Corpo de Iza "deu gatilho" nas pessoas: adianta se comparar a ela?
"Coitada da mulherada do lado da Iza", "Minhas celulites olharam esse corpo e se multiplicaram", "Eu não tenho corpo, eu sou um saco de batata". O corpo da cantora Iza, que estreou como rainha de bateria da Imperatriz Leopoldinense neste Carnaval, virou assunto nas redes sociais e, um vídeo em que ela aparece sambando despertou "gatilhos" em parte dos usuários — que logo passaram a comparar os próprios corpos com o da famosa.
Isso pode impactar na autoestima corporal das pessoas? Consultamos a nutricionista comportamental Paola Altheia e a psicóloga especialista em terapia cognitivo-comportamental Ellen Senra sobre o tema.
Corpo da Iza é comentado nas redes sociais
Em tom de elogio, um usuário escreveu sobre a publicação: "Se o nome desse negócio que ela tem é corpo, precisamos mudar o nome desse negócio que a gente tem".
A partir do comentário, também em tom de brincadeira, muita gente passou a desqualificar o próprio corpo — para se comparar à forma física da cantora. "Já tô chamando essa carne que eu tenho aqui de aberração", "Iza humilha legal!" e as frases que abrem essa matéria foram algumas das afirmações deixadas pelos seguidores.
Outros, no entanto, destacaram que fazer comparação, mesmo que seja para elogiar alguém, pode ser um caminho perigoso e que, sem a gente perceber, pode reforçar a manutenção de padrões de beleza. "Na verdade o negócio é parar de impor padrão de beleza", disse uma seguidora. "Não precisa diminuir ninguém pra fazer elogio", afirmou outro.
"A gente podia ter a opção de escolher ao menos isso, aí quem quisesse 'não se enquadrar aos padrões' não se enquadrasse, mas que eu euzinha queria um corpo desses eu queria", contemporizou outra. Outra usuária fez questão de tentar se consolar comentando que, possivelmente, Iza tem uma rotina muito diferente de nós, "anônimos".
"O q me consola é pensar q ela vive disso, da própria imagem (tbm). Tem personal trainer, nutricionista. Eu sou só uma anônima q pode mt bem comer mais um prato de lasanha", comentou.
Comparar o corpo com o das famosas: tem problema?
É comum que, durante o Carnaval, as "musas" da folia sejam elogiadas por seus corpos. Se comparar à aparência delas, no entanto, destaca a psicóloga Ellen Senra, pode ser uma cilada.
"Nós que estamos vendo as fotos delas, não somos pessoas que trabalhamos com a imagem e, às vezes, temos outras prioridades - como casa para cuidar - e não podemos, por exemplo, passar horas e horas na academia, ou ter tempo para preparar uma alimentação adequada...Ou seja: é uma comparação desleal", analisa.
"Uma coisa é achar o corpo bonito e desejar ter um corpo assim, mas é importante ter a aceitação do que é possível aceitar e a modificação do que é possível. Agora, não existe 'ter o corpo da fulana', porque cada ser é individual não só na essência, mas no biotipo".
"Comparação corporal rouba a alegria"
A nutricionista comportamental Paola Altheia, que trabalha com questões de autoestima e imagem corporal, reforça que a comparação de corpos "rouba a alegria de viver" e pode gerar angústias.
"Tudo porque você passa a criar um parâmetro fora de você, das suas possibilidades e da sua vida. Pautar a autoestima nisso, em como você acredita que deveria ser sua vida ou seu corpo, sempre vai gerar angústia, por depender de um fator externo".
Comparar nossos corpos com o corpo das musas carnavalescas, ela diz, se baseia na ideia de que os corpos femininos deveriam ser iguais. "Há uma expectativa de que seja de 'manequim de loja', sem considerar as diferenças interpessoais, a diversidade... E aí, acontece a divisão entre o corpo 'bom, bonito, desejável' e o 'feio, reprovável'", pontua.
O exercício, explica Paola, é neutralizar o olhar para que as características físicas de outras pessoas não se tornem um "referencial".
"Seu corpo não é pior, é apenas diferente da foto que você está vendo dessas mulheres. E vale dizer que são muitas variáveis que constroem um corpo: rotina, história pessoal, padrão alimentar, se tem doenças crônicas, se teve filhos... Não é só genética", conclui.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.