Luana Piovani: "Quem precisa do meu ex-marido são os meus filhos"
Com um filtro de "Dia dos Pais" no Instagram, em que acrescentava um bigode falso sobre a boca, a atriz Luana Piovani celebrou a data em homenagem à figura paterna — em Portugal, 19 de março — comentando com seus 3,6 milhões de seguidores que ela era "pai e mãe".
Luana e os filhos — Dom, que fará 8 anos nesta semana, e os gêmeos Bem e Liz, de 4 anos e meio — não moram mais no Brasil. A família foi para Portugal antes da separação. Pedro Scooby não ficou no país lusitano e, por isso, a configuração familiar se tornou bem semelhante com a de 45% das 71 milhões de residências brasileiras: todas elas são chefiadas por mulheres.
A carga mental, a criação das crianças quando os pais são separados e o cotidiano de educá-las — especialmente em tempos de isolamento social, quando os pequenos estão mais tempo em casa — são angústias compartilhadas por essas mulheres, que ainda precisam enfrentar estabilidade de emprego e preconceito até quando se relacionam (ou tentam se relacionar) com outras pessoas.
Fato é que, no caso de Luana e Pedro Scooby, que se separaram há um ano e um mês, as situações relacionadas à criação dos filhos ganham projeção nas redes sociais. Figuras públicas, os dois, por vezes, trocam declarações a respeito do tema nos Stories do Instagram. Na mais recente publicação, o surfista comentou com seus seguidores sobre o valor da pensão enviada aos três e sobre não ter guarda compartilhada com a ex-parceira, pelo fato de viajar muito a trabalho.
"Guarda compartilhada não dá, porque eu viajo o mundo o ano inteiro por causa do meu trabalho e a Luana me conheceu assim. Quando não estou viajando trabalhando, eu estou com as crianças em Portugal. Quanto à pensão, eu só deixei de dar o que ela mandava e dou o que é necessário" disse, na rede social.
Em entrevista exclusiva para Universa, Luana Piovani fala sobre como é "ser pai e mãe", o impacto da separação entre ela e o surfista Pedro Scooby na vida dos filhos e a necessidade da independência financeira da mulher. Ela também comentou o episódio da pensão.
"Ele pagou a pensão, mas não o que combinamos. Na verdade, ele fala que eu estipulei, mas não; foi algo combinado. Então, ele resolveu depositar R$ 5 mil, que é o que ele acha justo para três crianças na Europa", pontuou.
Confira a entrevista.
No Instagram, você comentou que tem sido "pai e mãe" ao mesmo tempo. Como tem sido isso em tempos de isolamento?
Para minha sorte, meus pais estão aqui em Portugal. Eles compraram apartamento, não se mudaram definitivamente ainda, mas vieram passar três meses. Foi aí que isso tudo aconteceu. Como as crianças são apaixonadas por eles, temos essa possibilidade de irem um pouco para a casa dos avós.
Outra coisa, a gente mora numa casa muito confortável, temos uma brinquedoteca imensa, um pula-pula gigante no quintal. A área aqui também é muito tranquila, eles podem andar de skate e bicicleta na rua. Dentro do possível, estou bastante confortável.
A dificuldade maior é lidar com o tédio. Porque, com as crianças, eu me divirto: quanto mais a gente convive, mais eu vejo as falas engraçadas, os assisto descobrindo o mundo, trocamos carinhos...Tem a parte boa de estar mais perto.
Muitas mães estão nesta situação de cuidar dos filhos sozinha. Como é seu dia a dia na criação deles?
É uma rotina pesada. São três crianças pequenas, "endiabradas". Eu digo que pari três sacis.
Você faz tudo sozinha?
Eu tenho ajuda: uma pessoa na minha casa cozinha, lava roupa...E moro com uma amiga minha.
Eu vim do Brasil para cá com meu então marido e com a Ângela, que também é produtora teatral. Ela me dá suporte no cotidiano e na criação das crianças. Mas ela não é uma babá. E foi assim: quando eu vim para cá, já sabia que não podia contar tanto com o pai. Ele me daria suporte, mas não nesse sentido. Então, eu precisaria de alguém aqui quando eu viajasse.
E quando eu estou aqui, sou eu que dou banho nos três, que corto as sessenta unhas semanais, que faço a lição, que boto para dormir...Faço tudo porque, primeiro, não me sinto confortável em deixar a minha amiga fazer, porque ela não é babá. Segundo, porque as crianças demandam muito de mim, querem a mãe. É cansativo...E, na verdade, educar é cansativo, porque nada mais é do que estar o tempo todo dizendo 'não', 'não pode', 'precisa melhorar isso'.
Qual a imagem que seus filhos têm do pai e da mãe?
