Se o BBB20 fosse um processo seletivo, alguém conseguiria emprego?
Uma parte significativa das demissões, segundo especialistas em carreiras, é feita baseada em falhas comportamentais. Problemas para trabalhar em equipe, falta de comprometimento, reatividade a críticas e dificuldade em seguir regras são algumas das razões - e, conforme os experts, o BBB vem sendo um exemplo bastante rico de todas elas. Assim, se o prêmio do reality show fosse uma vaga de emprego, por exemplo, Babu, Victor Hugo Prior, Flay & cia. seriam contratados? Descubra se sim - e os motivos.
Babu: é inteligente, sério e tem boa bagagem de vida, com uma carreira cheia de altos e baixos. Faz a linha pau para toda obra. No entanto, o ator às vezes peca pela rabugice e pela mania de reclamar e nem sempre faz questão de ser sociável. Quem se identifica com ele pode ter um perfil profissional que não combina muito com a função de lidar com o público, por exemplo, mas esse aspecto sempre pode ser trabalhado. É, ainda, observador e centrado, porém se apega a alguns detalhes desnecessários.
Bianca Andrade (Boca Rosa): impulsiva, agiu de maneira equivocada em duas festas e atribuiu o comportamento ao uso do álcool. Quando foi informada de que os homens tinham um plano de seduzir as mulheres para desestabilizá-las no jogo, preferiu ficar do lado deles do que delas. Suas ideias não correspondem ao fatos: ao "ver o ser humano antes de tudo", passou pano para atitudes machistas e misóginas. Se mostrou disposta a ouvir o ponto de vista alheio - uma habilidade bem-vinda no mercado de trabalho -, mas derrapava ao executar a escuta já com excesso de certezas.
Daniel: sofre punições a todo momento por ser distraído. O pior: as punições são coletivas, o que mostra falta de senso de empatia e coletividade. Tem dificuldade em seguir regras e aprender com as próprias falhas. Parece aquele adolescente que não faz nada no trabalho em grupo do ensino médio. A turma reclama, mas coloca o nome dele no relatório porque é o jeito dele, "coitado". Numa empresa, em que cumprir normas e prazos pode comprometer tempo e dinheiro, dificilmente isso aconteceria. Alguém com o perfil de Daniel poderia até ser contratado pelo perfil boa praça, mas duraria pouco na função.
Felipe Pior: é mal-educado, grosseiro e boca suja. Ainda assim, é o típico "protagonista anti-herói" que faz o jogo andar. Tem se mostrado o favorito do público, mas por ser esquentadinho também pode colocar tudo a perder. Traçando um paralelo com o ambiente corporativo, sua sede de atingir o topo (vencer o reality) poderia ser encarada como "fominha" pelos colegas. Porém, provavelmente seria o queridinho do chefe (Boninho) por gerar lucro (conteúdo e diversão).
Flayslane: esquentada, é do tipo que não admite críticas nem que apontem seus erros. Provavelmente, já ficaria melindrada numa entrevista de emprego ao ser questionada sobre seus pontos fracos. Funcionários reativos a feedbacks e que sequer se dispõem a escutar os outros em geral são tidos como inflexíveis - o que, nem de longe, é algo tido como positivo e desejável.
Gabi Martins e Guilherme Napolitano: formaram casal no BBB, se deixaram levar pelas emoções, viveram um romance considerado abusivo e se perderam no jogo. A fragilidade de Gabi vem escondendo-a dos votos dos demais e pode até conduzi-la ao segundo lugar do programa, mas dificilmente a fará conquistar o prêmio principal. A comunicação bastante confusa, as atitudes contraditórias e a falta de foco na missão principal - ganhar o prêmio de R$ 1,5 milhão de reais - apontam, que, num processo seletivo, não estariam tão interessados assim na vaga.
Gizelly: parece que vai render, tem boas tiradas, mas vem se escondendo muito atrás da amizade com Marcella. Ela oscila em crescer no jogo e se deixar levar por onde for mais confortável. Como o mercado de trabalho entenderia essa falta de comprometimento e até de lentidão para se aventurar mais?
Hadson: machista também, articulou com Lucas o plano de seduzir as mulheres para desestabilizá-las. Quando o plano veio à tona e foi questionado, desmentiu a história e ainda se colocou no papel de vítima. Ninguém deseja trabalhar com quem não banca a própria narrativa.
Ivy: é gente boa, espontânea e até engraçada, mas parece não ter opinião. Parece sempre precisar que os outros indiquem o caminho a seguir. Pode chegar até a final, mas dificilmente conquistará o primeiro lugar. Numa empresa, a determinação e o comprometimento teriam que ser trabalhados.
