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Homem dá 3 tiros em vizinho gay no centro de SP: 'viado tem que morrer'

Contador de 33 anos (foto) recebeu três disparos de vizinho em portaria do prédio - Reprodução
Contador de 33 anos (foto) recebeu três disparos de vizinho em portaria do prédio Imagem: Reprodução

Marcos Candido

De Universa

23/12/2019 11h54

Um homem disparou três tiros contra um vizinho no centro de São Paulo, neste domingo (22). Amigos e testemunhas afirmam que o autor dos disparos fez insultos homofóbicos, antes e depois de atirar. A polícia prendeu o aposentado Adel Abdo, 89, em flagrante. O caso foi registrado como tentativa de homicídio pelo 2º DP Bom Retiro.

As agressões teriam começado no sábado (21), quando a vítima promoveu uma festa no prédio onde mora na República, centro da capital. Um participante afirma que o aposentado ameaçou "meter bala" nos convidados, que "viado tinha que morrer" e que não queria "gay no prédio dele". "Para ser sincero, a confusão só começou porque era uma festa com pessoas gays", relata o amigo Igor Fernandes.

Imagem de sistema da portaria retrata o autor dos disparos, o aposentado Adel Abdo, 89 - Reprodução - Reprodução
Imagem de sistema da portaria retrata o autor dos disparos, o aposentado Adel Abdo, 89
Imagem: Reprodução

No domingo (22), o aposentado esperou na entrada do prédio e disparou três vezes. Um dos projéteis acertou o rosto do contador Rafael Dias, de 33 anos, que foi internado e operado na Santa Casa de Misericórdia. O quadro de saúde é considerado estável. Com a chegada da polícia militar, o autor entregou um revólver calibre 22 e confessou o crime. Dos três tiros, ao menos um acertou o maxilar da vítima. Outro projétil deixou uma marca em um portão da portaria, onde o crime ocorreu.

O advogado da vítima, José Beraldo, vai defender que o crime seja investigado como homofobia. Desde junho, o Supremo Tribunal Federal (STF) considera a homofobia como crime de racismo. Na prática, autores de ataques contra LGBTs podem ter a punição aumentada de um a três anos de prisão ou multa.

O número de registros de homofobia aumenta desde 2012 em São Paulo. Apesar disso, Universa mostrou que apenas 1 a cada 6 boletins de ocorrência é investigado.

No fim desta segunda (23), Abdel Abdo vai passar por uma audiência de custódia em que um juiz vai determinar se ele vai continuar preso.

Atualização: após a publicação da reportagem, o aposentado foi liberado e terá que manter distância da vítima, não portar armas, manter endereço fixo e acatar ordem da Justiça para prestar depoimento.