O Dom já fala muito: 'Eu quero morar com meu pai'. E é claro! Porque o pai aparece aqui, passa o dia no parque de recreação, vai comer no Mc Donald's, dá alguns presentes, um skate. Mas isso não só em casais separados. Na maioria dos casos, a mãe tem tendência a 'puxar' pela educação. Esse lugar é até óbvio.
Você está separada há pouco mais de um ano. Como acha que isso impacta nos seus filhos?
A minha relação começou a se deteriorar quando os gêmeos nasceram. Então, o Pedro tem uma ligação muito forte com o Dom. Porque quando a gente se separou, eles ainda eram muito pequenos, e o pai já viajava muito. E mesmo quando ele estava em casa, eu que tomava a frente — o que hoje eu considero um erro — com a babá. E aí ele se distanciou.
Quando percebi, estava casada com um solteiro e sendo "mãe solteira" de gêmeos.
O Dom sente muita falta dele. Me dói muito, porque eu vivi isso. A primeira vez que vi o Dom sofrendo quando o Pedro virou para ir embora, eu quase morri. Porque me veio a cena do meu pai indo embora. E é triste ser mãe e não poder evitar que o seu filho passe por coisas assim... O Dom cria expectativa, fica ansioso.
E na sua vida, o que mudou depois da separação?
É muito doido dizer isso: a minha vida é quase mais fácil sem o meu ex-marido. Porque eu tinha que lidar com demandas emocionais mais pesadas no casamento. Hoje, minha demanda é de cansaço físico e mental. Era mais difícil lidar com as pautas do meu relacionamento do que com as dificuldades de uma mulher separada. Até porque a minha realidade é muito diferente da maioria das mães solo e da minha mãe até. Ela, por exemplo, não tinha dinheiro para manter as coisas. Já eu não preciso do meu ex-marido para nada.
Quem precisa do meu ex-marido são meus filhos. E, na verdade, emocionalmente.
E estou me organizando, inclusive, para parar de exigir a presença dele. Isso tem que ser dele, né? Mesmo porque, ao fazer isso, eu crio conflito. E é uma coisa que eu não posso desejar pelo outro. O Dom faz 8 nesta semana. Inclusive, vai ter que lidar com isso: não ter o pai aqui e não ter festa.
Você é filha de pais separados. Como foi sua história?
Meus pais se separaram quando eu tinha dois anos; seis meses depois, minha mãe conheceu meu padrasto. E ele é meu pai. Tenho um histórico de pais separados, mas de um pai presente. Eu tinha muito amor dentro de casa, a figura masculina dele.
Tinha para quem dar o presente do Dia dos Pais que eu fazia na escola. Minha mãe e meu pai — que eu chamo de "biológico" — não se davam bem. Não foi ele que entrou comigo na igreja e não é ele que está minha certidão de nascimento, apesar de a gente ter uma relação, ele conhecer meus filhos.
Como você avalia a sua relação com o Pedro neste lugar de pais das três crianças?
Poderia estar pior, porque eu vi a relação do meu pai e da minha mãe em lugares piores do que a minha história. Mas eu achei que eu e Pedro teríamos uma relação muito boa, porque a gente é jovem, esclarecido. E nenhum dos dois precisa do dinheiro do outro. Mas inacreditavelmente a gente tem uma péssima relação. A meu ver, eu consigo "cortar isso na carne" para as crianças ficarem bem — o que parece ser uma característica das mulheres. Parece que, para nós, dói menos o sacrifício do que para o homem. E ele não "corta na carne".
Você fala de "cortar na carne" relacionado à postura de resguardar os filhos, mesmo com uma relação ruim?
É pensar: "A gente está com uma relação péssima, mas os filhos existem". Eu, por exemplo, acho que ele deveria vir ficar com os filhos. Fazer quarentena aqui. Tantos correram para a família ao saberem as orientações de se evitar convívio social; ele indo a festa e postergando vir. Assim, só aumenta a distância dele com o filho.
Apesar de cada uma ter sua história, tem muita mulher que se identifica com suas falas sobre a maternidade. Que mensagem você daria a elas?
Não tem nenhum manual, estou sempre tentando acertar, mas me vejo errando muitas vezes. O que eu acho mais importante é as mulheres terem independência financeira. Eu sei que é difícil. Eu tenho a referência da minha mãe — ela trabalhava, mas não tinha condição de sustentar a casa sozinha. Tenho amigas que sempre trabalharam, eram independentes e aí resolveram ficar um tempo em casa, curtir os filhos. Quando se separou, estava há 15 anos fora do mercado de trabalho e estava bem mal. Então, acho que é imprescindível manter a independência financeira, quando for possível.
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