Ela ensina a fazer máscaras lúdicas para crianças usarem contra a Covid-19
Se com a chegada do novo coronavírus ao Brasil o Ministério da Saúde indicava o uso de máscaras apenas para quem apresentava sintomas de gripe e profissionais de saúde, de alguns dias para cá o pedido é para que todos utilizem esses acessórios ao sair de casa — inclusive crianças a partir de 3 anos.
Em São Paulo, a comerciante Rita Vloet Rocha, de 63 anos, decidiu confeccionar esses acessórios para os dois netos, de 3 e 6 anos, usarem na presença dos pais, mas com crochê, que, segundo ela, permite criar uma infinidade de modelos — de super-heróis a bichinhos e personagens de desenhos animados. A peça fez sucesso e ela começou a ensinar como fazê-la por meio de lives.
Por que criança tem que usar máscara?
O médico Edimilson Migowski, infectologista da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), afirma que usar máscaras funciona para minimizar a contaminação de pessoas e ambientes por transmissores assintomáticos da doença, principalmente em momentos de aglomerações.
"Em se tratando das crianças, elas podem fazer isso mais facilmente, por serem potenciais carregadores do vírus, adoecerem com mais frequência e não terem ainda uma boa higiene ou etiqueta na hora de tossir e espirrar", explica. "Por isso, com supervisão dos pais, acho que devem usar máscaras caseiras — que, se forem lúdicas, podem despertar nelas o interesse de uso."
Porém, ele alerta: bebês, crianças menores de 2 anos e mesmo aquelas que não conseguem remover a máscara sozinhas, sem a ajuda de um adulto, não devem usar, por aumentar o risco de asfixia.
Netos aprovaram iniciativa
Dona de uma loja de artesanatos, a Ritts Bordados, Rita Vloet Rocha explica que teve a ideia de fazer as máscaras logo que as medidas de isolamento social entraram em vigor no seu estado, no dia 24 de março.
No lado interno dela, seguindo as recomendações médicas de que máscara precisa ser dupla face, Rita aplica uma camada de tricoline (tecido usado em camisaria) ou TNT, para aumentar a proteção, não coçar e evitar o espalhamento de gotículas por tosse ou espirros.
"Como estou em pós-operatório e faço parte do grupo de risco da Covid-19 pela idade e por ser diabética e hipertensa, resolvi confeccionar as máscaras para uso próprio, para quando fosse extremamente necessário sair de casa, pois não tinha nenhuma", conta.
Ela gostou do resultado e decidiu também testar versões para crianças, público que conhece bem não só por ser avó, mas por ter atuado por anos como professora primária. Com alguns modelos prontos, ela então mostrou para os netos via celular, para saber se aprovariam ou não. Eles adoraram.
Videoaulas para confecção
Por enquanto, por morarem em cidades diferentes, só um deles recebeu a encomenda enviada por Rita, que percebeu também que poderia compartilhar sua iniciativa, por meio de lives, nas redes sociais, como já fazia com outras peças de crochê.
"Como minha loja está funcionando apenas com serviço via delivery, aproveito que estou em casa para fazer videoaulas. Já fiz mais de dez desse tipo, com o objetivo de contribuir de alguma maneira e também preencher meu tempo. O retorno dessa experiência tem dado muito certo, pois adoro ensinar, me comunicar e me sinto útil e menos ansiosa", revela.
Reflexos na renda e na conscientização
As ministrações da comerciante duram aproximadamente 1 hora e ocorrem às 16 horas, de segunda à sexta, na página da loja no Facebook. Chamadas prévias, que funcionam como lembretes, também são disparadas diariamente no Instagram e no perfil pessoal de Rita, que tem ainda um canal no YouTube e disponibiliza tanto os vídeos salvos como as receitas das peças. Juntas, suas redes hoje ultrapassam 7 mil seguidores e o número só vem aumentando.
"A maioria dos perfis que me seguem na internet é do sexo feminino. São mulheres que estão em atividade ou não e que têm o artesanato como hobby, mas também fonte de renda extra, principalmente em momentos de crise, como o de agora", afirma. "Para ajudar nas despesas delas, tenho ensinado peças rápidas, econômicas e que sejam fáceis de fazer e vender".
Sobre as máscaras infantis, Rita informa que, dependendo dos materiais e detalhes que as incrementam, podem ser vendidas de R$ 12 a R$ 18. Acrescenta também que, por causa delas, tem sido marcada em muitas postagens e recebido fotos de crianças usando as peças de forma espontânea.
"Pelo tanto de carinho e agradecimento que recebo, acho que não só quem faz as máscaras para vender, como mães, avós e tias têm se beneficiado, porque às vezes é difícil fazer os pequenos usarem algo que não estão acostumados, assim eles levam na brincadeira".
Tricô também pode ser usado
As máscaras também podem ser feitas de tricô. Rita explica que a diferença entre esta técnica e o crochê está no ponto, que é determinado pelo tipo e quantidade de agulhas específicas. Enquanto o crochê requer apenas uma agulha, no tricô utilizam-se duas. Mas independentemente da escolha, é possível fazer as duas versões com linhas de algodão, para ficarem mais fresquinhas nos dias ensolarados, ou lã, que funciona como uma barreira que aquece o rosto no clima frio.
Lembre-se de tirar as medidas do rosto da criança antes de confeccionar a máscara, para que ela cubra totalmente a boca e o nariz e fique bem ajustada, sem deixar espaços nas laterais — mas também sem ficar muito apertada para não sufocar ou prejudicar a respiração. E mais uma informação importante: ela não pode ser compartilhada. Cada um precisa ter a sua.
Para evitar brigas, o jeito é confeccionar modelos iguais ou que atendam às preferências de cada criança. Tenha também pelo menos uma de reserva, que deve ser mantida dentro de um saco plástico limpo e só para ela. E, ao sair de casa, leve uma sacola para ter onde guardar a primeira máscara quando sujar e precisar trocar.
O infectologista Edimilson Migowski adverte que as máscaras devem ser trocadas a cada duas horas, ou até antes, se ficarem umedecidas.
Como limpar
"A higienização delas é outro ponto importante e para eliminar qualquer vestígio de vírus pode ser feita simplesmente com água e sabão", diz o médico. "O mesmo vale para as mãos, com os mesmos produtos, após retirada da máscara pelas alças ou elásticos que prendem nas orelhas", explica.
Como as que são feitas de crochê e tricô são delicadas, para que durem mais e mantenham o bom estado, Rita aconselha lavá-las à mão, na torneira ou no banho. "Se preferir lavar na máquina é preciso colocar a peça dentro de um saquinho de tecido próprio para roupas delicadas. Depois é colocá-las para secar — e isso acontece rapidinho."
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