Homem que baleou vizinho gay nega homofobia, mas confessa: "Tentei matá-lo"
Adel Abdo, 89, que atirou no auxiliar administrativo Rafael Dias, 33, no condomínio onde moram confessou em entrevista ao Fantástico que tinha como objetivo matar seu vizinho.
"Eu fiz isso de homem para homem, fui induzido a me defender porque ele me atacou. Confesso: tentei matá-lo", disse ao programa o idoso, que negou ser homofóbico.
"Inclusive, dou mais tratamento a esse tipo de pessoal muitas vezes do que para uma pessoa normal", afirmou. "Não é que eles são anormais, nasceram assim, o problema é da cabeça deles. Não sou homofóbico."
Sobre uma ameaça de morte escrita, Adel disse que fez "por emoção" e que "não confirmo aquilo".
Adel foi preso em flagrante e passou a mesma madrugada em uma cela. Testemunhas dizem que o homem gritou que "viado tinha que morrer" um dia antes dos disparos, no último dia 22, quando Rafael promoveu uma festa no apartamento alugado onde vive há cinco anos.
Adel foi liberado pela Justiça após uma audiência de custódia. Caberá a ele entregar o revólver calibre 22, se manter afastado da vítima e se apresentar ao tribunal para prestar depoimento.
Rafael ainda encontrou Adel ao voltar para casa com seu advogado, quando recebeu alta do hospital. O vizinho, escoltado por policiais, voltou ao próprio apartamento para buscar objetos pessoais e seguir a ordem da Justiça de se retirar do apartamento. Eles se viram de longe, mas não trocaram nenhuma palavra.
Violência no hall
No dia da agressão, os vizinhos estavam na mesma portaria, quando Adel registrava uma queixa contra o barulho da festa. Segundo Rafael, naquele momento, o aposentado teria reclamado que não queria "festa com bando de homem barbudo se beijando" e o ameaçado de morte.
"Eu pensei: jamais um senhor vai ter uma arma. De repente, ele sacou uma arma pequena, apontou e fez um disparo. Eu perguntei: você está louco? Assim que falei isso, um tiro entrou na minha boca", disse na ocasião. Os outros dois projéteis teriam acertado o portão.
Segundo o marido da vítima, Anderson Mirapalheta, a festa terminou às 22h no sábado. "É o horário limite do prédio", explicou. Agora, os moradores criaram um abaixo-assinado para pedir expulsão do atirador.
"Eu estou revoltado, claro. Vou continuar minha vida normal, mas não sei se ele vai continuar morando aqui. Ninguém do prédio o quer mais aqui", afirmou.
O número de registros de homofobia aumenta desde 2012 em São Paulo. Apesar disso, Universa mostrou que apenas 1 a cada 6 boletins de ocorrência é investigado.
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