Opinião: Bolsonaro, exigimos respeito
Em 18 de fevereiro último, Jair Bolsonaro ofendeu a jornalista Patrícia Campos Mello, do Jornal Folha de São Paulo. Durante uma entrevista em frente ao Palácio da Alvorada, o presidente usou uma frase de sentido dúbio ao dizer que a repórter "queria 'dar o furo' a qualquer preço contra mim". Ao fazer isso, o presidente reiterou Hans River, ex-funcionário de uma empresa de disparos em massa por WhatsApp, na CPI das Fake News —de que Patrícia teria tentado seduzi-lo para obter provas contra sua reportagem. O ataque aconteceu mesmo depois de a jornalista ter apresentado provas que contrariavam o depoimento de Hans.
UNIVERSA, a plataforma feminina do UOL, se solidariza à jornalista e a todas as mulheres que, diariamente, sofrem algum tipo de violência.
Ao cometer essa violência de gênero, o presidente Jair Bolsonaro descumpre a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra a Mulher (CEDAW), em vigor no Brasil desde 1984 e a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência Contra a Mulher, conhecida como Convenção de Belém do Pará, e adotada em 1994.
Na primeira, os Estados se comprometem a condenar a discriminação contra a mulher em todas as suas formas e a zelar para que as autoridades e instituições públicas cumpram essa obrigação; a segunda compreende que é violência contra a mulher qualquer ato ou conduta baseada no gênero. E que toda mulher tem direito a ser livre de violência, tanto na esfera pública quanto na privada.
As duas convenções têm status constitucional (embora existam divergências). "Com essas atitudes, o presidente reitera tudo o que se busca coibir no Brasil", diz Rubia Ads da Cruz, advogada integrante do CLADEM (Comitê Latino-Americano para a Defesa dos Direitos da Mulher).
Mostrar a desigualdade no tratamento e de oportunidades entre homens e mulheres é um dos papeis de UNIVERSA. Cobramos políticas públicas para a defesa das mulheres. Buscamos os mesmos direitos, exigimos que as mulheres sejam tratadas com respeito e dignidade. Quando um presidente da República não cuida de suas palavras — pior, destrata uma mulher em público — temos mais que um desrespeito: temos um retrocesso.
Não baixaremos a guarda.
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