Com leucemia, modelo de caixa de tintura raspa cabelo e ganha confiança
A modelo Giovanna Luconi, 24, de São Paulo, sofria quando tinha que reduzir, mesmo que pouco, o comprimento do cabelo. "Era muito apegada a ele. Não mexia na cor e nem fazia química. Se cortavam demais eu já ficava triste, chateada, porque sempre tive cabelão", contou a modelo para Universa. Os fios longos lhe renderam várias oportunidades na publicidade, incluindo a chance de ser o rosto de uma marca de tintura capilar. "Foi o meu último grande trabalho como modelo antes de descobrir que estava doente."
Em julho deste ano, enquanto seu sorriso estampava as caixinhas do produto nas perfumarias, a Giovanna de carne e osso recebeu o diagnóstico de leucemia. "Eu estava na casa da minha mãe e ela estranhou as manchas roxas que eu tinha na perna. Eram mais de 15. Foi quando decidiu me levar no pronto-socorro." O exame de sangue apontou um índice de plaquetas muito baixo, o que levou ao diagnóstico da doença e ao início imediato do tratamento, que incluiu 13 sessões de quimioterapia.
O choque foi grande para a Giovanna, que, há um ano e meio, havia largado a carreira de engenheira para investir no sonho de ser modelo. "Sempre fui muito saudável, nunca tinha tido nada grave." Porém, por mais que a cura fosse o seu principal objetivo, a possibilidade de ficar sem cabelo também a amedrontou.
"Queria negar o risco de perder os fios. Ele demorou para começar a cair. Mas comecei a aceitar mais a ideia quando meu noivo disse que eu ficaria linda careca, que eu iria me reinventar." Como o cabelo já estava ficando falhado por causa do tratamento, Giovanna começou a se preparar para a mudança de visual. "Pesquisei modelos carecas para me inspirar. Percebi que era uma oportunidade muito especial de me enxergar, ver minha própria essência", diz.
"Comecei a gostar mais de mim"
Por mais que estivesse em uma carreira ascendente no mundo da moda, Giovanna diz que tinha muitos problemas de autoestima. "Estava presa aos padrões de beleza. Quando se é mulher, a gente já fica bitolada com essas questões de estética e quando você trabalha com isso essa sensação se amplia", desabafa.
Ao começar a modelar, passou a se importar ainda mais com o comprimento do cabelo. "Eu via que ele 'vendia', me rendia mais oportunidades, então fiquei ainda mais apegada a ele." A doença, no entanto, a fez repensar suas prioridades e outras questões íntimas que tinha com sua imagem. "Foi quando decidi raspar o cabelo de vez."
Giovanna lidou com a situação como uma oportunidade de aprender alguma coisa. "O que importa é eu ficar curada, mas o cabelo faz parte da nossa vaidade e doeu abrir mão disso. Decidi, então, que tiraria alguma lição disso."
Já sem fios, veio a surpresa. "Assim que me olhei no espelho, minha autoestima melhorou na hora. Estava me enxergando. Não só a minha beleza, mas tudo o que estava enfrentando naquele momento. Estava me vendo pelo que sou e comecei a gostar mais de mim."
Giovanna começou a contar mais detalhes de sua trajetória em seu Instagram, onde tem mais de 7.000 seguidores. A dona da marca de tintura para qual trabalhou ficou sabendo da história da modelo e entrou em contato. "Isso é incomum, nunca temos contato com o cliente e achei isso muito legal da parte deles."
A jovem fez a última sessão de quimioterapia há pouco tempo e deve entrar em remissão da doença. "Estamos todos muito otimistas." Por isso, já pretende a voltar a trabalhar em janeiro e o plano é deixar o cabelo crescer nos próximos meses.
"O bom é que vou poder aproveitar muitos visuais. Vai ser o joãozinho, depois o chanel. Quero curtir bastante todas essas mudanças." Porém, antes disso, deve raspar mais uma vez o cabelo e vai aproveitar o estilo careca por algum tempo. "Clientes e fotógrafos me mandaram mensagens dizendo que gostaram do visual, então vou aproveitá-lo um pouco mais. Estou encarando como um novo look, uma nova Giovanna."
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