Shantal Verdelho: "Coronavírus foi brando, mas tive crise de ansiedade"
A influenciadora digital e empresária Shantal Verdelho foi diagnosticada, no último dia 16, com covid-19. O coronavírus não infectou apenas ela, mas também seu filho Filippo, de apenas 1 ano. Ambos estavam no casamento de Marcella Minelli, irmã da também influenciadora Gabriela Pugliesi, em Itacaré, na Bahia, que aconteceu em 7 de março.
Depois da cerimônia, alguns convidados começaram a apresentar os sintomas, e vários foram diagnosticados com a doença, como a própria Gabriela e a cantora Preta Gil.
Shantal acredita que o marido, o modelo e DJ Matheus Verdelho, também esteja infectado. Mas, como apresenta sintomas brandos, eles decidiram não superlotar o sistema de saúde e recolherem-se, todos, em casa.
Ela e o filho também não ficaram muito mal com os sintomas do coronavírus. Segundo ela, o pior foi sua saúde mental. "Na tentativa de entender mais sobre o assunto, fiquei vendo os noticiários e lendo tudo que mandavam pelo WhatsApp", conta. Sem ar, pensou em ir ao hospital. Mas preferiu ligar para o médico, que fez um teste com ela. "Era o princípio de uma crise de ansiedade causada pelo excesso de informações e fake news."
A influenciadora afirma que, para ela, o pior de tudo foi ficar sem poder ver a família e abraçar a mãe, que fez aniversário recentemente. Aqui, ela divide como está enfrentando esses dias malucos:
"Quando fomos ao casamento de Marcella Minelli e Marcelo Menezes, em Itacaré, eu já estava preocupada com a expansão do coronavírus no mundo. Mas, naquele momento, nem imaginava que a gente fosse viver tudo o que outros países estavam vivendo.
Não havia recomendações de isolamento social no Brasil. Aquele era um momento muito importante para mim e meu marido, porque nosso filho, Filippo, de um ano de idade, ia ser pajem. Ele tinha acabado de aprender a andar e vê-lo levar as alianças para nossos amigos foi um momento muito especial para nossa família.
Cuidado já no voo de volta para São Paulo
Na volta para São Paulo, estava sentindo sintomas típicos da gripe, como coriza, tosse, dor de cabeça. Até diarreia eu tive. Pedi para Matheus para ir comprar álcool gel e máscara para usarmos no avião. Desde que virei mãe, redobrei meus cuidados com higiene e, a qualquer sinal de resfriado, já uso máscara, pois aprendi que outras pessoas podem se prejudicar com um simples resfriado nosso.
Chegando em São Paulo, como os sintomas persistiram e começou a circular a notícia de que convidados do casamento tinham coronavírus, fomos fazer o teste. Na hora em que li que eu e Filippo estávamos infectados, desacreditei. Não tenho palavras para explicar o que passou na minha cabeça naquela hora.
Só não fiquei desesperada porque Filippo, quando foi diagnosticado, já estava melhorando dos sintomas. Ele teve febre, mas reagiu bem à medicação e a febre baixava sempre que ele tomava remédio. Além disso, eu estava em contato com nosso pediatra, que explicou como seria e o que teria que fazer. Ele foi muito didático e ter recebido todas essas informações me deixou segura.
O marido Matheus deve estar contaminado também
Matheus ficou supertriste e incrédulo com nosso contágio. O exame dele tinha dado negativo, mas, logo depois que soubemos dos nossos positivos, ele começou a apresentar todos os sintomas que eu e Filippo tivemos. A gente acredita que ele está com coronavírus também, mas não vamos testar novamente.
Não queremos lotar o serviço que está sendo tão importante para quem precisa.
Matheus apresentou sinais brandos de covid-19. Então decidimos ficar em casa em quarentena para não colocar a vida de ninguém em risco.
O que posso dizer sobre o coronavírus é que com a gente, ainda bem, foi tudo muito leve. Não sentimos nada muito grave. Foi uma tosse aqui, um espirro ali, nariz entupido, febre. Durante todo esse tempo, meu filho não ficou amuado, nem sofrido. Ele ficou ativo, alegre, brincalhão. Só teve o desconforto da febre.
Crise de ansiedade
A pior parte de toda essa história é o medo que estou sentindo. Tenho medo pelas pessoas que são grupo de risco, pelas pessoas que estão internadas em estado grave, medo pelo desemprego que essa pandemia vai causar.
Se pudesse dar um recado às mães de crianças pequenas, diria para elas não ficarem tão preocupadas. Se a criança não tem condição de risco, não apresentar doenças graves que o coronavírus pode agravar, ela vai sentir como se estivesse sofrendo de um resfriado. Filippo já teve uma gripe que foi muito pior que o covid-19.
Então, vai dar tudo certo, pois crianças têm uma capacidade maravilhosa de recuperação.
Um fator importante é cuidar de nossa saúde mental. Na tentativa de entender mais sobre o assunto, fiquei vendo os noticiários e lendo tudo que mandavam pelo WhatsApp.
Fiquei sem ar. Achei que fosse por causa do corona. Matheus quase me levou para o hospital, mas resolvemos ligar para nosso médico, que fez um teste de respiração comigo por telefone e disse que estava tudo bem. Aquela falta de ar era o princípio de uma crise de ansiedade causada pelo excesso de informações e fake news. Depois de passar por isso, digo a todo mundo que se informe através de fontes seguras.
Gerenciamento do tédio do isolamento
Outro aspecto complicado do distanciamento social é gerenciar o tédio do Filippo. Como explicar para um bebê que não podemos mais brincar ao livre como antes? Ele fica injuriado e chora.
Esses dias, Matheus pegou Filippo e ficou dando voltas de bicicleta na garagem. Antes da pandemia, não colocava meu filho para ver TV ou tablet, mas agora estou liberando. Estou sendo obrigada a exercitar minha criatividade para pensar em atividades para meu filho se entreter.
Por outro lado, sempre reclamo que trabalho demais e não tenho muito tempo para passar com meu filho como eu e ele gostaríamos. O coronavírus nos deu essa possibilidade. Estou aproveitando isso.
Abraço em mãe representa risco
A parte mais difícil de todo esse processo foi ficar longe da minha mãe. Ela fez aniversário recentemente e não pude vê-la. Meu abraço em minha mãe representa um risco de vida. Isso é muito triste.
Ficar longe de todos é certamente o pior. Morro de saudade da família e dos amigos.
Eu estou com saudade de deixar o celular de canto. Nunca valorizei tanto olhar nos olhos das pessoas, poder abraçar os outros.
No resto, tenho tentado tocar minha vida normalmente. Sou dona de duas marcas (uma de joias e outra de biquínis), que só estão fazendo vendas online, e sigo com meu trabalho como influenciadora no Instagram.
Trabalho para muitas marcas pequenas que precisam se manter ativas. São poucas as empresas que têm "gordura" para ficar fechada por dois, três meses sem quebrar. O que puder fazer para ajudar os pequenos empresários eu faço.
Não fiquei me culpando, nem me perguntando se poderia ter me precavido melhor. Sei que não fui responsável pela transmissão de ninguém. É a maior besteira procurar culpado nesse momento. O que isso vai mudar a situação? Se eu tivesse que pegar, ia pegar de qualquer maneira, pois não acredito que nenhuma folha caia da árvore sem a vontade de Deus.
Tinha algum motivo para isso acontecer comigo. Em vez de procurarmos os culpados, temos que focar a energia para saber o que podemos aprender com essa situação, em que aspectos podemos melhorar e o que devemos mudar em nós e no mundo."
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