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Funcionária da ONU que denunciou abuso sexual de superior é demitida

Conselheira da Unaids, Martina Brostrom, quando denunciou abuso sexual de um superior - Reprodução/CNN
Conselheira da Unaids, Martina Brostrom, quando denunciou abuso sexual de um superior Imagem: Reprodução/CNN

Do UOL, em São Paulo

17/12/2019 10h21

Uma funcionária da ONU que denunciou em 2018 um ex-secretário geral adjunto de abuso sexual foi demitida na semana passada, segundo reportou a imprensa internacional.

Martina Brostrom, do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (Unaids), veio a público em abril de 2018 durante entrevista à rede americana CNN na qual acusou o superior de tentar beijá-la e tocá-la em uma viagem em Bangcoc.

A conselheira de políticas da Unaids disse ter sido demitida na última sexta-feira (13) em retaliação à sua denúncia. "Isso é o que a ONU faz com as mulheres que denunciam seus agressores sexuais", disse ela à CNN. "Eles só querem me tirar da organização".

Em nota enviada à rede americana, a Unaids disse que dois funcionários foram demitidos, mas não confirmou se um deles é Martina Brostrom. "Dois funcionários foram demitidos da Unaids depois que uma investigação independente provou, acima de qualquer dúvida, que eles usaram indevidamente fundos e recursos corporativos da Unaids e se envolveram em outra má conduta, incluindo má conduta sexual", diz o comunicado.

A porta-voz da agência, Sophie Barton-Knott, disse que "quaisquer alegações de retaliação são infundadas e enganosas".

Martina acusou Luiz Loures, que também foi o diretor executivo adjunto da Unaids, de tocá-la e tentar beijá-la em 2015. Segundo ela, seus superiores tentaram convencê-la a não prestar queixa. Durante a entrevista na CNN na qual denunciou o caso, ela contou que outras funcionárias também alegavam ter sido abusadas por ele.

Ele negou as acusações e uma investigação da ONU o isentou de irregularidades. O caso foi reaberto após a denúncia na imprensa.

Antes da denúncia, em março de 2016, Loures pediu uma investigação contra outro funcionário da Unaids que trabalhava com Martina. Ele viu a denúncia de assédio como retaliação à investigação: "A acusação infundada com base em um suposto incidente em Bangcoc em maio de 2015 contra mim foi para desviar a atenção da má conduta e frustrar minha carreira na Unaids", disse Loures.