Mulher trans morre após aplicação de silicone industrial em João Pessoa
A Polícia Civil da Paraíba está investigando a morte de uma mulher transexual que veio a óbito no Hospital Estadual de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena, em João Pessoa, após uma suposta aplicação de silicone industrial na perna.
A cabelereira Maisa Temoteo de Andrade, 34, passou mal na tarde da última terça-feira (4) e morreu na madrugada de ontem. Amigos de Maísa relataram que ela tinha viajado de Cajazeiras, sertão da Paraíba, para João Pessoa para realizar um procedimento de escultura corporal com injeção de silicone industrial.
A Polícia Civil informou que solicitou o prontuário médico de Maísa ao hospital de Trauma, como também o laudo da necropsia realizada no corpo dela. O caso está sendo investigado pela Delegacia de Homicídios da capital, onde já foram colhidos depoimentos de amigos e outras pessoas, que não tiveram a identidade divulgada para preservar a imagem delas.
Um amigo da jovem, que pediu para não ser identificado, relatou ao UOL que o procedimento estava sendo realizado em uma clínica clandestina, localizada no bairro do Varadouro, região central da capital.
"Maísa viajou para fazer esse procedimento, que não era legalizado. A aplicação foi feita por uma pessoa em uma clínica clandestina. Não foi ela mesma quem aplicou porque se fosse ela não teria viajado para realizar esse procedimento", afirmou o amigo da transexual.
O hospital de Trauma de João Pessoa informou que a mulher deu entrada às 16h52 da última terça-feira (4) levada pelo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), após sofrer uma convulsão.
"Ela recebeu os atendimentos necessários, mas não resistiu e foi a óbito às 3h do dia 05 de fevereiro. Como não temos médicos legistas no complexo hospitalar, o corpo foi encaminhando para a Gerência Executiva de Medicina e Odontologia Legal, que irá especificar a causa da morte", informou o hospital, em nota enviada o UOL.
O diretor do hospital de Trauma, Laecio Bragante, em entrevista à TV Cabo Branco, disse que Maísa chegou em "condição acônica, na fase de pré-óbito". Bragante informou a equipe médica constatou que a paciente estava com marcas na perna onde teria injetado o silicone industrial.
"Ela chegou em coma, já com a respiração assistida por aparelhos. Ela adentrou na emergência com a pressão muito baixa e a oxigenação sanguínea muito baixa, já por conta dessa embolia pulmonar maciça. Acreditamos em autoingestão de silicone industrial", disse Bragante à TV Cabo Branco.
O corpo de Maísa foi submetido à necropsia na Gemol (Gerência Executiva de Medicina e Odontologia Legal). O exame deverá especificar a causa da morte da transexual. O laudo deverá ficar pronto em até dez dias e será repassado para o inquérito policial.
Na tarde de hoje, o corpo da trans foi liberado para enterro. O velório está ocorrendo na Central de Velórios de Cajazeiras, desde às 19h, e o enterro está marcado para às 10h de amanhã, no cemitério municipal.
A professora Maria Elza Gomes relembrou quando Maísa fez o curso de cabeleireira na Secretaria da Mulher de Cajazeiras. "Ela sempre chegava às aulas bem-humorada. Era muito educada e brincalhona. A cada reencontro, era sempre uma alegria. Ficam as boas lembranças. Maisa deixará saudades. Mais uma borboleta que agora irá encantar outros jardins", destacou.
Maísa era militante do Movimento em Defesa dos Direitos Humanos LGBTQI+ de Cajazeiras. A entidade lamentou a morte da transexual afirmando que "o Movimento LGBT se despede dessa guerreira e dá continuidade ao seu legado, transmitindo todo o aprendizado de seus atos para as próximas gerações."
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