Militante negra e feminista: quem é a mulher coroada a mais bela do mundo
No último domingo, Zozibini Tunzi fez mulheres como Rayssa Santana, ex-Miss Brasil, chorar. É que, ao receber a coroa de Miss Universo 2019, a jovem sul-africana fez questão de falar sobre o racismo sofrido pelas mulheres negras. "Finalmente mulheres como eu sabem que somos bonitas", disse em seu discurso de agradecimento.
Apesar de ter conquistado a mais importante coroa de beleza do planeta, Tunzi, 26, não tem uma carreira extensa nos concursos de beleza.
A primeira vez que ela competiu foi em 2017, quando se inscreveu no Miss África do Sul. Porém, não passou para a lista de 12 finalistas ao título. Uma das três filhas de Philiswa Nadapu e Lungisa Tunzi, a jovem deu uma pausa na carreira de miss para se formar em relações públicas na Universidade de Tecnologia de Cape Town, em 2018. Neste ano, se inscreveu novamente no concurso e conquistou a coroa de mais bela de seu país.
Nascida na cidade de Tsolo e criada em uma vila chamada Sidwadweni, Tunzi chegou a trabalhar no departamento de relações pública da agência Ogilvy, uma das mais importantes do mundo, quando teve que largar tudo para assumir as atividades de Miss África do Sul.
Mas, mesmo carregando a coroa na cabeça, Tunzi não deixou de lado as próprias convicções. Militante dos direitos das mulheres e crianças, a campanha de Zozibini para conquistar a coroa de Miss Universo incluiu uma parceria com o projeto HeForShe, campanha da Nações Unidas representada por celebridades como Emma Watson que convida homens a lutarem ao lado das mulheres pela igualdade de gênero.
E ela quis levar esse projeto também para o palco do concurso de beleza. Em suas redes sociais, a jovem pediu para que homens sul-africanos escrevessem mensagens de apoios às mulheres que foram colocados em laços. Os adereços fizeram parte do figurino usado por Zozibini no Miss Universo.
Porém, mais do que falar sobre os direitos das mulheres, Tunzi também usa a visibilidade que conquistou para chamar a atenção sobre racismo e a história de seu país natal, a África do Sul. O lugar em que nasceu foi colônia da Inglaterra e tem, em sua trajetória, um capítulo obscuro: o apartheid, sistema que segregava a população negra e que perdurou até 1994.
Por isso, Zozibini costuma publicar, entre fotos de maquiagens e looks em seu Instagram, mensagens sobre a importância do povo sul-africano resgatar suas origens.
"A África do Sul teve um passado muito difícil e hoje temos a possibilidade de nos orgulhar e celebrar nossas individualidades, identidades e nossa rica cultura juntos", escreveu a jovem no Dia do Patrimônio Cultural, comemorado no dia 21 de março. "Peço então que nós possamos abrir nossos corações e estender o nosso amor para o resto da África. Somos todos apenas um povo. Somos africanos."
A jovem costuma dar esse tipo de declaração por entender que é preciso usar a visibilidade que tem para algo maior. "Não sabemos o quão importante é a nossa voz até que a conquistamos", escreveu Zozibini em seu Instagram.
Após vencer o Miss Universo, a sul-africana voltou à rede social para agradecer o apoio de seus admiradores. "Hoje, uma porta abriu e eu não poderia estar mais grata em ser a pessoa que entrou por ela. Espero que cada garotinha que tenha testemunhado esse momento possa acreditar para sempre no poder de seus sonhos e que elas possam ver o rosto delas refletidos no meu."
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