Lucas Gallina: infantil, depois que foi eliminado disse que deixou um ovo podre escondido na casa para "trollar" os ex-companheiros de confinamento. É autêntico, mas muito arrogante e cheio de si. Faz questão de deixar claro que vive numa bolha de privilégios. Numa seletiva de emprego, provavelmente seria eliminado de cara e falaria algo do tipo "Eu nem queria a vaga, mesmo, mereço muito mais!".
Lucas Chumbo: foi o primeiro eliminado do programa, pelas atitudes machistas e pela facilidade de ser manipulado pelo efeito "manada". Num cenário em que os ambientes profissionais buscam a igualdade de gêneros, possivelmente um funcionário como ele seria enquadrado.
Manu Gavassi: é inteligente, autêntica, ponderada e objetiva nas colocações, mas não é sempre que se compromete com o jogo. Ou seja, a cantora não faz o estilo que veste a camisa da empresa. Dificilmente alguém como Manu se mostraria disponível para horas extras e funções não remuneradas. No entanto, é um perfil interessante para muitas equipes, pois existe um potencial a ser lapidado e garra para bancar muitas situações - como subverter o estigma de pequena e frágil ao se mostrar cheia de opinião.
Marcela: perdeu um pouco do foco do jogo ao se envolver com Daniel. E tudo indica que o sucesso subiu à cabeça quando soube que tinha ganho 2 milhões de seguidores. Num dia a dia numa empresa, seria aquela funcionária nova que, ao chegar, parece que vai arrasar e mudar tudo para melhor, mas conforme o tempo passa se deixa envenenar pela rotina e por amizades.
Mari Gonzalez: é nítido que na casa do BBB a ex-Panicat leva e traz as informações, gosta de uma fofoquinha e faz pressão psicológica nos tidos como mais "fracos". Alguém como Mari poderia ser contratada pela simpatia e pelas promessas de bom desempenho, mas provavelmente se revelaria uma decepção em poucas semanas no cargo.
Petrix: assediou sexualmente duas participantes e também tinha falas e posturas machistas. O ginasta ainda mostrou necessidade excessiva de admiração, sentimento de superioridade, e comportamentos de busca por poder. Numa "firma", seria aquele que provavelmente competiria com o próprio chefe.
Pyong: é inteligente, mas abusa da manipulação e é arrogante, peca pela soberba. Levou uma bronca por assediar as mulheres. Seria um funcionário difícil de comandar, em especial pelo eterno tom de deboche na cara, mas com o perfil ideal pra quem quer um workaholic na equipe. Na primeira dinâmica, bastaria perguntar: "Quantos de vocês já perderam o nascimento do filho em prol do trabalho?".
Rafa Kalimann: é a "fada sensata" da casa. Ponderada, não "desce do salto" nos embates. Parece que só tem momentos de brilho próprio quando é desafiada. Porém, o estilo da influenciar é necessário para manter uma equipe equilibrada. Ela tem opinião, mas não impõe no grito. Não é líder, mas recebe o respeito dos colegas. Ouve mais do que fala e não cria situações que tirem o foco do objetivo.
Thelma: embora dificilmente se coloque no centro das atenções, ela é simpática, articulada, esperta e centrada. Traçando um paralelo com o mercado de trabalho, arrasaria na entrevista de emprego e cumpriria prazos. Seria um bom ganho em qualquer equipe, pois se impõe apenas em situações pertinentes, não gastando energia com conflitos fúteis e/ou desnecessários.
Victor Hugo: perdeu mais tempo em meio às fofocas do que tentando pensar numa estratégia de sobrevivência. Também gastou energia ao "performar" um amor platônico por Gui. Tem uma enorme necessidade de ser amado, mas é claro que sua postura fofoqueira não permite que isso aconteça. Causador de discórdias, seria aquele empregado que cisca para vários lados e no fim só angaria a antipatia generalizada. Outro ponto contra é a mania de querer bancar o palestrante sem ter foco ou clareza no que quer expressar.
* Fontes consultadas: Mônica Bayeh, psicóloga clínica e psicoterapeuta do Rio de Janeiro (RJ); Madalena Feliciano, diretora de projetos da Outliers Careers, de São Paulo (SP), e presidente do IPC (Instituto Profissional de Coaching), e Tania Gomes Luz, fundadora da GirlBoss e vice-presidente da Abstartups (Associação Brasileira de Startups)
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