Clarissa Kiste, de "Amor de Mãe": "Achava minha beleza muito comum pra TV"
Impossível roubar a cena numa novela recheada de nomes consagrados como Adriana Esteves, Murilo Benício e Regina Casé, certo? Não para a estreante Clarissa Kiste, que anda chamando a atenção do público e da crítica como a intérprete de Natália, uma das irmãs de Vitória (Taís Araújo) em "Amor de Mãe".
"Quando comecei a trabalhar, no fim dos anos 1990, achava minha beleza muito comum para estar na TV. Nem sonhava em fazer novela e optei por investir meu tempo atuando no teatro" conta. "Ter 41 anos de idade, 23 anos de carreira e ainda assim ser considerada uma novidade num meio tão competitivo é um privilégio."
A atriz paulistana construiu uma carreira sólida em produções para TV por assinatura, como as séries "9 MM: São Paulo" (Fox), "O Hipnotizador" (HBO), "3%" (Netflix) e "171: Negócios de Família" (AXN), e longas alternativos, como "Ferrugem" (eleito melhor filme no Festival de Gramado) e "Todos Os Mortos", selecionado para o último Festival de Berlim.
"Minha trajetória no audiovisual e a de tantos outros profissionais só foi possível porque houve uma política governamental que entendia a importância econômica da indústria cultural e promulgou leis que facilitavam a produção de filmes e que canais fechados investissem em projetos dramaturgia", analisa.
"Parte da sociedade critica esses incentivos, mas não se importa que outras áreas, como a pecuária, também recebam auxílios similares. Minha luta é fazer com que entendam que cinema também é capitalismo e gera empregos e dinheiro como qualquer atividade econômica."
Pai presente na criação da filha
Foi por meio desses trabalhos no circuito alternativo que Clarissa criou uma reputação e foi indicada para José Luiz Villamarim, diretor de "Amor de Mãe", que buscava novos rostos para o elenco do folhetim. Depois de conhecer o diretor, ela sequer precisou passar teste para ser convidada para viver Natália, que vive o drama de ser mãe solo na novela das nove.
"Ao contrário de minha personagem, o pai de minha filha Eva [o ator Kiko Bertholini] sempre dividiu as responsabilidades comigo", revela. "É muito louco pensar que ter um pai presente na criação de um filho é um privilégio de poucas mulheres."
A atriz afirma que a estreia tardia na teledramaturgia diária não causou nela nenhum tipo de ansiedade ou autocobrança. Clarissa diz que aproveitou o mercado independente para ser dona de si e de sua carreira, aprendendo a negociar cachês e impondo limites para não trabalhar de graça.
"Várias vezes ofereceram menos do que eu merecia, alegando que a visbilidade daquele papel me faria famosa. Agradecia o convite e dizia que vivia de ser atriz e não de ser celebridade", recorda.
Fama x talento
A exposição diária em horário nobre tem feito Clarissa experimentar algo que até então nunca tinha provado: a interação intensa com o público feminino, que a procura para compartilhar vivências sobre as dores da maternidade solo e pedir conselhos sobre como criar crianças sem a ajuda paterna. "Eu, como mãe, me sinto muito feliz em ter esse espaço no horário nobre para mostrar como é importante para toda mulher ter uma rede de apoio para que consiga conciliar todas as tarefas que nos são dadas.".
Apesar de ser reconhecida com frequência, Clarissa não sentiu um efeito típico de quem costuma estar na TV: o aumento do número de seguidores. E atriz não acha ruim o pouco engajamento digital.
"Não acredito que ter um Instagram bombado vai me ajudar a conseguir mais trabalho como atriz. No fundo, as redes sociais foram muito boas para os atores de vocação, pois quem quer alcançar a fama pura e simples consegue esse objetivo sem usar nosso ofício como trampolim", afirma. "Ser popular nas redes sociais até pode levar alguém para a novela, mas quem dura nessa profissão é quem tem algo a acrescentar. Quem só quer aparecer vai ficar no Instagram."
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