Maquiagem feita em salão frustra cliente: é possível entrar na Justiça?
A estudante Eliza Crissia Soares viajou de Belo Horizonte (MG) para Anápolis (GO) só para ir à festa de debutante da prima. Foi a um salão de beleza para fazer as unhas, cabelo e, com preguiça de se produzir sozinha, maquiagem.
A referência dos olhos com sombra rosa esfumada e dos cílios postiços bem colocados estava ali, na foto de uma modelo que ela encontrou nas redes sociais - mas o resultado foi muito diferente do esperado. "Sentei na cadeira para ela me maquiar; quando acabou, olhei no espelho e não acreditava que era eu".
Eliza estava guardando as fotos do resultado desde julho de 2019, quando aconteceu o episódio, mas resolveu colocar público no Twitter depois que outras usuárias publicaram seus exemplos de "realidade longe da expectativa" de maquiagem. A frustração, contou a estudante para Universa, foi aumentando a cada produto que a maquiadora passava - ou não.
"Quando ela não passou nenhum produto para preparar minha pele, eu já achei estranho. E o pior, para mim, foi o resultado do olho. Mas também a base estava estranha, o batom foi passado torto...".
"Estou feia demais"
A história de Eliza - em que um procedimento estético não corresponde ao que foi prometido - precisou de uma "solução às pressas". "Tive que lavar o rosto todo e fiz uma maquiagem mais simples em casa. Antes, falei com a dona do salão em que me maquiei, mas ela disse que pela maquiagem que tinha sido feita, o preço 'estava muito bom'".
Eliza explica que não conhecia o trabalho da maquiadora previamente, mas que tinha sido indicada por uma parente para ir ao salão se arrumar.
Maquiagem deu errado? O que fazer
No início de fevereiro, um salão de beleza em Brasília foi condenado a pagar R$ 3 mil a uma cliente por ter deixado o cabelo dela quebradiço e elástico após um procedimento de coloração. No caso em que se pede uma proposta de maquiagem e o resultado fica muito diferente da referência, é possível trilhar o mesmo caminho?
A advogada especialista em direito do consumidor Camila Andrea Braga explica que sim, mas pondera as condições de cada caso.
"Nesses tipos de serviço, a pessoa está comprando um resultado. Só que existe uma questão de expectativa e de realidade que vai depender muito do que o profissional vendeu a respeito do trabalho dele e da capacidade que ele tem para realizá-lo", defende. "Se você vai fazer uma maquiagem e ela não fica tão boa quanto você queria, no entanto, isso não gera efetivamente [elementos para uma ação de] dano moral ou restituição do valor pago".
A cliente, diz Camila, deve ficar atenta a algumas especificidades, caso queira levar o caso da "maquiagem que não deu certo" para Justiça. Primeiro, é preciso evidenciar o que o maquiador prometia - fotos que ele tinha nas redes sociais dos trabalhos, por exemplo, são válidas.
"Se o profissional publicava um portfólio com imagens e, na hora de maquiar, entrega um resultado aquém do que foi prometido, é possível ter esse abatimento de custo".
Há ainda o fato de a maquiagem ter sido motivo de outros constrangimentos - se a pessoa tinha um casamento ou outra festa para ir logo depois, e precisou voltar em casa para lavar o rosto e se arrumar de novo, por exemplo. O custo para outro profissional fazer uma nova maquiagem também pode fazer parte da ação judicial.
Tudo isso, analisa a advogada, pode e deve ser registrado. "É importante ter prints do marketing que o profissional fez de seu trabalho, confirmar se ele mandava fotos de trabalho dele mesmo".
Negociar diretamente com o maquiador é a principal recomendação. "Lembrando que só não ter gostado da maquiagem não resulta, necessariamente, em devolução de dinheiro".
Caso a conversa direta não seja possível, reúna provas de que houve tentativa de diálogo (para tanto, trate do caso por mensagens escritas, como e-mail e WhatsApp) e busca canais de defesa do consumidor (como Procons), ou juizados especiais de pequenas causas. Vale, ainda, registrar reclamações em plataformas de avaliações de serviços. "Por fim, é sempre recomendável buscar referências da empresa ou do profissional que se está procurando", diz Camila.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.