Carta de eleitora leva mulher a revelar estupro de médico durante gravidez
A carta de uma eleitora enviada ao marido, o candidato democrata à presidência dos Estados Unidos Andrew Yang, relatando uma agressão sexual, fez Evelyn Yang tomar coragem para revelar sua própria história: ela fora estuprada pelo ginecologista durante sua primeira gravidez, em 2012.
Em entrevista à rede de TV norte-americana CNN, Evelyn contou que escolheu o médico Robert Hadden para os cuidados com a gravidez porque ele tinha boa reputação e trabalhava nas instalações da renomada Universidade de Columbia.
Inicialmente, ela diz não ter visto nada errado, mas com o passar dos meses notou que Hadden começou a fazer perguntas inapropriadas sobre sua vida sexual com o marido, que não estavam relacionadas à sua saúde ou a do filho. "Parecia que ele só queria ouvir sobre mim falando sobre sexo. O que eu continuava insistindo era: 'OK, então meu médico é pervertido. Tenho um médico pervertido, mas vou me concentrar em ter um bebê saudável", relembrou.
Ela contou que os exames tornaram-se mais longos, mais frequentes, e acreditou que eles eram desnecessários a maior parte do tempo, mas continuou confiando na conduta do médico.
No entanto, quando estava grávida de sete meses, se vestindo para ir embora, ele a agarrou numa consulta, tirou sua roupa e passou a tocá-la internamente, sem luvas. "Eu sabia que estava errado. Eu sabia que estava sendo agredida", acrescentou. Evelyn saiu do consultório e nunca mais voltou.
Ela disse que se culpou por muito tempo pelo que havia acontecido, achando que tinha feito algo para provocar aquele comportamento no médico. Apesar do trauma, e com urgência de encontrar um novo médico para acompanhá-la durante o resto da gravidez, Evelyn não contou a ninguém o que havia acontecido com ela, nem mesmo o marido. "Eu pensei: 'Isso aconteceu comigo. Eu posso processar isso. Eu posso lidar com isso."
Meses depois, após o nascimento do filho, Christopher, Evelyn descobriu na internet que uma outra mulher havia denunciado Hadden à polícia por agressão. "Foi uma sensação de alívio, finalmente, perceber que eu não estava sozinha nisso", disse ela, acrescentando que a partir dali parou de se culpar pelo que aconteceu. "Não foi algo que eu fiz. Este era um predador em série e ele apenas me escolheu como sua presa", disse ela.
Finalmente, decidiu contar ao marido. "Eu precisava compartilhar naquele momento, porque parecia tão grande para mim e precisava desse apoio. E eu disse a ele e ele chorou", relembrou.
Em comunicado divulgado ontem, Andrew Yang disse que seu "coração fica partido" quando pensa sobre isso. "Estou extraordinariamente orgulhoso de Evelyn por contar sua história, e meu coração se parte toda vez que penso no que ela teve que experimentar. Ela é minha melhor amiga e a mulher mais corajosa que conheço", disse.
"Ninguém merece ser prejudicado e tratado da maneira que ela e inúmeras outras mulheres foram. Quando as vítimas de abuso aparecem, elas merecem nossa crença, apoio e proteção. Espero que a história de Evelyn dê força àqueles que sofreram e envie uma mensagem clara de que nossas instituições devem fazer mais para proteger e responder às mulheres ".
Evelyn procurou um advogado e descobriu que várias outras mulheres haviam apresentado histórias semelhantes sobre o ginecologista. Ele foi indiciado por várias acusações de crimes sexuais, mas em 2016 a promotoria de Manhattan fez um acordo com ele. O médico se declarou culpado de duas das nove acusações contra ele. Como parte do acordo, perdeu sua licença e foi registrado como criminoso sexual de baixo potencial ofensivo, mas não foi preso.
Nos documentos legais, o advogado de Hadden negou as alegações de Evelyn. O defensor recusou o pedido da CNN para uma entrevista.
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