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Mulheres protagonizam um mundo em evolução


Gillian Anderson: "Ainda acham chocante uma mulher de 50 que faz sexo"

Jean (Gillian Anderson) em Sex Education - Divulgação/Netflix
Jean (Gillian Anderson) em Sex Education Imagem: Divulgação/Netflix

De Universa, em São Paulo

13/01/2020 11h09

Resumo da notícia

  • Gillian Anderson falou à Vogue sobre a segunda temporada de Sex Education
  • "As pessoas ainda acham chocante uma mulher com seus 40 ou 50 anos que ainda faz sexo!", disse
  • Atriz também avaliou que TV tem melhores papéis para mulheres mais velhas que o cinema
  • "As coisas estão melhorando, e é um momento maravilhoso para mulheres nessa indústria", comentou

Gillian Anderson conversou com a Vogue sobre o seu papel em Sex Education, série da Netflix. Com segunda temporada marcada para 17 de janeiro, a produção traz a atriz no papel de Jean, uma terapeuta sexual que vive envergonhando o filho Otis (Asa Butterfield), protagonista da trama.

Anderson, que completou 51 anos em agosto do ano passado, confessou que sua personagem ousada causa reações "diversas" do público, e lamentou que a vida sexual ativa dela seja vista como exceção.

"Eu tive uma experiência similar quando fiz The Fall [série britânica lançada entre 2013 e 2016]. A personagem que eu interpretava tinha um caso com um colega de trabalho mais novo, ainda na primeira temporada. Todo mundo achou isso ousado e chocante", contou.

"As pessoas continuaram falando sobre isso até a terceira [e última] temporada da série. Eu fiquei surpresa ao perceber que as pessoas ainda achavam chocante uma mulher com seus 40 ou 50 anos que convidava um homem mais novo para sair — que ainda fazia sexo!", completou.

A relação de Anderson com Jean é de amor e ódio. "Eu amo que Jean é muito sem vergonha em relação a falar sobre o sexo e sobre a intimidade, mas tem problemas com isso em sua vida pessoal. Ela não tem nenhum limite, não se contém e é inapropriada, mas é cheia de contradições", definiu.

"Eu queria explorar o que acontece quando as mulheres ficam mais velhas. Há um elemento de excentricidade que aparece, quase como uma mania da menopausa", relatou ainda.

Na ativa desde o comecinho dos anos 1990, a atriz ainda refletiu sobre as oportunidades para mulheres acima dos 40 em Hollywood. "Está mudando na TV. Nos últimos 15 anos, tivemos papéis realmente fantásticos para mulheres acima de 40 anos na TV, seja em Big Little Lies ou The Killing", disse.

"Onde isso não mudou é no cinema. Ainda é raro ver um longa-metragem em que a protagonista feminina tem mais de 40 anos, e quando você vê um filme assim, é provavelmente uma produção independente", lamentou ainda.

"As coisas estão melhorando, e é um momento maravilhoso para mulheres nessa indústria, especialmente atrás das câmeras, onde vemos tantas dirigindo. Mas ainda há espaço para crescer no campo das mulheres roteiristas, ou diretoras de filmes de grande orçamento", continuou.

"Quando Missão Madrinha de Casamento [comédia lançada em 2011] fez muito dinheiro, houve um grande 'surto' em Hollywood: 'Meu Deus, filmes protagonizados por mulheres podem fazer sucesso!'. Isso levou a Caça-Fantasmas", notou.

"É preciso um tipo específico de filme para provar que as pessoas vão comprar ingressos, e fazer com que os estúdios percebam isso. Tivemos Mulher-Maravilha, e agora temos filmes da Marvel com protagonistas femininas. O próximo na fila são os dramas. Aos poucos, chegaremos lá", completou.