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Coronavírus: grávida e sem emprego no México, ela não sabe onde ter o bebê

Tanili e o companheiro Robert se mudaram para o México tentar dar uma vida melhor para o filho Zion - Aquivo pessoal
Tanili e o companheiro Robert se mudaram para o México tentar dar uma vida melhor para o filho Zion Imagem: Aquivo pessoal

Luiza Souto

De Universa

24/04/2020 04h00

Grávida do primeiro filho, a paulistana Tanili Monteiro, 31 anos, mudou-se para Cancún, no México, há três meses. Com seu companheiro, planejava dar uma vida melhor ao primogênito, que se chamará Zion.

O casal já tinha emprego garantido no setor de turismo, um dos mais afetados pela pandemia em decorrência do novo coronavírus. Agora, sem trabalho e sem ter como pagar o parto da criança, que deve nascer até o início de junho, ela conta apenas com a solidariedade de amigos e da família, que ficou no Brasil.

"Com 33 semanas de gravidez, e essa pandemia, não tenho nem como voltar para o Brasil agora", ela atenta. A recomendação de algumas companhias aéreas é que a gestante não viaje a partir da 32ª semana.

Natural de Ferraz de Vasconcelos, na região metropolitana de São Paulo, Talini ganhava a vida com artesanato, enquanto o companheiro era motoboy. Uma amiga que mora em Cancún indicou os dois a algumas vagas no setor hoteleiro: ela cantaria num hotel enquanto ele faria serviço de call center, fechando pacotes de viagem, e ainda receberia comissão. Os dois morariam com essa amiga até arrumarem um canto.

Tudo mudou em questão de dias

Com tudo acertado, o casal seguiu para um dos principais destinos turísticos daquele país. Assim que chegou, Talini também encontrou uma parteira, para ter seu filho em casa, de forma natural. Até tudo mudar em questão de dias.

Com o isolamento social, o hotel onde ela já estava ensaiando para se apresentar fechou, e seu marido foi dispensado do serviço. Ele está recebendo metade do combinado, valor que não paga o aluguel. A parteira, que cobrou 23 mil pesos (cerca de R$ 5 mil reais), não aceitou renegociar o valor. Talini contava ganhar esse dinheiro para pagar o serviço.

"Mandei mensagem contando a minha situação e propondo que tentássemos negociar outro preço, que eu me viraria, mas ela não quis nem conversar", lamenta. "Aqui no México, pelo menos onde moramos, o hospital público não atende de graça, mas com seguro saúde, e o parto mais barato que encontrei custa 15 mil pesos (cerca de R$ 2 mil). Não temos nem cartão internacional. Ou seja, até agora eu não sei onde terei meu filho."

Com o valor que o companheiro ganha hoje, cerca de R$ 500, o casal teve que se mudar para conseguir pagar o aluguel. A dupla ainda não tem enxoval para a criança, e ela nem mesmo tem feito o pré-natal. Os dois estão vivendo da ajuda de amigos e da família, e recentemente abriram uma vaquinha virtual.

"Minha mãe era merendeira e meu pai é aposentado. Minha família está colaborando. Se essa quarentena continuar por muito tempo, vamos voltar assim que meu filho puder viajar. Mas não era essa a ideia."