Difícil falar com filhos? Livros ajudam a abordar temas delicados
Todo mundo sabe que nunca é fácil abordar temas "espinhosos" com os filhos, principalmente quando a incumbência recai exclusivamente sobre as mães. Se não houver diálogo aberto, a tarefa fica ainda mais complicada.
Nestas ocasiões, livros voltados para o público infantil e juvenil podem ser uma mão na roda. Muitos títulos abordam questões delicadas e servem de apoio para a abordagem de temas que demandam uma conversa mais séria.
A seguir, com ajuda de especialistas, listamos 22 títulos que exploram assuntos difíceis, como separação dos pais, gordofobia e racismo, e podem ser bem úteis para abrir caminho à conversa.
Separação dos pais
"Lá e aqui", de Carolina Moreyra e Odilon Moraes (Editora Pequena Zahar). A partir da afirmação "Um dia nossa casa virou duas", o título desenvolve o tema da separação dos pais, com respeito ao sofrimento da família. Voltado para o público infantojuvenil, mostra que o fim do casamento, aos olhos de uma criança, pode ser vivido de maneira positiva - sem menosprezar, no entanto, tudo o que se sente no início.
"É tudo família!", de Alexandra Maxeiner e Anke Kuhl (Editora L&PM). Livro destinado a todas as idades, explora o fato de cada família ter seu jeito e suas peculiaridades e que, no final das contas, de um jeito ou de outro, todas são consideradas famílias.
"Juntos no coração", de Nye Ribeiro (Editora Roda e Cia). O personagem Paulinho fica confuso ao saber da separação dos pais. Ao longo da história, percebe que o amor que sente por eles torna possível conservá-los juntos no seu coração. O livro explora a possibilidade de lidar com a separação de maneira sensível, respeitando os sentimentos do filho.
Abandono paterno
"Cartas ao papai", de Marcia Misawa (Cereja Editora). Indicado para crianças de 6 a 9 anos, fala da relação de uma criança e seu pai ausente, através de correspondências que materializam o relacionamento dos dois.
Racismo
"O cabelo de Lelê", de Valéria Belém (Editora Ibep). Traz a história de Lelê, uma menininha que não gosta de seu cabelo crespo, mas muda sua visão quando aprende sobre a herança africana que os fios representam. É um livro que mostra como o conhecimento pode transformar as relações. Para crianças a partir de 7 anos.
"Cada um com seu jeito, cada jeito é de um!", de Lucimar Rosa Dias (Editora Alvorada). Luanda é uma menina negra, apresentada não pela sua diferença, mas por sua semelhança com as demais crianças, numa narrativa positiva e de igualdade. Explora aspectos do cotidiano de um jeito muito inteligente. É recomendado para leitores a partir dos 7 anos.
"Eloísa e os bichos", de Jairo Buitrago e Rafael Yockteng (Editora Pulo do Gato). Para crianças de 3 a 5 anos, relata como Eloísa se sente como um bicho estranho, após sua mudança. Aos poucos, ela se adapta à nova rotina e aos costumes recentes, o que a ajuda a entender o que vivencia. É um livro necessário para falar sobre deslocamento de pessoas, intolerância e respeito pela diversidade.
"A cor de Caroline", de Alexandre Rampazo (Editora Rocco Pequenos Leitores). Infantojuvenil, é um título sensível, que aborda as diferenças, sem abrir espaço para o racismo. Nele, a pergunta feita por Pedrinho em sala de aula dispara uma dúvida na colega Caroline, levando a menina para uma viagem de grande reflexão.
Gordofobia
"Monstro rosa", de Olga de Dios (Editora Boitempo). Nesta obra para crianças de 5 a 8 anos, o monstro rosa se sente deslocado no meio dos irmãos brancos. Além da cor, é grande e desengonçado. Cansado de se sentir diferente, vai em busca de seus semelhantes, numa aventura rumo à felicidade.
"Andreia baleia", de Davide Cali (Livros da Raposa Vermelha). A garota Andreia sofre com as provocações e falas desrespeitosas dos colegas. A história, para o público infantojuvenil, se passa nas aulas de natação e o professor ensina um jeito muito especial de lidar com o problema.
