À espera do casamento, jovens aprendem a perder virgindade em curso online
Aguardar o casamento para perder a virgindade até parece ideia do passado, mas é algo que vem ganhando força nos últimos anos, puxado por jovens que repetem o discurso de que é importante se guardar para o grande amor da sua vida - ou seja, até subir ao altar.
A questão é que, para manterem este propósito, muitos rapazes e moças acabam também se afastando de todo tipo de informação acerca do sexo. Não leem sobre o assunto, fogem da TV quando uma cena mais quente aparece em filmes e nem cogitam conversar com alguém sobre dúvidas e preocupações.
"O problema é que chegam à primeira noite sem ter ideia do que fazer. As mulheres, principalmente, romantizam o momento, mas uma relação sexual pode ficar longe disso", explica a fisioterapeuta pélvica e sexóloga Débora Pádua, de São Paulo, que criou um curso online que ensina a perder a virgindade. O Casar Virgem, idealizado por ela, propõe ajudar casais a se prepararem para a primeira vez.
Virgem até o casamento
Um dos precursores da ideia de esperar a união oficial para experimentar o sexo foi o movimento Eu Escolhi Esperar, que consegue atrair para a sua causa um número surpreendente de pessoas desde 2011, quando foi criado. Seu perfil no Facebook é seguido por mais de 3 milhões de usuários. A página no Instagram acumula outros 2 milhões de seguidores.
"Eu decidi casar virgem quando passei a entender melhor que isso era importante para mim, que era uma maneira de me valorizar e fazer com que meu parceiro me valorizasse. Não é fácil. As pessoas me julgam, meu namorado cobra, mas eu afasto todos os pensamentos e tentações para chegar ao meu objetivo", diz a universitária Camila Santos*, 20 anos, de São Paulo. Ela garante que não sofreu nenhuma pressão para decidir preservar a virgindade.
Mas nem sempre isso acontece. Na maioria das vezes, o motivo para se manter virgem está ligado à religião da família (que condena sexo antes do casamento) ou por exigência dos pais.
Falta informação sobre sexo
Diante do cenário, o curso online chamou tanta atenção que em apenas 15 dias atraiu mais de 300 pessoas, das quais 50 decidiram fazer as aulas. Apesar da maior procura ser de mulheres, o curso é direcionado também para os homens.
"Não é errado casar virgem, o ruim é a falta de informação. Quando o casal se depara com o sexo real, não sabe o que fazer e, em alguns casos, até se arrepende da decisão que tomou", explica a sexóloga.
Dividido em nove aulas, o curso aborda anatomia masculina e feminina, lubrificação, orgasmo e zonas erógenas. Também fala sobre a importância das preliminares, responde às principais dúvidas sobre prazer e traz um checklist do que fazer com antecedência, incluindo visita ao ginecologista e até depilação.
Aprendendo juntos
Com casamento marcado para abril, a secretária Maria Mendes*, 23 anos, de São Paulo, foi uma das que adquiriram o pacote de aulas. Evangélica, ela e o noivo decidiram se preservar por conta da religião.
"Quando nos entregamos de corpo para alguém, confiamos que a pessoa também estará fazendo o mesmo. Sabemos que somos um do outro. E é bom porque não haverá comparação, já que não temos experiência. Vamos aprender juntos", avalia.
"Fiz o curso para me preparar melhor, conhecer o corpo masculino e ficar mais calma para a primeira vez. Como eu não conheço sexo, me ajudou a abrir os olhos e até quebrar alguns tabus do que fazer e o que não fazer. Eu estou mais confiante", conta a secretária.
Maria fala que, por enquanto, só ela fez o curso, mas já convocou o noivo para assistir às aulas. "Ele achou engraçado, mas me apoiou".
Sexo tem que ser prazeroso
Acostumada a receber casos bizarros no consultório, como um casal que passou anos se relacionando sem saber que a transa envolvia penetração, Débora explica que, apesar do sexo ser fisiológico, o prazer está ligado aos conceitos que se tem ao longo da vida.
"A mulher pode até querer transar, mas a cabeça diz 'não'. E ela pode nunca ter um bom sexo na vida", argumenta a sexóloga.
Para ajudar quem está se preservando, a especialista dá quatro conselhos para a ala feminina que vão ajudar na hora H:
- Conheça o seu corpo. Com um espelho, observe seu clitóris, pequenos e grandes lábios, e saiba onde fica a entrada do canal vaginal para facilitar a penetração.
- Capriche nas preliminares para que o corpo se modifique fisicamente e se prepare para a transa.
- Use um lubrificante à base d'água para facilitar a penetração, caso o nervosismo prejudique a excitação.
- Tenha paciência e não queira fazer tudo no primeiro dia. Ambos terão a vida inteira para desfrutar as relações sexuais juntos. Lembre-se: para sentir prazer, é necessário conhecimento e pode levar tempo.
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