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Brasileiro procurado pela Interpol por incendiar a ex está preso desde 2017

Moreira foi detido em 2006 e fugiu da prisão em 2013, quando entrou para a lista da Interpol - Reprodução/Interpol
Moreira foi detido em 2006 e fugiu da prisão em 2013, quando entrou para a lista da Interpol Imagem: Reprodução/Interpol

Camila Brandalise

De Universa

04/12/2019 04h00

No Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres, celebrado em 25 de novembro, a Interpol (Organização Internacional de Polícia Criminal) divulgou uma lista com os nomes de oito pessoas procuradas por crimes contra mulheres. Um deles é de um brasileiro: Thiago Henrique Moreira, 38, fugitivo procurado pela polícia internacional por ter matado a ex-namorada incendiada, em Carapicuíba (SP), em 2006.

Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP) de São Paulo, porém, Moreira foi preso em 2006 e, atualmente, se encontra detido na penitenciária de Tupi Paulista (a 663 km da capital). O órgão foi procurado pela reportagem na terça-feira (26) e afirmou, em seguida, que já havia avisado à Interpol para que o nome fosse retirado da lista. Uma semana depois, porém, Moreira ainda constava na relação de buscados da entidade internacional.

A Polícia Federal, responsável pelo braço brasileiro da Interpol, informou a Universa que "o brasileiro se evadiu da penitenciária de Presidente Prudente em 2013 [onde estaria desde 2006]". Ficou quatro anos foragido e foi preso novamente em 2017, segundo a SSP.

A inclusão do brasileiro na chamada lista de difusão vermelha vermelha do órgão internacional foi feita em maio de 2017. Quando um país emite um comunicado para que um nome entre na lista, policiais de 194 países podem localizar e prender o fugitivo.

A Polícia Federal, em nome da Interpol, diz não poder dar detalhes sobre o porquê do nome de Thiago Moreira ter sido especificamente incluído na lista dos procurados por crimes contra mulheres, uma vez que há outros brasileiros foragidos pelo mesmo motivo. Afirma que "os dados solicitados não estão disponíveis para divulgação", que "a inclusão na lista da Interpol é feita por determinação judicial" e que " parte das difusões são restritas".

Vítima estava na missa e foi morta em frente à igreja

Thiago Henrique Moreira incendiou a ex-namorada em frente a uma igreja em Carapicuíba, na região metropolitana de São Paulo, no dia 15 de abril de 2006, um Sábado de Aleluia.

A vítima, Cibele da Silva Paz, 16, estava com a família na missa, na igreja São Lucas Evangelista. Thiago apareceu e chamou a ex para conversar fora do templo.

Ali, colocou fogo em Cibele. Segundo o registro policial, as autoridades foram acionadas com a informação de que havia "um corpo em chamas na via pública". A jovem foi levada ao Hospital Sanatorinhos, atual Hospital Geral de Carapicuíba, com queimaduras de primeiro e segundo grau. Moreira fugiu.

Cibele não resistiu e morreu no mesmo dia. Até então foragido, ele se entregou quatro dias depois, em 20 de abril. Segundo relatos da família, registrados no boletim de ocorrência, ele não aceitava o final do relacionamento com Cibele e a procurava constantemente.

O crime aconteceu antes da criação das leis Maria da Penha, de agosto de 2006, e do Feminicídio, de março de 2015.

A SSP não soube informar sobre condenação e pena recebidos por Thiago. O TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) foi procurado, mas não respondeu até a publicação desta reportagem. A 1ª Delegacia de Carapicuíba, responsável pelo inquérito, também foi procurada, mas o escrivão responsável afirmou que não tem mais acesso ao documento uma vez que o caso aconteceu há muito tempo.

Interpol tem outros 8 brasileiros procurados por feminicídios; um é mulher

Há pelo menos outros oito brasileiros procurados pela Interpol por crime de feminicídio. Um deles é uma mulher: Gilcilene Carlos Rodrigues, apontada como mandante do assassinato da estudante Andressa Kristiny da Silva, em 2007, quando a vítima tinha 20 anos. Na época, Andressa namorava o ex-marido de Gilcilene, que, segundo a polícia, não teria se conformado com o fim do casamento.

No total, há 37 pessoas do Brasil procuradas por assassinatos pela Interpol.

Outros sete brasileiros são buscados por estupro ou estupro de vulnerável. Entre eles está Paulo Rodrigues Kauvauchi, denunciado também por violência doméstica —é o único brasileiro com uma ficha em que consta esse tipo de crime na lista da Interpol. Kauvauchi foi denunciado à Justiça pelo Ministério Público de São Paulo em 2017, por ter estuprado a enteada entre 2014 e 2016, quando ela tinha entre 10 e 12 anos. Ele também teria agredido e a ameaçado a companheira, mãe da garota. O réu fugiu para o Japão.

Entre os casos de estupro mais bárbaros registrados na lista da Interpol está o cometido por Lucas Carvalho Rollo, condenado a nove anos e quatro meses de prisão por ter estuprado uma menina de seis anos em 2014, no Distrito Federal. Ele era próximo da família e frequentava a casa. Em um dia em que o pai da garota estava assistindo à televisão, ele praticou a conjunção carnal com a menina que, machucada, foi pedir ao pai para tomar banho porque estava sangrando. Uma reportagem do Jornal de Brasília de 2018 mostrou fotos recentes de Rollo como integrante do Exército dos Estados Unidos, onde vive como cidadão por ter pai americano.

A polícia do Brasil também procura dois estrangeiros que cometeram estupros no país: um peruano e um chileno. Ao todo, há 166 fugitivos — brasileiros e estrangeiros que cometerem crimes em território nacional — procurados pelo Brasil na lista do órgão internacional.