"Carlota bolota", de Cristina Porto (Editora FTD). Este infantojuvenil tem como protagonista a garota Carlota, que sofre bullying em razão do sobrepeso. Seu irmão lhe deu o apelido que a incomoda tanto. A história narra sua vida até se tornar o destaque no time de futebol.
Morte na família
"O guarda-chuva do vovô", de Carolina Moreyra (Editora DCL). Aborda a relação entre uma menina e seu avô acamado. De forma delicada, mostra que as pessoas queridas continuam conosco, em nossas lembranças e afeto, depois que elas se vão. É uma abordagem sutil sobre a morte, indicada a partir dos 6 anos.
"É assim", de Paloma Valdivia (Edições SM). O livro é sensível e se baseia na certeza de que as pessoas desconhecem a partida e a chegada, além do fato de tudo ter seu lado bom e, também, ruim. É recomendado para minileitores a partir dos 5 anos.
"O coração e a garrafa", de Oliver Jeffers (Editora Salamandra). Para crianças a partir de 6 anos, é um livro importante, porque não busca explicar a morte, mas tratar da tristeza e do luto sentidos quando se perde alguém.
"Começo, meio e fim", de Frei Betto (Editora Rocco). Aborda o tema de forma delicada e sensível, com base na história de uma menina que, numa visita ao avô doente, acaba aprendendo um pouco mais sobre a vida, o amor e a fé, ao lidar com a iminência da morte. A linguagem é descomplicada e o livro, recomendado a partir dos 6 anos.
Inclusão
"Flicts", de Ziraldo (Editora Melhoramentos). Considerado um clássico da literatura infantojuvenil, voltado para o público a partir dos 9 anos, o enredo baseia-se em "flicts", uma cor indefinida, que não tem a força do vermelho, nem se encaixa no arco-íris. Até que, ao final do livro, ela se encontra poderosa.
"Olívia não quer ser princesa", de Ian Falconer (Editora Globinho). Traz a história de Olívia, a garotinha que não quer ser da realeza de jeito nenhum e busca implantar um estilo próprio. É uma bela história de aceitação, voltada para leitores a partir de 5 anos.
"Rodrigo enxerga tudo", de Markiano Charan Filho (Editora Nova Alexandria). O infantojuvenil conta a história de Rodrigo, um garoto com deficiência visual. Seus amigos, porém, percebem que ele tem outras maneiras de enxergar, numa abordagem sensível e tocante.
"Do jeito que a gente é", de Márcia Leite (Ática Editora). Conta as experiências de Chico, um adolescente apaixonado por cinema, tentando assumir sua homossexualidade, e de Beá, a garota que detesta a própria aparência e vive em crise com sua mãe. As vidas dos dois se cruzam quando a mãe dela e o pai dele resolvem se casar. Indicado para adolescentes a partir dos 13 anos.
"Meu amigo autista", de Maria Eduarda Loureiro Grund (Sinopsys Editora). A autora é uma criança de 9 anos, que escreveu sobre as experiências com um amigo autista na escola. É interessante, pois mostra o ponto de vista infantil.
"Daniel no mundo do silêncio", de Walcyr Carrasco (Editora Moderna). Daniel é um menino que perde a audição e parte em busca de recursos para voltar a se comunicar. Ele precisa lidar com a exclusão de colegas na escola e seus desafios que levam o leitor a refletir sobre a grande responsabilidade da inclusão. Indicado a partir dos 9 anos.
"Tudo bem ser diferente", de Todd Parr (Panda Books). Sem uma classificação etária definida e indicado para todos os públicos, aborda as diferenças de cada pessoa, de forma simples e divertida. Consegue tratar diversos assuntos, como: deficiências físicas, preconceitos raciais, adoção e separação de pais, entre outros.
Fontes: Bárbara Snizek Ferraz de Campos, psicóloga especialista em saúde mental, psicopatologia e psicanálise e mestre em antropologia social; Marcella Bianca Neves, neuropsicóloga; Mayra Gaiato, psicóloga e especialista em neurociências e mestre em análise do comportamento (ABA); Regiane Silva Santoro e Sandra Regina Giannoccaro, orientadoras educacionais do Colégio Sion; Thalita Amaral, psicóloga clínica.
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