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Alunas de escola pública de SC vão para a diretoria por "shorts curtos"

Meninas do colégio Elza Pacheco Victor Hering, em Blumenau, fazem protesto depois de irem para a diretoria por usarem shorts curtos - Arquivo pessoal
Meninas do colégio Elza Pacheco Victor Hering, em Blumenau, fazem protesto depois de irem para a diretoria por usarem shorts curtos Imagem: Arquivo pessoal

Jéssica Nascimento

Colaboração para Universa, em Brasília

19/02/2020 15h01Atualizada em 19/02/2020 17h33

Alunas do colégio estadual Elza Pacheco Victor Hering, em Blumenau (SC), foram encaminhadas para direção ontem por estarem usando "shorts curtos" em sala de aula. Segundo as estudantes, a justificativa dada pela direção seria o combate ao assédio. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia, a temperatura na região hoje pode chegar a 32ºC.

A estudante S.R., de 16 anos, contou a Universa que 26 meninas foram chamadas na direção em horário de aula. Os pais das estudantes também teriam sido comunicados sobre o comprimento do short.

Short - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Short que fez aluna do colégio Elza Pacheco Victor Hering ir para a diretoria
Imagem: Arquivo Pessoal

A atitude causou revolta nas alunas, que fizeram um protesto na manhã de hoje no colégio. Todas as estudantes do Ensino Médio foram de shorts para a aula e levaram faixas e cartazes. "Ensinem os homens a respeitar e não as mulheres a temerem", disse uma mensagem.

"Eu estudo no Elza Pacheco há quatro anos e nunca vi alguém ser impedido de usar shorts. Afinal, o que consta como uniforme do colégio é a camiseta com logo, já que não há uniforme padrão para a parte de baixo. Achei desnecessário essa atitude da direção. A escola não pode cobrar uniforme se a instituição não disponibiliza gratuitamente a vestimenta, sabe? Fora o calor em Blumenau", contou a jovem do 2º ano do Ensino Médio.

A mãe de S.R. contou que a diretora chegou na porta da sala de aula e disse: "Quem são as meninas que estão de shorts? Levantem e vão para a direção."

"A temperatura ontem era 46°C e a sensação térmica de 50°C. Impossível ir de calça. Portanto, as meninas se mobilizaram em um grupo, já que a proibição foi somente para elas. Em momento algum foi questionado os meninos. Se é pelo assédio, que os meninos sejam orientados a respeitar as estudantes, não importa a roupa que elas estejam vestindo", alertou a mãe.

Não foi proibição, diz escola

A diretora da escola, Ana Paula Ledra, não quis comentar o assunto. Mas enviou uma nota que diz que o colégio apenas orientou sobre o tamanho do short e que nunca proibiu as estudantes de usarem a vestimenta.

"A direção dialogou com as alunas e telefonou em seguida para os pais para reforçar a orientação de que, conforme definido pela Assembleia de Pais 2019 - com vigência até a próxima reunião -, as estudantes devem utilizar shorts ou bermuda na altura do joelho", disse.

A nota ainda reforça que o objetivo, além de zelar pelas estudantes, consiste em cumprir as normativas internas construídas coletivamente com a comunidade escolar e que se trata unicamente de uma orientação, nunca de uma determinação.

"Nunca se utilizou o termo depreciativo, pejorativo ou preconceituoso. Não há adoção de uniforme escolar além da camiseta que serve para identificação dos alunos. A direção lamenta ter ocorrido uma interpretação incorreta do fato, qual seja, uma simples orientação", afirma um trecho da nota.

A Secretaria estadual de Educação informou que os uniformes na rede estadual de Ensino são definidos em cada unidade escolar, de acordo com o que é pactuado entre a direção da escola e os pais, em reuniões, e documentado.

"O uso de uniformes pode ser determinado como regra. A escola é um ambiente formal, que tem a responsabilidade de auxiliar na formação integral do aluno, preparando-o para a vida em seus mais diversos contextos, pessoais e profissionais. Episódios de discussão sobre o uso do uniforme são oportunidade nesse processo, pois trabalham com o desenvolvimento das habilidades socioemocionais dos estudantes", diz a Secretaria.