Homem é preso suspeito de estuprar e causar aborto da namorada sob cárcere
Uma mulher de 19 anos foi espancada com chutes e pontapés e estuprada ao ser mantida em cárcere privado em Aporé (GO), a 380 km de Goiânia. Ela acabou perdendo o bebê em gestação de quatro meses e passou por um procedimento no hospital para a retirada do feto. O namorado dela, Valdir Oliveira Moraes, 26 anos, é suspeito do crime e foi preso. Ele diz que agia em legítima defesa.
Segundo o delegado Valério Farias, a mulher deu entrada, sozinha, no hospital de Aporé no dia 23 de dezembro devido a um sangramento. A equipe médica identificou que ela estava "há vários dias com o feto morto na barriga", conforme o delegado. Dois dias depois, ela recebeu alta e retornou para a casa.
A mulher teria explicado o que tinha acontecido para os funcionários do hospital, porém, segundo Farias, a polícia não foi comunicada - o que deve ocorrer de forma compulsória pela casa de saúde em casos de violência.
Questionado sobre motivo de a mulher ter retornado para casa, o delegado afirmou que o contexto de vítimas de violência doméstica é complexo e marcado pela dependência.
"É preciso entender o universo da vítima de violência. Tem dependência econômica, emocional, tem medo de perder guarda do filho, dentre outros fatores", disse Farias.
O casal se conheceu pela internet e a mulher saiu de Minas Gerais para morar com ele. "Ele prometeu dar vida melhor para ela, dar emprego. Mas logo depois se relevou com uma pessoa agressiva", declarou o delegado. Eles têm um filho de oito meses.
Em depoimento à polícia, a mulher afirmou que as agressões eram frequentes, iniciadas logo após os dois irem morar juntos. Já o homem disse que agiu em legítima defesa, já que ela o teria agredido.
Agressões, cachorros e ameaça ao bebê
Após receber alta, segundo a polícia, a mulher seguiu sendo agredida e estuprada pelo namorado na casa. Um amigo do casal tentou resgatá-la, mas fugiu do local, pulando de um muro, ao perceber a aproximação do homem. Em seguida, a Polícia Civil recebeu uma ligação anônima e resgatou a mulher, na última segunda-feira (6). Ela apresentava vários hematomas pelo corpo e lesões no ânus e na vagina - consideradas indícios do estupro.
No cárcere, a mulher era constantemente monitorada, inclusive sem poder ter acesso ao celular. "Qualquer tipo de comunicação era supervisionado por ele", disse o delegado. No quintal da casa também foram colocados cães hostis à mulher, para evitar uma possível fuga.
Durante o cárcere a mulher chegou a gritar por socorro, entretanto, para forçar que parasse, o homem ameaçou machucar o filho do casal de oito meses com um pedaço de vidro e uma faca.
Apesar das agressões, a mulher não tinha registrado nenhuma ocorrência contra ele ou solicitado medida protetiva. Porém, o suspeito tem registros policiais por agressões contra uma outra namorada, de 2016.
Ainda não se sabe o que teria motivado a prática dos crimes. "O agressor tem uma série de características: sentimento de posse, ciúme excessivo, irritação por coisas pequenas", disse o delegado. Ainda segundo Farias, o homem não estava sob uso de drogas nem tem problemas psicológicos.
A polícia ainda não recebeu o prontuário médico da mulher e, por isso, os funcionários do hospital ainda não foram ouvidos, o que deve ocorrer após o recebimento da documentação. Por enquanto, segundo Farias, não é possível afirmar se o aborto foi provocado pelas agressões. Agora a polícia tem 10 dias para concluir o inquérito.
O homem foi preso, levado para o Presídio de Itajá e vai responder por lesão corporal gravíssima devido ao aborto, estupro, ameaça e cárcere privado qualificado - por ter sido cometido contra a companheira. Somadas, as penas podem chegar a 30 anos.
A polícia não informou se ele tem advogado constituído.
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