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Professor da UFMG é preso por espancar ex-aluna: "Quebrou meu nariz"

Natália Kamura Bello contou que foi agredida pelo namorado, professor da UFMG  - Reprodução/Instagram
Natália Kamura Bello contou que foi agredida pelo namorado, professor da UFMG Imagem: Reprodução/Instagram

Marcellus Madureira

Colaboração para Universa

28/01/2020 12h01

Márcio Mário Vieira, 48 anos, professor de educação física da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), foi preso em flagrante, nesse domingo, em Belo Horizonte, por espancar a companheira e quebrar o nariz da moça com um golpe com a cabeça.

Em conversa com Universa, Natalia Nakamura Bello explicou que o relacionamento era bastante complicado, com términos e retornos por algumas vezes. Ela explica que o namoro iniciou em 2014, quando ela, estudante, era estagiária de um projeto da universidade.

Entretanto, segundo Natália, em 2017, o relacionamento entre os dois começou a ficar complicado, com brigas e agressões verbais e terminou quando ela descobriu uma traição do namorado. "Ele me xingava, existia violência psicológica. Me chamava de puta, vagabunda. Traições e traições claras, todo mundo sabia. Chegou o ponto que eu já não sabia que era a ex dele", explica Natalia que foi demitida do projeto após o fim do relacionamento.

Após passar por perseguições, que inclusive foram alvo de reclamação junto a reitoria da UFMG, Natália decidiu reatar o relacionamento com o professor de educação física. Segundo ela, em 2018, o educador disse que queria protegê-la da ex-mulher dele e os dois voltaram com o namoro. Na época, ela morava em uma quitinete próximo a universidade, mas começou a estranhar novamente o comportamento do agressor.

"Ela saía a noite e voltava para casa pela manhã. Era estranho, dava explicações estranhas", disse.

Em abril de 2019, o professor saiu de casa e esqueceu a bolsa. Natália resolveu olhar e viu um bilhete de alguém elogiando um encontro que teve com o homem, mas ele disse que não sabia do que se tratava. "Ele disse que alguém tinha deixado pra ele. Eu fui levando, mas aquilo me incomodava. Eu vi no Instagram uma foto, questionei, mas ele disse que era coisa antiga. Ele passou a falar que tinha vontade de morrer, que tinha depressão e eu queria ajudá-lo", acrescentou.

Ainda em 2019, Natália estava morando em outro imóvel quando o relacionamento voltou a ficar bastante desgastado. Como ele não tinha onde morar, ela decidiu separar, mas deixou o professor morando no apartamento e começou a fazer a mudança para a casa da mãe. No entanto, no último fim de semana, descobriu nova traição e decidiu pedir que ele se retirasse do apartamento.

"Quando falei, ele tentou me agredir usando a porta do banheiro. Eu comecei a jogar as coisas dele na cama e disse que jogaria pela janela. Ele pegou meu celular de forma agressiva e disse que jogaria pela janela. Eu o puxei e ele parou na minha frente e me deu uma cabeçada muito forte, quebrou meu nariz", concluiu.

Ela gritou por socorro e foi atendida por um vizinho que chamou a polícia e deu voz de prisão ao professor. "Ele negou a agressão. Disse que eu tinha acertado no sofá, na parede, depois disse que ele escorregou e que a testa dele bateu no meu nariz", finalizou.

Foi solicitada para a vítima uma medida protetiva.

O Diretório Acadêmico de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da UFMG, em nota publicada nas redes sociais, disse que apoia Natália e pede conclusões rápidas para que o professor responda pelo crime. "Reconhecemos que é importante não ficar em silêncio perante as agressões cometidas. A violência contra mulher é um crime que deve ser denunciado e julgado. Uma pessoa que comete agressão sem uma intervenção provavelmente continuará fazendo a mesma coisa", postou a instituição, em nota no Instagram.

Em contato com Universa, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) disse que aguarda a investigação. "Sobre a acusação de agressão envolvendo um professor da UFMG, trata-se de uma ocorrência penal, que deve ser tratada primeiramente pelos órgãos responsáveis. A instituição está acompanhando o caso e, se for evidenciada qualquer infração a normas institucionais, tomará as medidas cabíveis. A UFMG reafirma que não coaduna com qualquer tipo de violência e reforça o que prevê a resolução nº 9/2016, que dispõe sobre os procedimentos contra a violação de direitos humanos e pela erradicação de atos discriminatórios no âmbito da universidade".

Universa tentou contato com o professor, mas não teve sucesso até a publicação desta reportagem.