BBB Gizelly quer se cortar. Mulheres sofrem mais com automutilação; entenda
Após uma discussão durante a festa do BBB nesta quarta (25), Gizelly anunciou a vontade de se cortar. "Eu quero ir embora, não aguento mais ficar aqui. Quero me cortar, quero me machucar, quero sair daqui", gritou para Thelma.
É o chamado cutting (ou "cortando", em inglês), um problema que deve acertar o alerta a quem está próximo e já é visto como um problema grave entre mulheres do mundo todo. Não à toa, as mulheres têm duas vezes mais propensão a se cortar do que os homens. O ato demonstra características daquilo que causa sofrimento à pessoa.
Mulheres sofrem mais com cutting
As mulheres estão duas vez mais propensas a se cortarem do que os homens, de acordo com pesquisa do instituto britânico Yougov. Os episódios de cuting, aliás, costumam aparecer cedo. Um estudo da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) mostra que 10% de meninas entre 10 a 14 anos relatam episódios de autolesão — na projeção, o problema pode afetar a 1,7 milhões de garotas brasileiras.
As escolas são obrigadas a notificar casos
Desde abril de 2019, as escolas são obrigadas a notificar casos de mutilação e tentativas de suicídio entre estudantes. As escolas devem notificar as suspeitas ao conselho tutelar, que vai auxiliar a família a buscar por ajuda médica e psicológica.
É crime incentivar o cutting
Pode soar surreal, mas o incentivo a se cortar ou ter pensamentos suicidas é incentivado em fóruns na internet. No fim de dezembro de 2019, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sancionou uma lei para endurecer a pena contra esse tipo de conduta. Quem incentiva ou dá assistência à automutilação ou suicídio pode ser preso de seis meses a dois anos. Caso a pessoa cometa o ato, a pena sobe de um a três anos na cadeia.
A pessoa está em sofrimento
Pode parecer óbvio, mas quem se corta está em sofrimento e precisa de atenção. O ato de ser cortar, aliás, é uma tentativa de aliviar a dor mental com a dor física. Mudanças de ambientes, grandes traumas, sintomas agudos da depressão e outros problemas de saúde mental, como ansiedade, podem impulsionar o cutting. A dor é tanta que é preciso se machucar.
Diálogo sempre
Em geral, os cortes são feitos em regiões cobertas por roupas. Nem sempre é possível vê-los, mas a própria natureza do ato indica um pedido por ajuda. É preciso levar alguém que diz se cortar a sério, ter paciência e oferecer saídas, como idas a um especialista em saúde mental (psicólogo, psicanalista) sem fazer uma pressão exagerada. Também é possível acionar uma rede de apoio, formada por amigos e familiares.
Fonte: psicóloga Ana Maria D'Alessandro de Camargo, pós-graduada em bioética e psicologia clínica. Ana Maria integra um grupo de especialistas que está criando uma cartilha de orientação a escolas no atendimento de casos de autolesão e suicídio
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