Cheryl Strayed fala sobre ter corpo retocado pela Vogue: "Irreconhecível"
Em março de 2012, a Vogue quis publicar um trecho do livro de memórias de Cheryl Strayed, "Wild", em sua edição especial sobre "poder". Quando soube que a revista queria destacar seu trabalho, Strayed ficou emocionada. Mas quando enfim colocou as mãos em uma cópia da revista, se sentiu tudo, menos poderosa: a foto usada pela Vogue foi tão editada que seu próprio marido não a reconheceu.
A escritora falou sobre o ocorrido em Dear Sugars, o podcast que ela apresenta ao lado de Steve Almond. "Em todos os lugares, as mulheres são tão menosprezadas, mesmo nesta era em que o feminismo se popularizou", disse, acrescentando que isso nunca ficou tão evidente para ela quanto durante a experiência com a Vogue.
No podcast, Strayed lembrou do dia em que a telefonaram para dar a notícia de que a Vogue queria publicar um trecho de seu livro e fazer um ensaio fotográfico em Portland (EUA). "Isso será uma grande coisa para mim como escritora", contou.
Strayed também revelou seu primeiro pensamento ao ouvir que teria que fazer um ensaio fotográfico: "Vou tentar adiá-lo o máximo possível porque preciso de um tempo para perder peso", disse. "Prometi [a mim mesma] que não ia comer nada. Eu era um tamanho 12 [equivalente ao 46 brasileiro], e você não pode ser um tamanho 12 na Vogue."
Mesmo tendo falhado na dieta, a escritora contou ter se sentido bonita durante o ensaio fotográfico. Mas quando a edição foi às bancas e ela e o marido folhearam uma cópia, ficaram impressionados (negativamente). "Nós abrimos a revista e lá estava uma foto minha. Meu marido logo perguntou: 'É você?!'. Porque não tínhamos certeza", conta.
E Strayed continua: "Eles me fizeram magra, me deram seios maiores e um rosto estranho. Na verdade, eles me fizeram mais feia do que sou", diz. "Mas me fizeram mais magra... Sabe, estava aqui nos meus 40 e poucos anos, trabalhei minha vida toda por um momento como esse e o que eles fazem é me corrigir. É como se dissessem: 'Vamos te classificar como poderosa, mas vamos te deixar magra porque é assim que você deveria ser'".
Hoje, oito anos depois, Strayed quer falar sobre sua experiência para que mais mulheres percebam que não estão sozinhas. "[Isso] não me tirou do ciclo em que estive durante toda a vida. Tenho minhas fases magras e gordas. Me sinto bem quando estou mais magra, embora nunca esteja magra o suficiente, e me sinto mal quando estou gorda. E sei que isso é algo familiar para muitas mulheres", conclui.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.