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Jovem é morta pelo marido na frente da família em sua festa de aniversário

Dianes Maria Silva Marques foi morta pelo marido na festa de aniversário - Arquivo pessoal
Dianes Maria Silva Marques foi morta pelo marido na festa de aniversário Imagem: Arquivo pessoal

Bruna Alves

Colaboração para Universa

28/11/2019 16h28

Na véspera de seu aniversário de 25 anos, Dianes Maria Silva Marques decidiu começar a comemorar. A festa, com a presença da família e de alguns amigos, acontecia na casa de um de seus irmãos, em Gurupi (TO), na noite do último sábado (23). E a intenção era que a celebração seguisse até o dia seguinte. Mas as coisas não terminaram como ela havia planejado.

Por volta das 23h, Dianes foi atingida pelo próprio marido, com 17 facadas na região do abdômen, na frente de sua família e da filha do casal, de apenas quatro anos. Ela chegou a ser levada ao hospital com vida e passou por uma cirurgia. Mas teve quatro paradas cardíacas. Na última delas, não resistiu e faleceu - no dia de seu aniversário, 24 de novembro. O homem está foragido.

Natural do Maranhão, Dianes se mudou com a família, quando ainda bebê, para o Tocantins. Filha de um pedreiro e de uma auxiliar de cozinha e sempre com um sorriso no rosto, a jovem começou a trabalhar como diarista na adolescência. Aos 17 anos, ela se casou e teve o primeiro filho. Já neste relacionamento, Dianes sofreu violência doméstica.

"Quando o menino estava com sete dias de nascido, o marido de Dianes chegou em casa bêbado e bateu nela, porque queria que ela arrumasse a casa", conta o irmão da vítima, Antônio Gidal das Chagas Silva, 29.

"Eu morava nos fundos da casa, escutei ele querendo bater nela e fui lá. Briguei com ele e fomos parar na delegacia. Ele foi preso e não registrou a criança. Hoje, está preso por tráfico de drogas."

Embora tenha passado por muitas dificuldades financeiras, a família permaneceu unida. "Meus pais nos ensinaram a ficar sempre unidos. Nós fazíamos churrasco nos aniversários e, no final do ano, fazíamos um jantar. Era aquela alegria", diz o irmão.

Segundo a família, Dianes era uma pessoa muito alegre e não tinha problemas com ninguém. Neste ano, deixou o trabalho como atendente de supermercado para trabalhar como tatuadora profissional.

Pouco tempo depois da separação do primeiro marido, Dianes conheceu Maycon Jhonatan. Eles namoraram por dois anos e, no terceiro, decidiram morar juntos. O filho mais velho dela, hoje com sete anos, preferiu morar com os avós maternos. A mãe sempre o visitava e mantinha contato com ele diariamente. O relacionamento durou cerca de sete anos, entre idas e vindas.

Durante esse tempo, o marido chegou a ser preso por tráfico de bebidas. Diante da situação, ela decidiu terminar. O homem ficou preso mais de um ano. Foi solto no ano passado e, desde então, tentava reatar.

Após muita insistência, ela resolveu dar uma nova chance ao pai de sua filha. Segundo a família, Dianes havia pagado o aluguel da casa em que morava com a filha até dezembro. Depois, voltaria a morar com Maycon.

A família conta que o homem, três anos mais novo, parecia uma boa pessoa e nunca tinha batido nela. Embora o casamento tenha sido apoiado pelos irmãos, os pais nunca concordaram com a união da filha. "Quando nós fazíamos churrasco, o Maycon não ia porque meu pai falava que os santos deles não batiam. Ele falava que algo no marido dela estava errado, mas ninguém nunca suspeitou de nada", diz o irmão.

Ainda assim, o irmão diz que nada indicava o que iria acontecer: "Ele nunca a tratou mal, nunca a agrediu. No dia do aniversário, eu fui lá e ela estava toda carinhosa com ele, sentada no colo dele, beijando. Ela estava toda feliz. Ninguém acreditou que ele teve coragem de fazer isso".

A tia concorda: "Ele era uma pessoa muito tranquila. Tanto que a gente dava força para ela voltar com ele".

Ele queria ver as mensagens do celular dela

Segundo a família, no dia do crime, o Maycon agiu normalmente. Brincou e dançou com a mulher. Mas, durante a festa, o casal teve uma discussão. Ele pediu que a mulher desbloqueasse o celular, para que pudesse ver suas mensagens, mas ela se recusou.

"Ele foi muito frio. Discutiu porque ela não quis colocar a senha e disse que tinha a privacidade dela. Todo mundo pediu para eles pararem com aquela briga e, então, ela abraçou o marido. No que ela o abraçou, ele aproveitou [para atacá-la]", diz Maria Silva de Sousa Moura, tia da vítima.

Após esfaqueá-la diversas vezes e deixá-la caída no chão, Maycon ainda teria tentado atingir um dos irmãos de Dianes com golpes de faca. E fugiu em seguida.

"Nem ela acreditava que ele fosse fazer isso. Tanto que, quando ele foi esfaqueá-la, ela ficou olhando no olho dele, até acabar de cair. Ela não reagiu. Não fez movimento nenhum para se defender", diz a tia.

Com a voz embargada, do outro lado da linha, Francisca das Chagas Silva Marques, 45, mãe da vítima, lembra a alegria da filha no que era, até então, um dia de festa. "Ela era uma menina exemplar, de bem com a vida e feliz. Aquela era a festa que ela estava esperando há muitos dias e foi interrompida antes da meia-noite, da pior maneira possível."

"Até hoje eu não consegui dormir e estamos sem vontade de comer. A única coisa que a gente está fazendo ainda é um café e tomando água porque, quando a gente vai tentar colocar uma comida na boca, a gente sempre lembra dela. É uma tristeza. Um filho é um filho. Ninguém nunca vai preencher o lugar dele."

Filha diz que o pai cortou a mãe, que virou estrela

Apesar da tragédia, a família tenta se reerguer. Para isso, os pais de Dianes contam com a presença da neta em casa.

"Para mim, ela é uma felicidade porque eu sinto a presença da mãe dela comigo. Ela parece com a minha filha. E tenho a certeza de que o desejo de Dianes era que eu cuidasse da filha dela como ela cuidava. Ela é minha filha duas vezes", diz Francisca.

Apesar da alegria de ter a menina por perto, a família ainda terá que ajudar a criança a superar o trauma de ter visto o próprio pai esfaquear sua mãe. A família já está à procura de apoio psicológico para a menina.

"Ela viu tudo. E agora fica falando que o pai cortou a mãe dela todinha de faca e que a mãe dela virou uma estrela no céu. Ela se senta no sofá, fica lá e aí, do nada, ela chora", diz o irmão da vítima.

A menina foi ao enterro para se despedir da mãe, mas, segundo a família, ela estava em estado de choque. "A gente via que ela estava muito nervosa. É um trauma que ela vai carregar para o resto da vida", lamenta a tia.

Maycon Jhonatan Bispo de Assis tem 22 anos e continua foragido. O delegado responsável pelas investigações, Hélio Domingos de Assis Pereira, confirmou que ele fugiu logo após esfaquear a esposa e ainda não foi localizado.

Para o delegado, não há dúvidas sobre a autoria do crime. "Várias testemunhas presenciaram a agressão", disse.

Segundo o delegado, o inquérito policial está quase concluído e a prioridade da polícia agora é encontrar o Maycon, que já teve a prisão preventiva decretada.