ou se é apenas um produto com agentes que estimulam a oxigenação da pele. É necessário o uso diário deste tipo de produto, por, pelo menos, dois meses, para começar a sentir a diferença de pele mais homogênea e firme.

Contraindicação: não é para todo mundo

É importante alertar que inalar oxigênio em altas concentrações não é tão inofensivo quanto parece. "Altas concentrações de oxigênio são contraindicadas em indivíduos que possuem certos problemas pulmonares, como doença pulmonar obstrutiva crônica, além de poder precipitar crises convulsivas em pacientes portadores de epilepsia e promover toxicidade ocular", diz Fabiana Seidl.

Valores dos tratamentos

Apesar de o oxigênio estar presente em nossa atmosfera abundantemente, os tratamentos e produtos contendo sua versão pura não são dos mais baratos. Os protocolos com jatos custam, em média, R$ 600 a sessão. O aluguel de uma câmara hiperbárica, por mês, não sai por menos de R$ 7.000. Já os cremes e bases ultrapassam a marca dos R$ 150.