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Será que é amor? Saiba quais sentimentos costumam confundir a cabeça

O amor pode confundir um pouco a gente - Istock
O amor pode confundir um pouco a gente Imagem: Istock

Heloísa Noronha

Colaboração para Universa

26/01/2020 04h00

Por mais que o amor seja o sentimento mais falado do mundo, nem sempre é fácil identificá-lo. Reconhecê-lo tem a ver com as experiências de infância e adolescência, com as expectativas geradas (ou não) por filmes e músicas, com a disponibilidade e, principalmente, com o nosso momento de vida. Em fases de maior vulnerabilidade ou confusão emocional, não é raro confundi-lo com outras coisas e interpretar de maneira errada o que o outro sente por nós, como apontam os sentimentos descritos a seguir.

Amizade

Trata-se, segundo a psicóloga clínica Patrícia Atanes, de um vínculo que costuma ser confundido com certa frequência com amor. "Quando temos muita afinidade com uma pessoa, a quem contamos nossos maiores segredos e compartilhamos nossos medos, podemos achar que sentimos algo mais profundo por ela. E não é totalmente mentira, podemos sentir amor sim, mas é um amor ágape, baseado em afeto e apreciação", diz a especialista, que se refere à denominação grega para o amor que se doa sem esperar nada em troca. "É um a relação baseada na afinidade. É claro que nos relacionamentos amorosos também podemos encontrar laços de amizade, mas eles são construídos gradualmente e à medida que nossa confiança na pessoa aumenta", comenta Patrícia.

Paixão

A paixão é efêmera e está diretamente relacionada à atração, seja ela física ou sentimental. Há vontade de ficar com o outro o tempo todo e nem sempre existe algum nível de amizade envolvido. É uma espécie de impulso motivado principalmente pela vontade de desfrutar momentos íntimos. "Uma coisa é você querer passar momentos de prazer com alguém, outra bem diferente é querer ter essa pessoa na sua vida para conversar, compartilhar, investir", diz a terapeuta de relacionamentos Rosangela Matos, do Instagram @descomplicandorelacoes. Embora seja passageira, a paixão pode caracterizar a fase inicial de um grande e duradouro amor.

Gentileza

"Quando estamos mais vulneráveis, podemos confundir gentileza, generosidade, carinho e atenção com amor. Ao receber algumas doses de afeto, certas pessoas podem se sentir cuidadas e até olhadas de uma forma especial. Daí para confundir a situação e depositar expectativas em quem não tem a mínima noção do que despertou é um passo", comenta Marina Simas, psicóloga e sócia-diretora do Instituto do Casal, em São Paulo (SP). É preciso, antes de se expor desnecessariamente, observar com cuidado não só outro como a si mesma.

Carência

O amor também pode ser confundido com carência, que é a necessidade emocional de ter alguém em nossas vidas. Quando passamos muito tempo sós, sentimos a necessidade e a vontade de ter alguém ao nosso lado para compartilhar a vida, seja nos bons ou nos maus momentos. E, ao encontrar alguém que desperta nosso interesse, podemos descobrir que temos afeto por essa pessoa. Porém, precisamos tomar cuidado: se deparar com alguém interessante não significa que estamos prontos para mergulhar em um relacionamento amoroso. Amor é muito mais que afeto", fala Patrícia. A carência existe por um buraco interno que gera uma necessidade de preenchê-lo a qualquer custo, o que leva a enxergar a realidade como a pessoa gostaria que fosse, mas nem sempre como ela é, de fato", complementa Marina. Em alguns casos, a carência também expressa a necessidade de outras coisas - uma autoestima mais elevada, por exemplo - e, por isso, pode ser producente buscar o apoio de uma terapia.

Desejo ou atração física

Pode ser amor ou paixão, mas nem sempre o é. "A diferença é que a atração, o desejo e o tesão enxergam o outro sob um olhar meramente sexual. Não há o elemento da saudade, nem o da preocupação, mas sim apenas o da obtenção da gratificação sexual", explica Alexandre Bez, psicólogo especializado em relacionamentos, de São Paulo (SP). "O desejo é algo natural, mas se for sentido em excesso pode ser muito prejudicial para qualquer relacionamento. O que diferencia o amor do desejo é que o amor é completo e não precisa desse sentimento de posse. É algo que conecta as pessoas e é capaz de fazê-las compartilhar sentimentos", diz Patrícia.

Admiração

A admiração é caracterizada como uma disposição emocional que se traduz em respeito, consideração, veneração, às vezes um tiquinho de inveja e precisa de uma razão concreta para existir. "Quando alguém por quem temos profundo respeito, seja pelo que faz ou pela pessoa que é, nos mostra algo muito interessante e nos surpreende com suas habilidades, essa admiração pode crescer de tal maneira que podemos confundir com amor", pontua Patrícia. "Vale lembrar que se você ama alguém admira essa pessoa. Então, se em algum momento deixar de admirá-la, o amor será impactado. No entanto, o contrário não é verdadeiro: se você admira demais alguém, nem sempre esse sentimento está relacionado ao amor", observa Rosangela.

Medo da solidão

Pensamentos como "assim que eu tiver um, amor serei feliz", "alguém para me amar vai mudar a minha vida" ou "quero alguém para fazer a viagem que não tenho coragem de encarar sozinha" sinalizam medo da solidão e uma vulnerabilidade emocional que, de acordo com Rosangela, abre as portas para relações tóxicas, parceiros incompatíveis e uma autoestima cada vez menor. Mais do que encontrar alguém legal, a pessoa quer encontrar alguém - ou seja, uma tábua de salvação que vai produzir apenas apego e uma falsa sensação de completude. É fundamental aprender a se bastar primeiro, gostando mais de si mesma e da própria companhia, antes de partir para um relacionamento amoroso prematuro.