Terapeuta é preso suspeito de dopar pacientes com ayahuasca e estuprá-las
A Polícia Civil de Santa Catarina prendeu na tarde de hoje um terapeuta suspeito de abusar sexualmente de mulheres durante as sessões, em Blumenau (SC). Segundo a investigação, ele usava chá de ayahuasca, o do Santo Daime, para dopar as vítimas e praticar o crime. Ao menos 15 vítimas são estimadas apenas na cidade onde o terapeuta mantinha um centro espiritual.
O primeiro caso chegou à Delegacia de Polícia de Proteção à Mulher de Blumenau em janeiro deste ano. Ele foi levado aos investigadores pelo Instituto Feminista Nísia Floresta, que teria recebido relato de mulheres supostamente abusadas pelo terapeuta durante as sessões espirituais.
De acordo com o delegado Davi Sarraff, três mulheres decidiram registrar o boletim de ocorrência, mas a estimativa é de que pelo menos 15 tenham sido vítimas do terapeuta ao longo dos três anos que mantém o centro espiritual em Blumenau.
A Polícia Civil ainda contou com o depoimento de uma testemunha terapeuta que indicou, a partir dos relatos das vítimas, quais seriam as práticas corretas nas sessões.
"Três dessas mulheres contribuíram fazendo registro e o depoimento, e mais uma testemunha, que também trabalha com terapia, para dizer o que seria uma prática comum e o que seria típico do ato dele. Apesar de as vítimas não terem relação de amizade, o relato delas eram bastante próximos", comentou o delegado.
A investigação apurou que o terapeuta se aproximava de todas as mulheres da mesma maneira. Em sessões em grupos, o profissional identificava potenciais vítimas e oferecia serviços de libertação espiritual individual. As sessões ocorriam em uma sala e com uso de chá de ayahuasca, substância alucinógena.
"Ele oferecia um trabalho em grupo e nisso identificava as potenciais vítimas. Ele se aproximava dizendo que essa pessoa estava com problemas de energia e que precisaria resolver o problema. (...) A pessoa perdia o discernimento e a consciência sobre o próprio corpo. Nisso, ele praticava os atos libidinosos, indo desde o beijo, carícia nas genitais e até conjunção carnal", disse o delegado que comanda o inquérito.
Após as sessões, o terapeuta pedia que as clientes não comentassem sobre os serviços, o que, segundo a Polícia Civil, pode ter influenciado no encorajamento das vítimas em denunciar tardiamente.
Casos em outras cidades
A expectativa é de que o número de vítimas aumente, pois o terapeuta também atuou em Santa Catarina nas cidades de Balneário Camboriú, Camboriú, Chapecó e Florianópolis; e no Paraná, em Foz do Iguaçu.
A orientação é que as vítimas procurem as delegacias de crimes contra a mulher de suas respectivas cidades.
O terapeuta não teve o nome nem idade revelados pela Polícia Civil. Ele prestou depoimento na presença de um advogado. Universa tenta localizar a defesa.
Na delegacia, o terapeuta reconheceu alguns atos de relação sexual, mas justificou que eram com consentimento da vítima.
"Ele reconheceu alguns atos e outros não. Disse que não fez nada sem o consentimento da vítima. Ele ainda afirmou que em alguns casos, a vítima estava com a consciência alterada, mas ao mesmo tempo não reconhecia que essa consciência alterada necessariamente significava que a pessoa não consentia. Era muito contraditório", afirmou o delegado Davi Sarraff.
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