Roupa de usar em casa: como coronavírus vai fazer você investir em homewear
Mal acreditei na primeira vez que vi, em novembro do ano passado, que a Zara Home no Brasil, loja de decoração da Zara, tinha uma linha de roupas para ficar em casa. A arara da marca ostentava camisas, calças de linho, cardigãs e vestidos amplos. Peças que ficavam no meio do caminho entre o pijama e um look de fim de semana —arrumado, mas confortável— que saíam por cerca de R$ 150.
Foi o dia que descobri o homewear, tendência que, de acordo com especialistas, já bombava antes da disseminação do do novo coronavírus, e que deve surgir ainda mais forte após a pandemia.
Quando boa parte do mundo entrou em quarentena, começou a bombar nas redes sociais os looks de home office, compostos por moletom e pantufa. O povo das modas criou um Instagram, chamado "Working from Home" (trabalhando de casa), para compartilhar as produções, digamos, preguiçosas. Muito antes da crise de saúde, o teletrabalho estava se tornando parte da vida de uma parcela da população.
"As empresas vinham adotando o trabalho remoto como uma forma de baratear custos", fala Roze Motta, stylist e especialista em mercado da moda. E isso, claro, acaba refletindo na forma com que nos vestimos, já que a moda reflete o comportamento dos consumidores.
"Uma vez que as pessoas ficam mais em casa, elas começam a consumir mais roupas que são confortáveis, mas que também são arrumadas o bastante para aparecer em uma videoconferência ou sair de casa para resolver alguma tarefa", diz Roze.
O homewear não é exatamente novo. No fim dos anos 1990, ele começou a dar as caras em camisetas no estilo lingerie que surgiam por baixo de terninhos. "A Victoria's Secret, por exemplo, sempre teve camisetinhas que serviam para colocar por baixo de uma camisa transparente. A marca colocou, no entanto, enfeites, rendas, e ela ficou 'bonita' o bastante para se mostrar", afirma Renata Domingues Balbino Munhoz Soares, professora de direito da moda na Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo.
A tendência ganhou mais força na década passada, quando os millennials e os integrantes da geração Z ficaram adultos.
Segundo a especialista, o homewear veio para atender a esse público que já é muito mais familiarizado com o home office e que demanda praticidade no guarda-roupa.
"São pessoas que trabalham pelo mundo, em um mercado globalizado. Que podem não sair de casa para ir a um escritório, mas que não querem trabalhar de pijama. Eles querem estar confortáveis, mas sem precisar trocar de roupa se receberem uma visita."
Atualmente, quem quer comprar roupas para ficar em casa na Europa e nos Estados Unidos vai atrás de marcas como Uniqlo e Oysho, que apostam em peças básicas, em malha e linho. No Brasil, o homewear pode ser encontrado em etiquetas como a Básico, cujos looks sem estampas e em cores sóbrias podem ser um pijama ou uma combinação de escritório.
"Mas o estilo também tem aparecido em coleções cápsulas de marcas conceituadas. Um exemplo é a À La Garçonne, que apresentou, em seu último desfile, peças inspiradas em roupas para dormir e, inclusive, colocou travesseiros na passarela", complementa Renata.
Esse tipo de movimento deve se estender para um mundo pós-coronavírus, uma vez que analistas dizem que a pandemia deve popularizar o home office. Tirar o pijama e trocá-lo por uma peça para cumprir tarefas é importante também para a produtividade, diz Roze Motta.
"Precisamos nos vestir adequadamente inclusive no teletrabalho. Começar o dia com uma roupa diferente, limpa, ajuda a ativar a nossa mente e as coisas começam a fluir de uma maneira melhor. Então vista-se para trabalhar em casa, isso é muito importante."
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