Sexo em tempos de coronavírus: sem beijo, tudo bem?
Mão ali, boca aqui...Não, espera. A OMS recomendou medidas de distanciamento social para conter o avanço do coronavírus pelo mundo; e, entre elas, está o isolamento entre as pessoas. Diante desses procedimentos, com boa parte da população trabalhando de casa, com mais tempo livre, surge a questão: pode transar no meio da pandemia?
Afinal, coronavírus é transmitido pelo sexo? O que dá para fazer nesse período "de seca"?
Beijo, transa em tempos de Coronavírus: o que muda agora?
A infectologista Raquel Stucchi, da Unicamp, explica que pode haver transmissão do vírus em práticas que envolvam saliva — beijos na boca, sexo oral, lambidas. "Há risco de transmissão sempre que houver contato de mucosas, saliva e, eventualmente com fezes".
Assim, se já é recomendado ficar longe de beijos na boca, o beijo grego — carícia feita com a língua no ânus do parceiro ou parceira — também é arriscado.
Se há suspeita de que a pessoa esteja com coronavírus, explica a infectologista, é importante ficar atento aos sintomas: o desconforto intestinal e a diarreia, apesar de serem raros, e se assemelharem aos possíveis sintomas de um resfriado, podem ser indicativos.
Ok. Mas transmite pelo sexo?
A professora afirma que, até agora, não se sabe de estudos que associem a transmissão da covid-19 por secreções do corpo durante o ato sexual (ou seja, sêmen, lubrificação da vagina).
A saliva continua sendo o "fluido proibido", no entanto. Espirro, tosse e a transmissão pela mão (que é levada aos olhos, à boca) também entram na lista.
"Parece ironia querer transar no século da pandemia"
Para a sexóloga Vanessa Inhesta, transar ou não durante a pandemia é mais do que assunto de recomendação médica; mesmo porque não dá para deixar de lado o comportamento sexual das pessoas, suas vontades e, inclusive, o fato de alguns se sentirem mais estimulados a fazer sexo para amenizar a ansiedade.
Alinhada às recomendações das autoridades médicas, ela ressalta que o cuidado com a saúde de todos é a "maior forma de carinho" que as pessoas podem ter agora. "Mesmo porque, quem está contaminado pode ter o vírus incubado por no mínimo 14 dias sem saber. A melhor coisa é respeitar o outro".
E "vamos de seca"?
Os solteiros, e que usam aplicativos de relacionamento, estão sendo orientados a adiarem dates (ou fazê-los virtualmente). Mesmo porque bares e restaurantes estão fechando as portas como medida de prevenção no momento em que vivemos. Mas ficar "na seca", diz a sexóloga, não é necessariamente ruim. "Pode ser um período para se descobrir, se masturbar, ler contos eróticos", recomenda.
Fazer e pedir transmissões pela internet - tendo o cuidado de não mostrar o rosto, como forma de proteção da identidade - para o contatinho (alô, saudosos da webcam) também é uma forma de explorar o prazer sexual sem encostar em ninguém.
Vai atrapalhar o casalzinho aí?
É dado que a rotina imposta pelo novo coronavírus já altera a vida dos casais, tanto no aspecto emocional quanto no sexual. Afinal, se você mora com seu parceiro ou parceira ou se tem um relacionamento estável e ambos estão em isolamento social, a orientação de não trocar saliva em um beijo ou mesmo de não transar pode ser difícil de seguir (não à toa, nas redes sociais, já há sugestões de que os bebês que nascerão de um 'sexo na quarentena' serão da geração dos Coronialls). Difícil, sim, mas a recomendação é que não aconteça troca de salivas.
E os especialistas da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp reforçam: o coronavírus afeta a vida sexual das pessoas porque somos recomendados a "restringir nossos parceiros, por precisarmos viver no isolamento social".
Se a pessoa está doente - e aí, pode ser até uma gripe comum, que é diferente de coronavírus - a coisa muda de figura: ela deve se manter distante do par e seguir recomendações de limpeza, por exemplo, para evitar a contaminação.
Os médicos da Unicamp ainda pontuam os aspectos que envolvem as doenças e o nível de tesão pelo parceiro ou parceira, já que quem está doente "fica com menos disposição para transar; espirrando e tossindo, eliminando secreções, pode se tornar menos atrativa ao ato sexual".
Como manter o tesão em tempos de pandemia
Como outras atividades que fazemos presencialmente e que migraram, nestes tempos, para o mundo virtual, o sexo também pode ser feito à distância. A seguir, algumas dicas da sexóloga:
- Sexo verbal: é possível aproveitar o momento para praticar o "dirty talking", ou seja, falar sacanagem com o pretendente que está distante ou com quem mora com você. "Cada um pode ficar em um cômodo e, pelo telefone, falarem sobre sexo, sobre os desejos", diz Vanessa. A proposta é perder a timidez e usar frases e expressões bem ousadas - para deixar o parceiro bastante excitado.
- Strip tease pela câmera: no celular ou no computador, marque uma sessão de strip tease à distância. Com música ambiente, vá tirando devagar cada peça de roupa. Se não é possível o toque, invista também nas nudes, que são um exercício de sexualidade. Tome cuidado com sua privacidade - corte o rosto ou qualquer parte que possa identificar seu corpo. É importante lembrar que o vazamento de nudes é crime pela lei A Lei 13.718, de 2018.
- Escreva e leia contos e mensagens eróticas: despertar a imaginação não custa nada. Deixe mensagens em papéis para o parceiro, descreva o que te excita. Sozinha ou acompanhada, leia contos eróticos.
- Neste momento, também vale escrever para o parceiro para falar de sentimentos ou praticar a DR de forma mais tranquila. "Nos meus atendimentos, 80% dos casais t^êm medo de falar sobre a relação para não se magoarem. Ao colocar no papel, conseguimos dizer com mais clareza o que queremos. É preciso levar em conta o emocional nestes momentos".
- Masturbação: ao lado do parceiro ou sozinha, pratique masturbação. O estímulo com as mãos (devidamente higienizadas) ou com brinquedos eróticos pode ser um convite para descobrir seu próprio corpo e os pontos de prazer. "Se os parceiros vão usar juntos, recomendo o uso de bullets, que são um sucesso nas lojas eróticas para o uso com mais pessoas".
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