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"Alguns homens têm resistência", diz 1ª presidente do sindicato da PF-SP

Primeira presidente do sindicato dos policiais federais de São Paulo - Arquivo
Primeira presidente do sindicato dos policiais federais de São Paulo Imagem: Arquivo

Marcos Candido

De Universa

22/03/2020 04h00Atualizada em 22/03/2020 13h26

O sindicato da Polícia Federal em São Paulo terá a primeira presidente mulher em toda a história no estado. A policial Susanna Do Val Moore tomou posse do cargo no dia 13 em um momento em que as mulheres têm conquistado cada vez mais espaço em uma corporação onde os homens são a maioria dos agentes.

"Quando me tornei agente da Polícia Federal em Bagé, no Rio Grande do Sul, era a única mulher policial", lembra em conversa com Universa. Hoje, ela vai ajudar a pôr em prática uma diretoria nacional das mulheres da Polícia Federal, criada em março na Federação Nacional dos Policiais Federais.

Formada em direito, Susanna prestou concurso em 2004, ano em que sentiu que a instituição conquistou independência no combate ao crime. Naquela época, a corporação ainda não tinha roupas apropriadas para as mulheres, nem cursos específicos para as novas agentes.

Treino de tiro

Em parceria com colegas de farda, ela encabeçou a criação de um grupo de treino de tiro exclusivo para mulheres. O treinamento contava com pistola usada por policiais no cotidiano a armas maiores, como submetralhadoras. A instrução leva em consideração a agilidade a até mesmo a anatomia da mulher para segurar as armas de fogo.

Em uma de suas primeiras operações, Susanna conseguiu investigar de perto um grupo de tráfico de drogas no Rio Grande do Sul. "Consegui me aproximar até por ser mulher e, com isso, terem menos desconfiança da minha aproximação", diz.

Segundo a federação dos policiais federais, a estimativa é de cerca de 15% de mulheres em um efetivo de 14 mil policiais federais. Dos 27 sindicatos no país, apenas quatro são presididos por mulheres: Pará, Paraná, Santa Catarina e, agora, São Paulo.

"O ambiente policial não é fácil para ninguém, menos ainda para quem é mulher. Muitas vezes, laguns homens têm certa resistência em trabalhar com mulheres na parte da operação, mas logo percebem que fazemos o mesmo trabalho muito bem feito", diz.