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O Instagram exclui fotos de seios femininos. Por quê?

Foliona no bloco de rua "Orquestra Voadora", no Aterro do Flamengo na zona sul do Rio de Janeiro. (Foto: Danilo Verpa/Folhapress) - Danilo Verpa/Folhapress
Foliona no bloco de rua "Orquestra Voadora", no Aterro do Flamengo na zona sul do Rio de Janeiro. (Foto: Danilo Verpa/Folhapress) Imagem: Danilo Verpa/Folhapress

Marcos Candido

De Universa

20/02/2020 04h01

É época de Carnaval e você quer publicar uma foto de sua fantasia com os seios à mostra no Instagram. Por que não? Acontece que, de repente, a imagem pode desaparecer dos stories ou do feed da rede. Peço calma. Não será o último nem é o primeiro caso. A rede social com mais de 1 bilhão de usuários no mundo não permite conteúdos que avalia como nudez. Leia-se: pessoas peladas em geral. E seios e mamilos femininos à mostra.

Universa apurou que, mesmo com protestos de muitas mulheres, a proibição de seios femininos é uma medida tomada como um meio de proteger usuárias da rede social. A intenção é impedir que nudes sejam publicados sem o consentimento da mulher fotografada e, além disso, evitar que pornografia infantil seja distribuída. A medida também busca impedir crimes sexuais virtuais, como a pornografia de vingança. A rede mantém discrição para justificar a política de proibição.

Por que mamilo de homem pode?

Integrantes do bloco feminista Vaca Profana, que expõe os seios como um meio de expressão durante o Carnaval em São Paulo e Olinda, tiveram fotos deletadas. Fora do Carnaval, o cenário não é muito diferente. A modelo Paula da Silva, 22, do Paraná, teve fotos que desapareceram do feed por darem uma amostra dos mamilos.

"Não entendo por que sexualizam tanto algo que é natural do corpo feminino. Até entendo não mostrar genitália, não é legal ver pênis ou vagina sem querer. Mas mamilos todo mundo tem e ninguém se incomoda quando o homem mostra", diz.

As fotos são deletadas por um grupo de 30 mil pessoas do Instagram no mundo por meio de denúncias e também por um robô que detecta e exclui o conteúdo considerado como nudez. A ideia é atingir um número maior de casos de uma vez em vez de escolher um por um e permitir a propagação das imagens, mesmo que tenham sido publicadas no perfil do próprio dono da imagem. Caso a usuária sinta que a imagem foi apagada por engano, pode ser republicada pelo Instagram.

Mamilos masculinos são permitidos, sim. A defesa para isso é a de que a exposição de um homem sem camiseta não tem o mesmo impacto da exposição não autorizada de uma mulher sem camiseta.

Protestos marcam proibição de mamilos femininos

Desde 2014 o movimento "Free the Nipple", ou "Liberte os Mamilos", mantem uma página que promove uma campanha para pressionar a permissão de mamilos femininos no Instagram. No Brasil, o movimento ficou conhecido como "Mamilos Livres", em 2015.

No ano passado, um protesto organizado por museus e associações britânicas contou com manifestantes nus. Eles seguravam cartazes com close de mamilos recortados. Em setembro, a cantora Ana Canãs também teve uma foto do mamilo censurado na rede e criticou a rede social.

Não à toa, a rede social de Mark Zuckerberg, também fundador do Facebook, atualizou as regras contra nudez nos últimos anos. É possível publicar imagens de seios e recuperar fotos excluídas com seios de mulheres indígenas, obras de arte, amamentação ou de mastectomia, por exemplo.

O que diz o Instagram

Em nota oficial, o Instagram afirma que deseja que a rede seja um "lugar onde as pessoas possam se expressar, mas também temos a responsabilidade de mantê-las seguras. Por isso, nos esforçamos para escrever políticas que equilibrem liberdade de expressão e a segurança dentro da nossa plataforma, e que mantenham uma experiência confortável para nossa comunidade global, que é amplamente diversa, etária e culturalmente. Mais de um bilhão de pessoas no mundo inteiro usam o Instagram todos meses e encontrar esse equilíbrio sempre será menor", afirma a empresa.