'Performar' demais atrapalha no sexo? Especialista comenta debate do BBB
Recentemente a participante Marcela Mc Gowan, do BBB 20, opinou sobre a maneira como a sexualidade é vista pela sociedade. "Nós transamos errado. Temos uma geração de meninas que querem transar com um príncipe e uma geração de caras que querem transar com uma vadia do pornô. Eles têm que se entender um belo dia da vida. E ninguém explicou nada", disse ela, que é ginecologista.
"Então começam 'performar'. As meninas acham que o legal é rebolar, gemer, fazer mil e uma manobras para os caras acharem elas incríveis e acabam se esquecendo do próprio prazer. Mas ninguém aguenta 'performar' a longo prazo, é um saco", completou.
Afinal, qual o significado da expressão?
Gabriela Daltro, psicóloga e terapeuta sexual da plataforma Sexo Sem Dúvida, explica: "Fazer uma performance é o mesmo que atuar. Quando alguém tem essa atitude no sexo, fica dividido entre si mesmo e um personagem". Na visão da especialista, homens e mulheres podem ser afetados por esta dualidade nos momentos íntimos. "Enquanto é esperado que as mulheres façam determinadas posições e comecem a gemer ou gritar quando estão prestes a atingir o orgasmo, dos homens é cobrada virilidade", exemplifica.
É natural ou não?
Gabriela assegura que "performar" um pouco, principalmente das primeiras vezes em que se transa com uma pessoa, é natural. "Faz parte de querer agradar, construir uma imagem perante o outro", diz. No entanto, fazer isso excessivamente pode prejudicar a vida sexual. "Quando você atua, precisa se preocupar com as próprias atitudes, não pode perder o controle sobre si mesmo. E, na verdade, o sexo é para ser sentido, vivido. Para aproveitá-lo da melhor forma é preciso atingir um nível de entrega. Se a pessoa está sempre dividida entre o que realmente deseja e entre o que acredita que o parceiro espera, pode ter sérios problemas", aponta.
Para as mulheres, a lubrificação pode diminuir, gerando dor durante o ato sexual. Já os homens podem sofrer com falta de ereção ou ejaculação precoce. Em ambos os casos, fica mais difícil sentir prazer.
Pornô: um produto idealizado
Durante a argumentação, Marcela citou a indústria pornográfica, dizendo que muitos homens estão em busca de "uma vadia do pornô". Na visão de Gabriela, a indústria não pode ser julgada isoladamente como vilã ou mocinha. "Tudo depende do uso. O fato é que os filmes são produtos produzidos para o mercado. Ao mesmo tempo em que suprem a necessidade das pessoas de se excitarem e viverem fantasias sexuais através da imagem, enquanto produtos de uma sociedade de consumo, ajudam a construir padrões. Estes padrões são inalcançáveis porque, desta forma, criam necessidades — e quem lucra com isso é o mercado", aponta.
A terapeuta sexual aproveita para reforçar a existência de filmes pensados de forma mais realista, valorizando o prazer, o corpo e as expressões femininas. "Mas o que costumo chamar de 'pornô Google', mais habitual, geralmente vem cheio de estereótipos que ajudam a estabelecer expectativas irreais para o funcionamento do corpo", completa.
Para alinhar as expectativas
A fala de Marcela deixa implícita a ideia de que um dos principais problemas sexuais da nossa sociedade seria ter as expectativas em desacordo. Gabriela concorda que é algo comum e garante que é necessário perder a vergonha para corrigir uma situação do tipo.
"Primeiro, é preciso observar a si mesmo, percebendo os próprios gostos e se conectando com as sensações corporais", aponta. Como exemplo, cita o toque: "Depois de um determinado tipo de carícia, seu corpo se contrai, se arrepia ou fica parado?", indaga.
"Vale a pena ser verdadeiro e demonstrar as vontades para o parceiro. Além disso, é preciso atento aos sinais do outro, respeitando aquilo que é indicado por ele. Também é importante se abrir para novas sensações e não ter medo de viver experiências fora do habital",aconselha.
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