Após pressão, Irlanda do Norte começa a oferecer serviço de aborto legal
Legalizado desde outubro de 2019 pelo parlamento, o aborto legal até a 12ª semana de gestação passa, agora, a ser oficialmente oferecido pelo governo da Irlanda do Norte às cidadãs do país.
O serviço já devia estar em vigor desde 31 de março, como estabelecido pela legislação formulada no começo do ano. Mas o departamento de saúde do país decidiu adiar a data, usando como o argumento o surto de covid-19 — chegaram a ser criticados por usarem a crise do novo coronavírus para esconder posições ideológicas contrárias ao aborto.
Grupos em favor dos direitos das mulheres no país se manifestaram, na última semana, para pressionar o governo a autorizar o serviço. Ameaçaram, inclusive, levar ações à Justiça, uma vez que a interrupção gratuita da gravidez já deveria ter entrado em vigor.
Diante da pressão, o Departamento de Saúde se pronunciou na quinta-feira (9) autorizando médicos de hospitais e de clínicas a realizarem a prática.
"Isso impedirá que centenas de mulheres grávidas tenham que viajar desnecessariamente para clínicas na Inglaterra, colocando-se em risco ", afirmou Emma Campbell, copresidente do grupo de direitos reprodutivos da Alliance for Choice (em portguês, Aliança pela Escolha), segundo o jornal americano New York Times. "Queremos agradecer às pessoas que se dedicaram a essa causa e honrar aqueles que nunca receberam o apoio de nosso sistema de saúde".
Ainda segundo o NYT, agora os grupos de direitos das mulheres pedem às autoridades que autorizem a prática de abortos por telemedicina, que começaram a funcionar no Reino Unido recentemente. Isso faria com que a medicação para interromper a gravidez fosse administrada pela própria paciente, em casa, após uma consulta remota com um médico.
"A prática tem se provado segura e eficaz", afirmou ao jornal a ativista pelos direitos reprodutivos Hazal Atay. "As restrições legais na Irlanda do Norte impedem sua aplicação e privam mulheres ao acesso ao aborto seguro", disse ela.
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