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Polícia investiga estupros de 12 jovens, a maioria da mesma escola, no PI

Getty Images
Imagem: Getty Images

Yala Sena

Colaboração para Universa, em Teresina

10/01/2020 11h35

Ele aborda as vítimas com um "boa noite" ou "bom dia", tenta se aproximar dizendo que é um amigo e pergunta: "como você está?". Assim é a abordagem feita via WhatsApp por um suspeito de estuprar pelo menos 12 crianças, adolescentes e jovens de um mesmo bairro em Teresina. Elas têm entre 11 e 22 anos, e a maioria estuda na mesma escola.

A Polícia Civil do Piauí abriu inquérito e investiga violência sexual e ameaças de morte contra dez adolescentes e duas jovens maiores de idade. O suspeito exigia fotos nuas das meninas em mensagens pelo WhatsApp. Se não fosse atendido, ele ameaçava estuprá-las na escola e matar as vítimas e os pais delas.

As garotas eram ameaçadas pelo homem - Reprodução - Reprodução
As garotas eram ameaçadas pelo homem
Imagem: Reprodução

Uma das vítimas, ouvida por Universa, de 18 anos, conta que a primeira abordagem do estuprador foi em 19 de outubro do ano passado. "Ele dizia que era um amigo, pedia fotos, eu disse que não iria mandar, então ele ameaçava me estuprar, me matar, e dizia que eu podia avisar para a família".

No começo, a vítima achou que tratava-se de uma brincadeira. "Eu fiquei com medo quando ele passou a me chamar pelo meu nome, dizer o nome de minha escola e que estava me observando", lembra.

O suspeito chegou a enviar para ela fotos de outras vítimas nuas em poses constrangedoras. "Ele me encaminhou fotos de três garotas nuas: duas eu conhecia e eram da minha escola. Ele dizia que as meninas tinham mandado para ele e era para eu fazer do mesmo jeito. Todo mundo ficou apavorado", disse a garota, que contou as ameaças para a mãe.

O suspeito abordava as vítimas pelo WhatsApp - Reprodução - Reprodução
O suspeito abordava as vítimas pelo WhatsApp
Imagem: Reprodução

Uma zeladora de 27 anos conta que sua filha de 11 anos estava usando a rede social havia 15 dias quando recebeu a primeira mensagem, em outubro do ano passado. "Ele sabia o nome dela, perguntou quantos anos ela tinha e disse que queria fotos peladas. Ele dizia na mensagem: 'vou agarrar você na sua escola, estuprar, matar. Você vai ser a sexta vítima". A mulher confirmou que a filha recebeu imagens de garotas nuas e, com medo, deixou de ir à escola por uma semana.

Vítimas em outros Estados

O delegado Odilo Sena, titular do 21º DP em Teresina, informou que o suspeito usa agenda telefônica de celulares furtados. A investigação aponta que os alvos são crianças e adolescentes. "Algumas vítimas ficaram assustadas, não sabiam se defender e enviaram fotos para ele, que saiu espalhando fotografia de crianças nuas e fazia videochamadas se masturbando", contou o delegado.

Ele informou que há indícios de que o criminoso também tenha feito vítimas no Maranhão, em Brasília, Mato Grosso e no Rio de Janeiro.

O que diz a lei

Mesmo não tendo contato físico, com abordagem virtual, o crime de estupro se configura. O Código Penal Brasileiro em seu artigo 213, na Lei nº 12.015, de 2009, determina como estupro "constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso".

Até agora ninguém foi preso. O delegado foi à escola das vítimas para dar uma palestra, acalmar os pais e recomendou que as famílias conversem e acompanhem o que as crianças estão fazendo nas redes sociais.