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Após protestos, equipes de parto humanizado são liberadas em hospital de SP

Gestantes e profissionais do parto humanizado criticaram maternidade em SP que teria barrado entrada de doulas - Divulgação
Gestantes e profissionais do parto humanizado criticaram maternidade em SP que teria barrado entrada de doulas Imagem: Divulgação

Marcos Candido e Luiza Souto

De Universa

17/04/2020 13h16

O hospital e maternidade Sepaco, em São Paulo, voltou atrás nesta quinta (17) da decisão de barrar equipes externas após gestantes e doulas acusarem a instituição de proibir a entrada de profissionais de parto humanizado. Segundo os grupos, mesmo doulas cadastradas foram barradas nas últimas duas semanas.

Para conter a pandemia do novo coronavírus, as maternidades em São Paulo diminuíram o número de profissionais externos que podem realizar a assistência. A recomendação das maternidades paulistanas é que os profissionais das próprias instituições, que já estão no hospital de plantão, façam a assistência ao parto junto ao profissional escolhido pela gestante.

Enquanto outras maternidades na capital só restringiram o tamanho das equipes externas, a obstetriz Ana Cristina Duarte, do Coletivo Nascer, afirma que o Sepaco impediu completamente o acesso de doulas e de profissionais externos — o que dificulta quem optou pelo parto humanizado. Nas redes sociais houve protesto de gestantes e obstetras."Ficou claro na comunicação que não tinha correlação com a pandemia, mas sim uma "reorganização estratégica" da instituição. Essa foi a medida contestada pelas mulheres e pelas profissionais"

Em condições habituais, as gestantes podem contratar uma equipe externa para acompanhá-la durante a assistência ao parto humanizado. São contratados médicos, uma enfermeira obstetra, uma doula e outros profissionais, como anestesista e fotógrafo.

Os partos desse tipo utilizam a estrutura de hospitais, onde médicos do plantão das instituições podem ou não ser acionadas..

"As equipes externas têm menor exposição a quantidade grande de clientes, e estão menos sujeitas a estarem contaminadas porque de fato estão muito menos expostas em comparação com a equipe interna do hospital. Isso também protege a mulher de ser contaminada pelo quadro de funcionários do próprio hospital", defende Ana Cristina.

Em nota, o Sepaco afirma que as doulas, profissionais de saúde externos e acompanhantes podem entrar normalmente nas dependências do hospital. A recomendação é apenas ter equipes externas menores.

"O que priorizamos é a redução de riscos para gestante e seu bebê neste cenário do Covid19. As medidas preventivas podem ser intensificadas ou flexibilizadas conforme a evolução da pandemia. O Hospital Sepaco permite a atuação de profissionais devidamente habilitados e credenciados na instituição", afirma a instituição.

Outras instituições

Tradicionais no atendimento ao parto humanizado, o hospital e maternidade São Luiz e a Casa Ângela também anunciaram mudanças durante o período de isolamento social contra o novo coronavírus.

No São Luiz, a gestante tem direito à entrada de um profissional da saúde e um acompanhante, ou de um acompanhante e da doula cadastradas, simultaneamente durante o parto. Não entram quem esteja em grupos vulneráveis ao vírus, como idosos e portadores de doenças crônicas ou com sintomas de gripe.

Em comunicado, a Casa Ângela afirma que a doula pode dar assistência ao parto quando o acompanhante não estiver presente. Todas as três maternidades particulares citadas na matéria proibiram o acesso de fotógrafos.

Na rede pública, a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo informa que o fluxo dentro das unidades foi diminuído. "Os serviços estaduais de saúde seguem todas as medidas de segurança recomendadas para prevenção da COVID-19, mantendo regular os atendimentos de obstetrícia - pré natal, assistência clínica, assistência ao parto e neonatal", conclui.