Modelo desfila em trem do RJ em busca de sonho: 'espero que gostem'
As portas do trem em direção à Central do Brasil são abertas na estação Deodoro e, por entre elas, embarcam três garotas. Uma delas, Lysa Teodoro, toma a frente para explicar que o trio trabalha como modelo e precisa de dinheiro para se mudar para São Paulo, onde foi selecionado por uma agência de modelos.
"Olhem, observem, espero que gostem", anuncia Lysa em voz alta. Logo depois, elas colocam uma música para tocar ("Only girl in the world" de Rihanna). As modelos desfilam de um lado para o outro, como se o vagão fosse uma passarela.
As imagens filmadas em janeiro se espalharam nas redes sociais e tiveram mais de 4.000 compartilhamentos no Twitter. O desfile nos trens da Supervia ajuda a contar a história do ingresso de moradores periféricos no mundo da moda. Embora visados na publicidade, modelos negras, de origem pobre ou fora das grandes capitais ainda precisam de esforço extra para vingar na carreira.
Embarque no sonho
Então moradoras de Nova Iguaçu, Lysa e as amigas Adriely Chagas, 18 e Ester Justino, 19, trabalhavam para agência Workshop Models na mesma cidade, na Baixada Fluminense. Lysa está nessa desde 2016, após vencer o processo seletivo para selecionar um novo nome para o catálogo da agência.
"A gente brinca que Nova Iguaçu é longe de tudo. Para fazer um trabalho fotográfico às 10 horas da manhã no centro do Rio de Janeiro, a gente precisava acordar às 7 horas", relembra.
Para expandir o número de possibilidades de trabalho, era preciso se mudar para São Paulo, que Lysa descreve como "o polo da moda nacional". As três foram aprovadas por uma agência paulista, mas precisavam bancar despesas com viagem, alimentação e aluguel.
Assista
A produtora Kamila Lima, então, deu a ideia de promover um desfile no trem e arrecadar dinheiro. Três vezes por semana (segunda, terça e quarta), por meses, elas desfilaram pelos vagões vestindo camisetas da agência e distribuindo panfletos. Ficaram conhecidas por ambulantes e até por seguranças da Supervia. "Quem não podia ajudar, oferecia uma palavra de apoio para gente, o que é muito importante", diz.
Cada uma das três modelos arrecadou cerca de R$ 200. Com o sucesso das imagens no Twitter, elas conseguiram pouco mais de R$ 2.000, também dividido em três. "No final do dia, todos os guardas e ambulantes já sabiam quem era a gente. Quando voltávamos na segunda-feira, perguntavam por nós e abraçavam nossa ideia", diz.
Há uma semana, Lysa e as duas amigas dividem um apartamento em São Paulo com outras seis modelos.
Sobre o futuro, o que não falta é vontade de brilhar. "Pretendo fazer trabalhos logo em São Paulo e vou levando do jeito que der", afirma Lysa.
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